Autores
Oliveira, V.B. (UFMA)
Resumo
A avaliação diagnóstica consiste de uma importante ferramenta para o conhecimento da realidade cognitiva, intelectual e formativa de um grupo. E caracteriza-se como um importante passo para o planejamento de atividades, metodologias e recursos didáticos. Neste intuito este trabalho objetivou diagnosticar uma turma de 40 alunos da disciplina história da química a fim de verificar e avaliar os conhecimentos prévios constantes, além de fornecer a estes alunos uma oportunidade de autoavaliação e autocrítica. Por este foi verificado que o grupo pesquisado apresenta grandes deficiências tanto no campo intelectual quanto no metodológico e que carecem de um acompanhamento próximo e efetivo para que consigam desenvolver um processo de aprendizagem mais significativo.
Palavras chaves
avaliação diagnóstica; ensino; quimica
Introdução
Avaliação diagnóstica é constituída por uma sondagem, projeção e retrospecção da situação de desenvolvimento do aluno, dando-lhe elementos para verificar o que aprendeu e como aprendeu (SANTOS, 2007). Luckesi (1997) define a avaliação da aprendizagem como um ato amoroso, no sentido de que a avaliação deva ser um ato acolhedor, integrativo e inclusivo. A avaliação tem por base acolher uma situação, para então ajuizar sua qualidade tendo em vista dar-lhe suporte de mudança, se necessário. O ato de avaliar implica na coleta, na análise e na síntese dos dados que configuram o objeto da avaliação, acrescido de uma atribuição de valor ou de qualidade, que se processa a partir da comparação da configuração do objeto avaliado com um determinado padrão de qualidade previamente estabelecido para aquele tipo de objeto. O valor ou a qualidade atribuídos ao objeto conduz a uma tomada de posição a seu favor ou contra ele. Os educadores em geral constroem seu jeito de ensinar no cotidiano da sala de aula, e é a partir daí que deve se conduzir uma reflexão sobre sua prática e a construção de uma identidade profissional. O educador também pode construir e produzir uma teoria, a partir do momento que se transforma em investigador, ou seja, quando se debruça sobre sua prática, fundamentando-a e iluminado-a. Nesse sentido que este trabalho se propôs a realizar uma avaliação diagnóstica da turma de história da química do curso de Licenciatura em Ciências Naturais a fim de proporcionar aos discentes um autoconhecimento a partir da crítica, e dar autonomia ao grupo para tomar decisões conscientes, levando o educador e o educando a escolher ou criar suas próprias alternativas metodológicas.
Material e métodos
O trabalho apresentado consistiu da aplicação de um questionário no primeiro dia de aula a 40 alunos da disciplina optativa História da Química, constando de questões discursivas e genéricas sobre a história da química. O referido questionário foi aplicado em dois momentos: o primeiro dentro da sala de aula, de forma individual, sem consulta a material bibliográfico ou a rede web, no segundo momento o questionário foi levado para ser realizado em casa com consulta a material bibliográfico ou a rede web. O questionário aplicado continha onze questões, as quais os alunos foram convidados a responder de acordo com seus conhecimentos prévios, tendo como pressuposto que estes alunos já detinham algumas informações a respeito de conceitos gerais sobre a história da química e sobre alguns cientistas responsáveis pelo desenvolvimento da química tal como se conhece atualmente. Foi lhes dado a opção de responderem as questões, caso soubessem, o de deixá-las em branco caso não conseguissem discorrer sobre o assunto e ainda de escrever NÃO SEI, caso nunca tivessem ouvido falar do assunto, ou seja não detinham nenhum conhecimento a respeito do assunto tratado na questão. Foram avaliados os seguintes parâmetros: Capacidade de formulação das respostas, conhecimento dos assuntos abordados, capacidade de propor atividades que melhor se adequariam a ementa apresentada, capacidade de descriminalização das referências consultadas.
Resultado e discussão
A avaliação dos questionários aplicados no primeiro momento permitiram o seguinte diagnóstico geral da turma: Ás perguntas, o que é história? e Quando a história da química começou? Cerca de 95% dos alunos responderam de forma muito sucinta ou vaga. Porém possibilitou verificar que apesar de inconsistentes, a maioria dos alunos possui algum conhecimento acerca destes temas. Quando perguntados, O que é hipótese? ou o que é racionalização das ciências? 87% dos alunos respondeu que não sabia, 9% deixaram em branco e apenas 4% poucos conseguiram formular uma resposta. À pergunta: O que as ciências em geral ainda não descobriram, 100% dos alunos responderam, porém percebe-se nitidamente o nível de imaturidade pelas respostas dadas, ou seja, em suas respostas descreveram, fatos e fenômenos fora do campo da ciência. Para a pergunta: Qual a importância da experimentação para o desenvolvimento histórico da química? As respostas na sua maioria também se apresentam muito generalistas (75%), com pouca efetividade e formalidade. Para a pergunta: Na sua opinião, qual a maior descoberta da química? As respostas mais frequentes foram, o átomo (35%), as moléculas (24%) e o oxigênio (22%), demonstrando por essas que eles compreendem e enquadram adequadamente uma descoberta a uma ramo da ciência.
Para os questionários aplicados no segundo momento, percebeu-se que os alunos não recorrem a livros ou artigos como fonte de consulta, além de utilizarem pouco ou nenhum critério na escolha das referências consultadas via web. Quando convidados a propor atividades que melhor se adequariam a ementa da disciplina apresentada, quase a totalidade dos alunos propunham a realização de seminários e “trabalhos” como forma avaliativa e aulas tradicionais como forma de exposição dos temas (83%).
Conclusões
A avaliação diagnóstica realizada demonstrou que ainda há uma grande lacuna no ensino de história da química para os discentes do nível superior. Ao passo que esta é uma disciplina optativa, acreditamos que o conhecimento acerca da história das grandes descobertas da ciência química deveriam ser transmitidas em todas as disciplinas do conteúdo programático. Percebemos ainda que há uma deficiência associada a metodologia científica, ao passo que os alunos são incapazes de formular respostas diretas e ainda de realizar uma pesquisa teórica em fontes de consulta confiáveis.
Agradecimentos
A Universidade Federal do Maranhão
Referências
LUCKESI, Cipriano. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. São Paulo: Cortez, 1997.
SANTOS, Monalize Rigon; VARELA, Simone. Avaliação como um instrumento diagnóstico da construção do conhecimento nas séries iniciais do ensino fundamental. Revista Eletrônica de Educação. v.01, n.01. 2007.