Autores

Alves, P.R. (IF SERTÃO PE CAMPUS FLORESTA) ; Menezes, M.A.S.A. (EDUCANDÁRIO PEQUENO APRENDIZ) ; Sá, C.L.S.G. (IF SERTÃO PE CAMPUS FLORESTA)

Resumo

O ensino de química, na maioria das vezes, se faz de modo fragmentado das demais disciplinas, dificultando assim, o processo de ensino aprendizagem. Levando em conta o papel da interdisciplinaridade como agente de integração e interação de educadores, o presente trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de aulas motivadoras que contribuam na compreensão da Química no Ensino Fundamental. As atividades foram estruturadas em cinco momentos, onde possibilitaram a interação e participação dos alunos na construção do seu conhecimento e favoreceu a integração entre os conteúdos de química e história. Os resultados mostram que uma abordagem interdisciplinar favorece de forma positiva no processo de ensino aprendizagem.

Palavras chaves

ensino de química; interdisciplinaridades; bomba atômica

Introdução

A descoberta do nêutron, no ano de 1932, possibilitou a total mudança das metodologias utilizadas no estudo das propriedades do núcleo atômico. Nos anos 30 inúmeras descobertas revelaram aspectos inesperados em relação ao núcleo do átomo. Os cientistas descobriram que ao bombardear o núcleo de um átomo poderiam criar uma reação em cadeia, possibilitando a geração de grandes quantidades de energia e que, se ela ocorresse de forma descontrolada, provocaria uma gigantesca explosão em uma fração de segundos. Surge então uma nova arma, de altíssimo poder destrutivo, que em fração de segundos pode aniquilar milhares de pessoas, a bomba atômica. Abordagens relacionadas à bomba atômica não é muito discutida nas salas de aula, desta forma, foi proposto um trabalho interdisciplinar envolvendo as disciplinas de Química e História, onde os alunos puderam entender que os fatos históricos relacionados à fabricação da bomba atômica está estreitamente ligado ao campo da Química. Na concepção de Japiassu (1976), a interdisciplinaridade exige uma reflexão profunda e inovadora sobre o conhecimento, que demonstra a insatisfação com o saber fragmentado que está posto. Portanto, uma abordagem interdisciplinar interliga as brechas existentes na educação, favorecendo o processo de ensino aprendizagem. Este trabalho foi desenvolvido no primeiro semestre letivo de 2015, na escola da rede privada, Educandário Pequeno Aprendiz, onde no campo da Química, foram trabalhados os assuntos sobre a estrutura do átomo e a evolução dos modelos atômicos. Já no campo da História, o assunto trabalhado foi a Segunda Guerra Mundial.

Material e métodos

Esse trabalho foi desenvolvido no Educandário Pequeno Aprendiz, escola da rede privada, com alunos do 9º ano do ensino fundamental. Antes das temáticas serem apresentadas aos alunos, houve a fase do planejamento entre os professores de Química e História. No primeiro momento pedagógico, foi exibido um documentário: Hiroshima: o dia seguinte, e reportagens relacionadas ao assunto. Já no segundo momento pedagógico, os conceitos científicos foram explanados de forma expositiva para melhor compreensão dos temas. Ainda nessa fase, como nas demais, houve interação entre os dois campos do conhecimento, os professores de Química e História apresentavam os temas de forma alternada para melhor assimilação dos conteúdos. A aplicação do conhecimento ocorreu em três etapas. A primeira, realização de uma oficina, com a produção de maquetes. A turma de 11 alunos foi dividida em quatro duplas e um trio, onde as duplas ficaram responsáveis para confecção dos modelos atômicos de Dalton, Thomson, Rutherford e Bohr, e o trio para a construção da bomba atômica. Para a produção das maquetes, as duplas receberam arame, palito de churrasco, cola, tinta guache e bolinhas de isopor, já o trio recebeu palitos de dente, cola, porta garrafa de isopor, tinta guache e placa de isopor, os quais teriam que usar a criatividade para produzir os modelos atômicos e a bomba. Finalizada a produção das maquetes, os alunos teriam que apresentá-las para os colegas. Na segunda etapa, os alunos ainda em duplas e trio, produziram pôsteres a partir de revistas e jornais para recorte, além de figuras e textos impressos de páginas da internet, com temas relacionados à Segunda Guerra Mundial. Por fim, na terceira etapa os participantes divulgaram as oficinas expondo as maquetes e pôsteres em locais estratégico.

Resultado e discussão

A partir do documentário e reportagens, os professores conduziram um debate com os alunos e foi perguntado se eles conseguiam estabelecer uma relação entre a química e a história diante dos temas propostos nos vídeos, 7 estudantes (63,6% dos alunos) responderam que não. Algumas respostas foram: “Não. Porque são disciplinas totalmente diferentes”; “Não. Pois essas disciplinas tratam de temas diferentes”. No momento das aulas expositivas, os docentes de Química e História exploraram os conteúdos de forma alternada para melhor compreensão dos assuntos. Ao término dessa fase os alunos puderam expor suas opiniões sobre essa abordagem interdisciplinar: “Realmente essas disciplinas se relacionam”. Na etapa seguinte os alunos expuseram seus conhecimentos teóricos através de maquetes e pôsteres. Ao logo das exposições era notória a segurança e o desempenho dos alunos ao explicarem os conteúdos. Deste modo, a produção das maquetes e pôsteres evidenciou a compreensão dos alunos diante dos temas propostos. Portanto ficou demonstrado que essas ferramentas favoreceram na exposição e na organização dos conceitos abordados. Ao término do trabalho foi perguntado novamente aos alunos se eles conseguiam estabelecer uma relação entre a química e a história diante dos temas propostos. Todos os alunos disseram que sim. “Sim. Pude entender os motivos históricos que levou a construção da bomba atômica”; “Sim, porque a história conta os motivos da construção da bomba atômica e a química demonstra como ela funciona”. Ao comparar as respostas dos questionários inicial e final foi possível constatar uma evolução no conhecimento dos alunos. Enfim, consideramos que a atividade foi fundamental na promoção de alunos capazes de construir seu conhecimento através de um dialogo entre as ciências.

Conclusões

As atividades realizadas atingiram os objetivos propostos, pois foi notória a interação e satisfação da turma diante das oficinas e apresentações dos conteúdos. No entanto, diante do exposto, percebeu-se que o conhecimento no Ensino Fundamental ainda é muito fragmentado e se faz necessário a aplicação de intervenções interdisciplinares que possam unir os eixos da educação. Apor fim, as atividades foram gratificantes para processo de ensino-aprendizagem, pois proporcionaram uma oportunidade de reflexão sobre a interação da Química com a História.

Agradecimentos

Ao autor da vida, Deus.

Referências

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