Autores

Pereira, L.F. (IFRN/CN) ; Oliveira, J.J.S. (IFRN/CN) ; Ribeiro, M.E.N.P. (UFC)

Resumo

Dentre os campos do conhecimento educacional, a formação de professores é um dos temas mais abordados em congressos e práticas institucionais. Sabe-se que o sucesso do ensino de Química está relacionado à formação dos professores. Portanto, este trabalho baseou-se em um levantamento de todas as linhas de pesquisa relacionadas à formação de professores e especificamente dos professores de Química por meio dos dados obtidos no Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil, situado no sítio do CNPq. Constatou-se que há um crescimento considerável das linhas de pesquisa sobre formação de professores de Química no Brasil nos últimos anos. Entretanto, tais linhas estão mal distribuídas pelas regiões, fato que reforça a desigualdade educacional ainda presente no Brasil.

Palavras chaves

Forrmação de professores; Química; Linhas de pesquisa

Introdução

O estabelecimento das escolas destinadas à formação específica dos professores para o exercício da docência está relacionado à institucionalização da educação pública no mundo moderno, ou seja, à implementação das ideias liberais de secularização e extensão do ensino primário a todas as camadas da população (TANURI, 2000). Antes que se fundassem as primeiras instituições destinadas à formação de professores para as escolas primárias, já existiam certas preocupações no sentido de selecioná-los (TANURI, 2000). De fato, os professores constituem, em razão do seu número e da função que desempenham, um dos mais importantes grupos ocupacionais e uma das principais peças da economia das sociedades modernas (TARDIF e LESSARD, 2005). Dada à importância que estes profissionais possuem na sociedade, é fundamental que se pesquise sobre a formação de professores em todo o âmbito nacional, considerando todas as especificidades geográficas presentes nesta Federação, preocupando-se com determinados fatores tais como, déficit desses profissionais e de suas formações. Desta maneira, torna-se importante e necessário que Instituições possuam, em seus programas de pós-graduação, linhas de pesquisa nesta área, contribuindo assim para o aperfeiçoamento da profissão docente. Diante disto, questiona-se por meio deste trabalho onde estão dispostas estas linhas de pesquisa na Federação, se estas estão bem distribuídas geograficamente, e até que ponto, estudantes e profissionais da educação podem ser beneficiados com tais pesquisas. Propõe-se ainda a quantificar esta linha por meio de dados numéricos visando fornecer para licenciandos e professores de Química, uma visão panorâmica e atualizada sobre o tema.

Material e métodos

Inicialmente, realizou-se uma pesquisa através do portal CNPq, com o intuito de identificar em quais Instituições de Ensino Superior (IES) do país existem linhas de pesquisas voltadas para a formação de professores. Para obtenção dos dados, realizou-se uma busca, com auxílio dos próprios mecanismos de busca do site, com o termo Formação de Professores, filtrando- se o resultado, escolhendo como Grande Área do grupo as Ciências Exatas e da Terra, e área específica Química. É importante destacar que nas linhas de pesquisas sobre a formação de professores de Química desconsiderou-se formação de professores de Ciências, bem como, as linhas de pesquisa em Ensino-Aprendizagem, com o intuito de obter-se especificamente a formação de professores de Química. Após coletados os dados, eles foram agrupados de acordo com o estado no qual se encontra a linha de pesquisa e em seguida agrupado também de acordo com a região, com a finalidade de se obter dados quantitativos a respeito de onde estão localizadas as linhas de pesquisa. Os resultados mencionados são referentes aos dados atualizados até ano 2013.

Resultado e discussão

Um processo tão complexo quanto a arte de ensinar precisa de um destaque específico em linhas de pesquisa, pois a pesquisa é a mobilização de vários saberes que formam uma espécie de reservatório no qual o professor se abastece para responder as exigências específicas de sua atuação concreta de ensino (GUATHIER, 1998). Entretanto, as soluções dos problemas referentes à formação docente e ao ensino ainda parecem distantes. A necessidade de uma política global de formação e valorização dos profissionais do magistério que contemple de forma articulada e prioritária a formação inicial, formação continuada e condições de trabalho, salários e carreira, com a concepção sócio-histórica do educador a orientá-la, faz parte das utopias e do ideário de todos os educadores e das lutas pela educação pública nas últimas décadas (FREITAS, 2007). No entanto, existem alguns indícios de melhora em relação à forma de ensino. Dentre estes indícios, cita-se a existência de linhas de pesquisa em formação de professores nas IES no Brasil. Segundo o portal CNPq, o Brasil possui atualmente 2.515 linhas de pesquisa sobre a formação de professores, distribuídas nas Unidades da Federação. Enquanto, encontrou- se apenas 33 linhas de pesquisa especificamente relacionadas a formação de professores de Química em 19 IES. Existem poucas linhas de pesquisa em formação de professores de Química no território nacional, das quais 31% estão na Região Nordeste e 12% na Região Sudeste, uma distribuição desigual. Embora o número de linhas de pesquisa em formação de professores de Química seja pequeno, observa-se um crescimento exponencial nos últimos anos, conforme pode-se observar na Figura 1.

Gráfico do número de linha de pesquisa em formação de professores de Q

Gráfico relativo ao crescimento do número de linhas de pesquisa em formação de professores de Química no Brasil ao longo dos anos.

Conclusões

Acredita-se que o crescimento exponencial nos últimos anos do número de linhas de pesquisa voltadas para a área de formação de professores de Química contribui para o aperfeiçoamento do ensino de Química. Entretanto, verificam- se também desigualdades na distribuição destas linhas de pesquisa pelo território nacional, o que pode contribuir para uma desigualdade educacional, na medida em que há um bom preparo de docentes em alguns estados/regiões, enquanto em outros não há contribuições do fruto das pesquisas na área, deixando-os sem assistência neste sentido.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao IFRN Campus Currais Novos por todo apoio.

Referências

- CNPq. Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil. Out. 2013. Em: http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/
- CNPq. Perguntas frequentes. Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil. Out. 2013. Em: http://dgp.cnpq.br/diretorioc/index.html
- FREITAS, H.C.L. A (nova) política de formação de professores: a prioridade postergada. Educação e Sociedade – Revista de Ciência da Educação, v.28, n.100 – Especial, 1203-1230. 2007.
- GUARTHIER, C. Por uma Teoria da Pedagogia. Ijuí: Unijuí. 1998.
- TANURI, L.M. História da formação de professores. Revista Brasileira de Educação, v.2, n.14, 61-88. 2000.
- TARDIF, M. e LESSARD, C.O. O Trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. Petrópolis: Vozes. 2005.