Autores

Santos, E.M.S. (UFRB) ; Watanabe, Y.N. (UFRB) ; Silva, V.C.S. (UFRB) ; Oliveira, M.B. (UFRB) ; Andrade, T.F. (UFRB)

Resumo

Neste trabalho é discutido o Role Playing Game (RPG) como uma ferramenta lúdico-didática com um viés interdisciplinar. Durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2014 foi desenvolvido no Centro de Formação de Professores da UFRB um minicurso sobre RPG, ao final do qual foi aplicado um questionário com 10 questões objetivas para avaliar as concepções dos participantes sobre o jogo e suas aplicações no ensino. Analisando os resultados da pesquisa a respeito do RPG, constatou-se que o Role Playing Game é uma ferramenta facilitadora, que possibilita a motivação e a interdisciplinaridade. Logo, este estudo pode auxiliar na elaboração e novas metodologias alternativas que buscam motivação, ludicidade, interdisciplinaridade em uma nova forma de ensino.

Palavras chaves

RPG; INTERDISCIPLINARIDADE; MOTIVAÇÃO

Introdução

Os jogos em geral demoraram para serem vistos como atividades com potencial educacional intrínseco. Isto se deve ao fato de que jogar é uma atividade de divertimento que proporciona prazer, e isso era atrelado a desatenção, perda de tempo, além de não caber nos espaços de educação formal. Cortez (1996) aponta que a escola que ressalta apenas o saber intelectual sem dar importância ao lúdico torna a educação desinteressante para a formação e desenvolvimento do educando. Através destas atividades pode-se motivar, sociabilizar e auxiliar os processos criativos e cognitivos, de maneira divertida e aprofundada. Um jogo extremamente útil para educação seria o Role Playing Game, que em livre tradução significa jogo de interpretação de papeis, uma vez que, quando utilizado como ferramenta didática, enquadra-se na teoria sociointeracionista de Vigotsky, pois em uma partida há uma interação direta entre sujeitos de desenvolvimentos cognitivos diferentes. Para Rabello (2010) neste modelo, o sujeito é visto como ser pensante e o processo de ensino-aprendizagem envolve diretamente a interação entre sujeitos, isto pode se configurar como a Zona de Desenvolvimento Proximal uma vez que existe a necessidade de alguém mais experiente, neste caso o professor/mediador, com vistas a ajudar os educandos a solucionar um problema. Através de simulações narrativas, o docente pode mediar aluno e mundo através das aventuras de RPG, utilizando-o para propiciar aos participantes uma visão de mundo imaginativo, que possibilita ao docente desenvolver a interdisciplinaridade promovendo a formação integral na perspectiva da totalidade, dando vazão ao pensamento crítico, inspirando discussões que levam ao aprofundamento da compreensão. (Follari, 1995. Apud De Campos, 1998).

Material e métodos

Durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2014 foi desenvolvido no Centro de Formação de Professores da UFRB um minicurso para demonstrar as potencialidades lúdicas e interdisciplinares do RPG como metodologia de ensino, para professores da educação básica e alunos das licenciaturas. O minicurso foi dividido em duas etapas. Na primeira etapa foram explicadas as regras do jogo, como a criação dos personagens, ações permitidas, dinâmica, seguindo como referencial o sistema de RPG Old Dragon. A segunda etapa foi a descrição narrativa, e o próprio jogo. Durante a narrativa, as personagens foram induzidas a diferentes situações problema utilizando a interdisciplinaridade como base para o desenvolvimento da história. Incorporou-se ao jogo conteúdos de diferentes áreas através da narrativa, como, equação do 1º grau, princípio do braço de alavanca de Arquimedes, ponte salina, paradoxo socrático e história literária. Para desenvolvimento do jogo foram inseridos elementos afetivos à partida, como um personagem com intuito de criar vínculos com os jogadores para guia- los, fazendo-os confrontar as situações problemas a serem solucionadas. Este personagem foi controlado pelo ministrante da aventura, com a finalidade de mediar às situações introduzindo conceitos e explicando-os durante o jogo.

Resultado e discussão

Para analisar as concepções dos participantes a respeito do RPG foi aplicado um questionário com 10 questões objetivas no qual as repostas se resumem a sim e não. Primeiramente foi perguntado se eles conseguiram entender os conteúdos abordados na partida, já que a proposta do RPG neste minicurso era interdisciplinar, e todos afirmaram que compreenderam os conteúdos com facilidade. Todavia quando indagados se utilizariam o RPG como ferramenta didática quanto docentes, a grande maioria explanou que sim, mas 1 dos participantes relatou que não usaria. Segundo ele: “Quando um professor propõe algo a turma, ele deve ter domínio sobre aquela ferramenta, e eu não tenho prática com o RPG, talvez se jogasse mais poderia utilizá-lo..” Os participantes foram indagados também, se gostariam que esta proposta metodológica fosse utilizada por seus professores como uma forma alternativa de ensino, e mais uma vez foram unânimes em responder que sim. Mas, quando perguntados se eles se sentiriam mais motivados a estudar se a metodologia envolvesse a participação em uma partida de RPG, um dos presentes respondeu que não. Para Guimarães (2007) citado por Afonso Lourenço (2010, p.132), no contexto educacional, motivar os alunos é um desafio que devemos confrontar, pois tem implicações diretas na qualidade da aprendizagem. O aluno motivado procura novos conhecimentos e oportunidades, demonstrando os processos de aprendizagem, participando das tarefas com entusiasmo e disposição.

Gráfico 1 e 2.

Porcentagem dos participantes que já haviam jogado RPG, e o utilizariam como ferramenta didática.

Gráfico 3 e 4.

Porcentagem dos participantes que pretendem continuar jogando RPG e se sentiram mais motivados por conta desta metodologia.

Conclusões

A motivação está relacionada diretamente ao aprendizado. Porém, para que esse aprendizado aconteça é necessário que o aluno receba estímulos (Alves, 2013). E assim como a motivação o professor precisa compreender a interdisciplinaridade, e entender que ele precisa apropriar-se também das múltiplas relações conceituais que sua área de formação estabelece com as outras ciências, cabendo ao educador desenvolver métodos e processos verdadeiramente produtivos para essas relações interdisciplinares (Da Silva Thiesen, 2008), como por exemplo, o Role Playing Game.

Agradecimentos

PROEXT/MEC-SESu; PROEXT/UFRB

Referências

AFONSO LOURENÇO, A.; ALMEIDA DE PAIVA, M. O. A motivação escolar e o processo de aprendizagem. Ciências & Cognição, v. 15, n. 2, p. 132-141, 2010.

ALVES, I.D.S. Motivação no Contexto Escolar: Novos Olhares. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Pedagogia). Faculdade Capixaba do Serra: VIX Curso de Pedagogia. 2013

CORTEZ, R. N. C.; Sonhando com a magia dos jogos cooperativos na escola. Motriz, v. 2, n. 1, p. 1-9, 1996

DA SILVA THIESEN, J. A interdisciplinaridade como um movimento articulador no processo ensino-aprendizagem. Revista Brasileira de Educação, v. 13, n. 39, p. 545, 2008.

DE CAMPOS PIRES, M. F.; Multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade no ensino. Interface – Comunicação, Saúde, Educação. p 177. Fevereiro; 1998;

MORAES, C. R.; VARELA, S. Motivação do aluno durante o processo de ensino-aprendizagem. Revista Eletrônica de Educação, v. 1, n. 1, p. 1-15, 2007.

RABELLO, E.T. e PASSOS, J. S. Vygotsky e o desenvolvimento humano. Disponível em <http://www.josesilveira.com> no dia 12 de maio de 2015.