Autores
Silva, D.C. (IFMA- CAMPUS CAXIAS) ; Oliveira, R.M. (IFMA- CAMPUS CAXIAS) ; Silva, F.S. (IFMA- CAMPUS CAXIAS) ; Azevedo, N.F.S. (IFMA- CAMPUS CAXIAS) ; Silva, D.A. (IFMA- CAMPUS CAXIAS) ; Soares, C.R.G. (IFMA- CAMPUS CAXIAS)
Resumo
Este trabalho apresenta uma tecnologia desenvolvida com materiais de fácil acesso, para o ensino de química voltado para alunos com necessidades específicas visuais. O material, confeccionado utilizando peças de madeira, ímãs e miçangas para a identificação dos símbolos em Braille, foi testado com alunos cegos do ensino médio do Instituto Federal do Maranhão – campus Caxias para verificar a viabilização do recurso pedagógico como instrumento viabilizador do ensino-aprendizagem. Os discentes apresentaram facilidade de manipulação do material e identificação dos elementos químicos. A utilização de materiais pedagógicos alternativos possibilita que os professores proponham desafios aos alunos, estimulando-os assim a conhecer os elementos químicos e a formar moléculas.
Palavras chaves
elementos químicos; educação inclusiva; ensino-aprendizagem
Introdução
De acordo a lei de diretrizes e bases da educação pública (LDB) de 1996, os alunos com necessidades especiais devem frequentar a classe regular de ensino, para que todos os alunos possam conviver com a diversidade. Porém, os professores têm enfrentado dificuldades para ensinar esses alunos, por não conhecerem as especificidades relacionadas com o ensino de cegos, já que o ensino da Química é uma ciência profundamente relacionada às representações e visualização, tanto em aulas práticas quanto em teóricas. Para Camargo (2001), apesar da audição, tato e olfato serem de grande importância para a observação e compreensão do mundo físico, é a visão que tende a dominar toda e qualquer atividade que se realize no ambiente escolar, mostrando sua importância no ensino e na aprendizagem. É o sentido visão que permite que o aluno perceba fatos próximos e distantes e assim possibilita que a partir desse sentido, organize as informações advindas dos outros sentidos, permitindo sua comunicação com o meio em que vive (Gil, 2000). De acordo com Benite, Benite e Pereira (2011), um dos métodos alternativos seria utilizar figuras e desenhos em alto relevo para privilegiar a representação visual nas explicações e também em exercícios, através de cartazes, histórias em quadrinhos e quebra-cabeças. Tendo em vista que os recursos didáticos para deficientes visuais no ensino de química são escassos, o objetivo deste trabalho foi confeccionar um material pedagógico de fácil manuseio e aquisição para facilitar a aquisição de conhecimentos por parte dos alunos cegos no ensino de Química e auxiliar os professores a ministrar os conteúdos de uma forma dinâmica, que favoreça o ensino-aprendizagem.
Material e métodos
Para a confecção do material didático pedagógico, inicialmente foi feito o uso de uma placa de alumínio, E.V.A., e imãs. A placa de alumínio (com dimensões de 40 cm × 70 cm) foi usada para ficar colocada na parede, e os imãs, depois de cortados em pequenos pedaços, foram colados atrás dos elementos, ligações de hidrogênio e elétrons, feitos em E.V.A. A primeira versão do recurso pedagógico foi realizada em um curto intervalo de tempo, pois a placa de metal, os imãs e o E.V.A. são materiais de fácil e baixo custo. O tempo transcorrido para a produção do recurso foi em torno de 4 horas, demonstrando, assim que os professores de química podem fazer uso do mesmo de maneira fácil e com pouco recurso financeiro. O material foi apresentado aos alunos com necessidades específicas visuais para teste piloto. Os discentes sugeriram algumas adptações, que foram realizadas para aperfeiçoar o recurso didático. Na segunda versão, as letras que representam os símbolos químicos, escritas anteriormente em E.V.A, foram substituídas por madeira, acrescentando-se miçangas para escrita dos símbolos em Braille, uma vez que este material, em sua composição, já está em alto relevo. A versão final do material pedagógico foi construída no período de dois meses. O material foi elaborado para ser trabalhado com alunos cegos do Ensino Médio, e pode ser de fundamental importância na motivação do ensino da química. O recurso possibilita ao professor trabalhar na construção de moléculas e cadeias carbônicas, para realizar a explicação de temas como cadeias insaturadas, cíclicas, policíclicas ramificações e diferenciação entre fórmulas moleculares e estruturais.
Resultado e discussão
Na apresentação da versão final do recurso adaptado, observou-se que o aluno
cego conseguiu construir as fórmulas espaciais e moleculares das substâncias
químicas mais comuns do nosso dia-a-dia, como por exemplo, a água e a
amônia. Vale ressaltar que os símbolos em Braille, grafado nas letras, com
utilização das miçangas, foram de fundamental importância para a
identificação dos símbolos.
Pode-se constatar, ainda, que o discente teve facilidade na compreensão das
fórmulas e ligações que lhes foram propostas, demonstrando que o recurso
poderia ser uma alternativa viável para uso em sala de aula, pois
facilitaria a construção mental das imagens moleculares.
Conclusões
A utilização de recursos pedagógicos adaptados para o ensino da química voltados para pessoas com necessidades específicas visuais especiais é um instrumento viabilizador do ensino-aprendizagem, uma vez que favorece a assimilação mental de conteúdos rotulados como abstratos. A utilização desse recurso nas aulas de química facilitará o aprendizado do aluno cego, além de ser uma ferramenta metodológica dinâmica para o professor. Entretanto, é imprescindível a mediação do professor na manipulação do material, garantindo assim que o processo ensino-aprendizagem ocorra de maneira eficaz.
Agradecimentos
A profª Cecília Regina Galdino Soares, aos alunos participantes e ao IFMA - Campus Caxias.
Referências
BENITE, Cláudio R.; BENITE, A.M.C.; PEREIRA, L.L.S- Aula de química e surdez: sobre interações pedagógicas mediadas pela visão. Química nova na escola, vol 33, n 1, fev 2011, páginas 47 a 56.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB Lei Nº 9394/ 96.
CAMARGO, E. P. Ensino de física e deficiência visual: dez anos de investigações no Brasil. São Paulo: Plêide; FAPESP, 2008.
GIL, M. (org.). Deficiência visual. Brasília: MEC. Secretaria de Educação e Distância, 2000.