Autores
Sá, E.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Borges, R.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Sá, E.L. (INSTITUTO FEDERAL DO PIAUÍ) ; Lima, F.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ)
Resumo
Este trabalho apresenta uma abordagem geral sobre a utilização de softwares educacionais (SE) destinados à melhoria do aprendizado no ensino de Química, ao passo que contribui para desenvolver uma proposta de inovação metodológica a ser utilizada por professores do ensino médio de escolas públicas da rede Estadual de educação. O referido trabalho tem como objetivo mostrar a relevância de se contextualizar a disciplina de Química com o uso dos SE, pelos professores, como complementação na abordagem das aulas teóricas. O estudo foi desenvolvido a partir de uma pesquisa bibliográfica e quantitativa e foi observado que a utilização de programas educacionais no ensino médio apresenta-se como uma ferramenta capaz de motivar e dinamizar as aulas e facilitar o processo de ensino-aprendizado.
Palavras chaves
Ensino de química; Softwares educacionais; Inovação metodológica
Introdução
Na atualidade uma das maiores colaborações na utilização da informática na educação está intensamente ligada no contexto escolar, onde os métodos e técnicas de ensino empregadas tradicionalmente são contestados. Através de estudos e pesquisas têm-se comprovado que o uso da informática nas escolas melhora a capacidade cognitiva dos indivíduos, substitui o termo “decorar” pelo aprender e aproxima a informação do usuário. A utilização da tecnologia significa ter como perspectiva cidadãos abertos, conscientes, que saibam tomar decisões, trabalhar em equipe e tenham a capacidade de aprender e manusear a tecnologia para a busca, a seleção, a análise e a articulação entre informações e, dessa forma, construir e reconstruir continuamente os conhecimentos (VALENTE, 1993, p. 02). O professor, no ensino tradicional, é responsável pela transmissão do conhecimento ao aluno onde este memoriza as informações transmitidas pelo educador. As técnicas educacionais utilizadas no ensino tradicional, quando comparadas com o panorama atual, parecem não estar em concordância com as mudanças e transformações que ocorrem no mundo, principalmente na questão da manifestação da informação, do conhecimento e da contextualização (ALENCAR, 1996, p. 14). Os profissionais da educação confrontam-se com diversas exigências no sentido de introduzirem à sua prática em sala de aula as tecnologias de informação e comunicação (TICs). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM) sugerem o uso dessas tecnologias: É indiscutível a crescente necessidade do uso de computadores pelos alunos como instrumento de aprendizagem escolar, para que possam estar atualizados em relação às novas tecnologias da informação e se instrumentalizarem para as demandas sociais presentes e futuras (BRASIL, 1998, p. 96). No ensino da química ainda existem muitas dificuldades no entendimento dos alunos em relação a determinados conteúdos, sendo necessário o uso da abstração para ser compreendida. Como exemplo, os conteúdos de ligações químicas, isomeria, reações orgânicas e outros, os quais são difíceis de serem repassados e compreendidos pelos alunos sem auxílio de programas simuladores que visualizem as moléculas e suas estruturas tridimensionais. Assim, o computador e os SE são importantes ferramentas da informática que vem sendo usadas no processo de ensino-aprendizagem e contextualização no século XXI, tornando-se cada vez mais ampliadores de potencialidades na capacitação e qualificação de alunos, professores e das próprias instituições de ensino. Porém, até mesmo, um software minuciosamente pensado para interceder à aprendizagem pode deixar a desejar se a metodologia do professor não for adequada ou adaptada às situações específicas de aprendizagem (VESCE, 2012, p. 01). Desta forma as inovações tecnológicas não dispensam a presença do professor, ao contrário, exigem deste uma maior qualificação para o trabalho individual e coletivo com cada aluno, na utilização de novas técnicas para elaboração de material didático, para a produção de ambientes virtuais diferentes daqueles do ensino tradicional da universidade e adoção de uma nova linguagem tecnológica (JUCÁ, 2006, p. 25). O presente trabalho tem como objetivo verificar se os professores de Química do Ensino Médio das escolas públicas Estaduais da cidade Picos - PI conhecem e sabem utilizar os meios tecnológicos voltados para o aperfeiçoamento do ensino, como também relatar a importância da sua utilização como meio interdisciplinar no desenvolvimento das aulas. Mediante a isso, os assuntos ficarão mais contextualizados, facilitando o entendimento e o rendimento dos alunos na disciplina.
Material e métodos
O desenvolvimento deste trabalho se deu por meio de uma pesquisa quantitativa e bibliográfica, a primeira representou um estudo estatístico que se destinou a descrever as características de uma determinada situação, medindo numericamente as hipóteses levantadas a respeito de um problema de pesquisa. A referente pesquisa foi direcionada para o Ensino Médio da rede Estadual de educação da cidade de Picos, a onde se encontrou 20 escolas, sendo 12 escolhidas para participarem da investigação, aquelas com maiores quantidades de alunos. Os questionários foram aplicados a 15 professores da disciplina de Química, sendo esses estruturados com quinze perguntas objetivas relacionadas à utilização de SE na abordagem dos conteúdos da disciplina de Química no decorrer das aulas. Logo após a aplicação, foi realizado o levantamento, a tabulação e a discussão das informações obtidas. Sendo essas analisadas individualmente e em conjunto, buscando a interpretação, a comparação e a fundamentação desses dados.
Resultado e discussão
A pesquisa comprovou que 100% das Unidades Escolares Estaduais visitadas
deste município, nas quais foram aplicados questionários ao corpo docente
responsável pela disciplina de Química, se constatou que possuíam
laboratório de informática, verificando assim, o possível desenvolvimento de
um trabalho diferenciado com os seus alunos.
Os dados constataram que a grande maioria (83,33%) dos profissionais tinham
noção de como usar esses programas educacionais. Dado esse importante para o
trabalho em questão, pois se o corpo docente tem habilidade com a tecnologia
abordada já é um grande passo para pô-la em prática no decorrer das aulas.
Em um dos itens foi observado que boa parte do público pesquisado (66,67%)
não colocam em prática o emprego dos programas educacionais, mesmo a maioria
afirmando (dado anterior) que sabem aplicar os softwares como metodologia de
ensino, ponto esse negativo, pois as tecnologias da educação surgiram para
agilizar, facilitar, melhorar e enriquecer o conhecimento de todos.
Com isso os SE podem ser utilizados como apoio ao trabalho docente
enriquecendo a prática pedagógica e proporcionando momentos de motivação e
de grande interesse aos alunos, uma vez que esses vêm desempenhando cada vez
mais um papel relevante como ferramenta educativa, possibilitando
reproduções de fenômenos do mundo real e permitindo ao aluno imprimir em
seus trabalhos um realismo e qualidade superiores em seu aprendizado, algo
difícil de se conseguir nas formas conservadoras de ensino (FIALHO; MATOS,
p. 122, 2010).
Dos profissionais entrevistados, cerca de 91,67% apresentados no Gráfico 1,
reconhecem que o emprego de programas educativos na disciplina de Química
demonstraram resultados expressivos na facilidade de compreensão dos
conteúdos, pois essa técnica de ensino torna a aprendizagem mais
interessante. Porém mesmo conscientes disso, não efetivaram essa técnica de
ensino na prática.
O emprego de programas educacionais em práticas pedagógicas precisa ser
vista como apoio ao trabalho docente, ou seja, um instrumento a mais, capaz
de motivar, dinamizar e contextualizar suas aulas ocasionando a participação
e a interação entre professor e aluno, de tal forma que ambos aprendam e
construam juntos os conhecimentos.
Para isso, é fundamental que o docente esteja apto a dominar o conhecimento
instrutivo das novas tecnologias, ou seja, saber como funciona cada software
escolhido para trabalhar com seus alunos e representar assim o papel de
mediador na atividade, de forma a instruir, motivar, encantar, cativar e
envolvê-los em seu uso. É importante salientar que o uso de softwares
educativos deve ser feito com muita responsabilidade, coerência e bom senso
visando atingir finalidades pedagógicas, propiciando ao aluno o
desenvolvimento de habilidades significativas de forma que ele se torne um
indivíduo ativo no processo da construção do seu conhecimento (FIALHO;
MATOS, p.127, 2010). Com isso, o Gráfico 2 mostra algumas das causas do
pouco uso dos programas computacionais relatados pelos professores da
disciplina de Química.
Verificou-se também a relevância desse método ao ser empregado pelos
professores da rede pública Estadual, ao proporcionar um desenvolvimento no
ensino de Química de maneira mais eficaz, resultados esses, demonstrados
aqui estatisticamente.
Contudo, os resultados apresentaram-se conforme a literatura, mais a maioria
dos professores entrevistados mesmo tendo conhecimentos da importância de
tal tema não o utilizaram como metodologia por diversos fatores, porém
possíveis de serem solucionados no momento em que se despertar um interesse
coletivo.
Visão dos professores em relação à porcentagem de alunos que melhoraram o aprendizado com o uso dos SE nas aulas de Química
Fatores que ocasionam a não utilização dos SE pelos professores
Conclusões
Diante dos relatos dos professores de Química das escolas envolvidos na pesquisa, uma das maiores dificuldades apresentadas foi a de conseguir socializar, planejar e aplicar essa técnica dentro das aulas, ocasionada por diversos motivos, dentre eles a falta de tempo, o desinteresse, o despreparo e até algumas divergências entre os professores. Assim se torna imprescindível uma formação continuada para os profissionais da educação com dificuldades no manuseio e uso das TICs com o intuito de ampliar as opções de recursos didáticos. A pesquisa buscou mostrar também a relevância da utilização dos SE no desenvolvimento das aulas de Química como meio facilitador e de contextualização dos conteúdos ensinados, confirmando-se através dos questionários, que a maioria dos profissionais atuantes dessa área não empregam tal metodologia. Então, percebe-se que os objetivos propostos para a pesquisa foram alcançados com sucesso. Concluindo-se que os professores tendem a ganhar com a aplicação dos SE em suas práticas pedagógicas, pois despertam nos alunos o interesse e o conhecimento no ensino-aprendizado de Química.
Agradecimentos
Referências
ALENCAR, E. S. A gerência da criatividade: abrindo as janelas para a criatividade pessoal e nas organizações. São Paulo: Makron Books, 1996.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998.
FIALHO, N. N.; MATOS, E. L. A arte de envolver o aluno na aprendizagem de ciências utilizando softwares educacionais. Educar em Revista, Curitiba, Editora UFPR ,n. especial 2 p. 121-136, 2010.
JUCÁ, S. A relevância dos softwares educativos na educação profissional. Ciências & Cognição, v. 08, 22-28, 2006.
Portal do Governo do Estado do Piauí. Relação de Escolas. Disponível em: <http://www.seduc.pi.gov.br/relacao_escolas.php> Acesso em: 17 de janeiro de 2015.
VALENTE, J. A. Computadores e conhecimento: repensando a educação. Por que o computador na educação. Campinas-SP: Gráfica central da Unicamp 1993.
VESCE, G. Softwares educacionais. Disponível em: <http://www.infoescola. com/ informatica/softwares-educacionais/ >. Acesso em: 12 de março de 2015.