Autores
Regina Galdino Soares, C. (IFMA) ; Oliveira Chaves, L. (IFMA) ; da Silva Pereira, J.S.P. (IFMA) ; Evellyn Ferreira Souza Santos, D.E.F.S.S. (IFMA) ; da Silva Lima Sousa, F.S.L.S. (IFMA) ; Neude Alves da Silva Araújo, A.N.A.S.A. (IFMA)
Resumo
Talvez em nenhuma outra forma de educação os recursos didáticos assumam tanta importância como na educação inclusiva de pessoas deficientes visuais. A educação inclusiva não é apenas aquela que insere alunos deficientes em sala de aula regular, e sim uma educação capaz de propiciar o mesmo desenvolvimento na aprendizagem com relação os alunos normovisuais e cegos. Os alunos com deficiência visual, cegos ou com visão subnormal, compõem um grupo que necessita de recursos didáticos e adaptações curriculares específicos para que possam participar ativamente do processo de ensino e aprendizagem. O presente trabalho tem como objetivo confeccionar uma tabela periódica em braile em alto relevo como instrumento alternativo facilitador do ensino da química para alunos com cegueira.
Palavras chaves
edudação inclusiva; deficientes visuais; tabela periódica
Introdução
Os conhecimentos adquiridos pelos alunos com necessidades específicas, entre eles, a pessoa com cegueira, deverão ser idênticos e com o mesmo grau de exigência dos alunos ditos “normais”. Mas o que tem se observado na prática do cotidiano escolar é que o repasse de conteúdos para os alunos cegos pouco contempla suas necessidades específicas, quer seja com a utilização de material didático inadequado para o aprendizado, em matérias como química e física, por exemplo. Estes alunos, muitas vezes, passam para a série seguinte sem que tenham absorvido os conteúdos ministrados. A educação inclusiva não é apenas aquela que insere alunos deficientes em sala de aula regular, e sim uma educação capaz de propiciar aprendizagem a alunos em diferentes situações físicas e mentais. Com este intuito foram pensadas as tecnologias assistivas, ferramenta que tem o objetivo auxiliar professores e alunos para favorecer o ensino-aprendizagem. Segundo Cerqueira, Ferreira, (1996), talvez em nenhuma outra forma de educação os recursos didáticos assumam tanta importância como na educação inclusiva de pessoas deficientes visuais. Desta forma, entende-se que o manuseio de diferentes materiais possibilita o treinamento da percepção tátil, facilitando a discriminação de detalhes e suscitando a realização de movimentos delicados com os dedos. Dentro desse contexto, o presente trabalho tem como objetivo introduzir conhecimentos que possam fundamentar os professores na reorientação das suas práticas educativas em sala de aula no ensino da química e desenvolver a aprendizagem participativa e colaborativa, necessária para que possam ocorrer mudanças no ensino aprendizagem de pessoas com cegueira.
Material e métodos
O presente estudo é uma produção e adaptação de material pedagógico para o ensino de química voltado a alunos com necessidades específicas visuais, elaborado durante a disciplina de educação inclusiva I. Os procedimentos metodológicos seguem as diretrizes das tecnologias assistivas educacionais e seguiu os seguintes percursos metodológicos: a) Elaboração de um questionário de sondagem de dificuldades apontadas por alunos cegos nos conteúdos de química; b) Aplicação do questionário com alunos cegos na Escola Municipal Presidente John Kennedy Caxias- MA; c) Análise do questionário para sondagem das dificuldades encontradas pelo aluno na disciplina de química; d) Escolha de materiais acessíveis e de baixo custo para confecção do recurso pedagógico: isopor, T.N.T, E.V.A, papel cartão, cola de isopor, alfinete de cabeça redonda, estilete, tesoura, pinceis; e) Confecção do recurso pedagógico intitulado “Tabela Periódica em braile e alto relevo” para o auxílio de práticas educacionais no ensino de química para cegos; f) Apresentação da Tabela Periódica adaptada aos alunos cegos para manuseio, avaliação do recurso e sugestões; g) Apresentação do recurso pedagógico aos professores da área de educação e química do Instituto Federal do Maranhão – IFMA campus Caxias para avaliação.
Resultado e discussão
A tabela periódica foi o conteúdo relacionado à química apontado pelos
alunos de maior dificuldade de assimilação. O recurso didático intitulado
“Tabela Periódica em Braile em Alto Relevo” foi aprovada tanto pelos
professores como recurso didático adaptado, como pelos alunos cegos, que
demonstraram interesse em manipular o material apresentado. Houve uma
facilidade, por parte dos discentes, em associar ler os nomes dos elementos
químicos, associando-os aos símbolos que os representava.
Os resultados evidenciam que não é necessária uma tecnologia educativa
complexa para otimizar os resultados de ensino aprendizagem em química para
cegos. Com materiais de fácil acesso e baixo custo, é possível produzir
recursos pedagógicos que auxiliem o aluno cego a apreender conteúdos
repassados na sala de aula.
Moran (2009) considera importante o professor diversificar as suas aulas, e
menciona que o mesmo tem um leque de opções metodológicas, ou seja, possui
inúmeras possibilidades de organizar sua comunicação com os alunos, e cabe a
ele, em sua prática docente, encontrar uma forma mais adequada de interagir
os recursos tecnológicos com os muitos procedimentos metodológico, adequando
a realidade e necessidade de sua turma.
Os avanços na efetivação da inclusão de pessoas com necessidades específicas
no ensino são evidentes. No entanto, ainda há um largo caminho a percorrer
até adaptação da escola às políticas de inclusão, sobretudo no tocante às
disciplinas tidas no meio educacional como “abstratas”, como a química. O
que se percebe é que os docentes das áreas de exatas ainda precisam aprender
a “incluir” e não apenas segregar o aluno na sala, e a inovação metodológica
educacional é o caminho viável para a promoção da inclusão e aprendizagem
efetiva do aluno especial.
Conclusões
O projeto a tabela periódica em braile em alto relevo apresentou resultados confiáveis e motivadores. Esse novo material didático trouxe uma melhor compreensão dos conteúdos, com liberdade para estudar a qualquer hora e lugar, não dependendo o tempo todo de ledores (pessoas que leem para os cegos). A troca de experiências e informações ajuda a compreender as necessidades que pessoas cegas tem com relação a assimilação de conteúdos de química. O trabalho contribuiu, ainda, para ampliar uma visão sobre as dificuldades de pessoas cegas, com relação ao estudo de química.
Agradecimentos
Referências
CERQUEIRA, J. B.; FERREIRA, E. M. B. Os recursos didáticos na educação especial. Benjamin Constant, n.5, 1996. Disponível em http://www.deficientesvisuais.org.br/Artigo17.htm. Acesso em outubro de 2014.
DIAS, Elizabet; MARIA, Izilda; BEATRIZ, Myriam. Atendimento Educacional Especializado: deficiência visual. Brasília, 2007. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_dv.pdf>. Acesso em: 19 abril 2015.
DRIVER, R. et al. Construindo conhecimento na sala de aula. Química Nova na Escola, nº09, 1999.
MORAN, José Manuel. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias audiovisuais e telemáticas. In: MORAN, José Manuel; MASETTO, Marcos T., BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 15ªed. Campinas, SP: Papirus, 2009. (Coleção Papirus Educação).
RODRIGUES, B., et al. Deficiência visual e ensino de química.Unifia.edu.br,revista eletrônica,São Paulo, 2011.Disponível em : http://unifia.edu.br/revista_eletronica/revistas/educacao_foco/artigos/ano2011/ed_foco_%20Deficiencia%20visual.pdf
UNESCO. Declaração de Salamanca: Sobre necessidades educativas especiais. Conferência Mundial sobre Educação para Necessidades Especiais: Acesso e Qualidade. Espanha, Salamanca, 1994. Disponível em: < http://www.centroruibianchi.sp.gov.br>