Autores
Nunes Filho, F.G. (UFCG) ; Leal, L.L.M. (UFCG) ; Lima Junior, J.F. (UFCG) ; Fernandes de Olveira, F.M. (UFCG) ; Begne Bezerra, F. (UFCG)
Resumo
O presente trabalho objetivou compreender a concepção de alunos pré-vestibulandos acerca da qualidade de água, relacionando com o consumo de água mineral, e demonstrar como abordagens alternativas são eficazes no processo ensino-aprendizagem de Química. A amostra compreendeu 80 alunos pré-vestibulandos do programa PVS/UFCG, onde aplicou-se questionários, seguidos de um debate discursivo sobre o tema, bem como análise posterior de rótulos de água mineral recolhidos pelos discentes. A partir dos resultados, observou-se que 59% dos alunos preferem beber água mineral, mas atribuíram males ao consumo exclusivo desta, e 67% não confiam na composição dada na embalagem. O interesse e motivação gerados pela temática foram explorados no trabalho dos conteúdos específicos seguintes.
Palavras chaves
água mineral; ensino de Química; qualidade de água
Introdução
A importância da qualidade de água de consumo é incontestável, e a preocupação para com esta vem ganhando cada vez mais força. Segundo Lima (2003) a água mineral deixou de ser um privilégio para se tornar um produto de consumo em massa, onde o consumidor comumente associa água mineral à saúde. Contudo, esta pode esconder contaminações e patologias, deve-se assim, ficar alerta acerca do histórico da empresa fornecedora, sendo relevante conferir a composição da água mineral presente do rótulo da embalagem, verificar se a mesma está em conformidade com os padrões estabelecidos e aprovada pelo DNPM (Departamento Nacional de Produção de Água Mineral). Várias opiniões circundam a abordagem do consumo de água de mineral, bem como seus impactos a saúde. A introdução de temas alternativos, como este, que envolvam o cotidiano do aluno são de extrema importância para uma aprendizagem significativa. No ensino da química, percebe-se que os alunos, muitas vezes, não conseguem aprender, não são capazes de associar o conteúdo estudado com seu cotidiano, tornando-se desinteressados pelo tema (NUNES e ADORNI, 2010). Assim, a educação em Química deve valorizar a construção dos conhecimentos pelo aluno e o processo ensino-aprendizagem intimamente relacionado ao cotidiano, objetivando formar o cidadão para viver e atuar na sociedade (TREVISAN E MARTINS, 2006). Neste contexto, o presente trabalho objetivou descobrir a concepção de alunos pré-vestibulandos acerca da importância da qualidade de água e sua relação com consumo da água mineral, introduzir conceitos químicos em torno dessa temática e desenvolver posicionamento crítico nos discentes, por meio da análise das embalagens dos produtos que os mesmos consomem, pois esta prática tem grande impacto na saúde do consumidor atualmente.
Material e métodos
O conhecimento sobre água de consumo, água mineral e a importância dos sais minerais presentes na mesma, podem ser utilizados como uma ferramenta motivacional nas aulas de Química. Diante disto, saber os conhecimentos prévios dos discentes sobre alguns termos envolvidos com a temática de água, torna-se uma ferramenta para adaptarmos nossas metodologias visando uma efetivação da aprendizagem. A construção dos dados dessa investigação deu-se no âmbito da disciplina Prática de Ensino de Química II, por meio de uma atividade de coleta de informações. O instrumento para coleta de dados constituiu-se de um questionário, destinado a alunos pré-vestibulandos do projeto Cursinho Pré-vestibular Solidário – PVS, da Universidade Federal de Campina Grande, campus Cajazeiras - PB. Os questionários dos alunos continham 9 questões discursivas, nas quais buscou-se levantar qual a concepção dos alunos sobre o consumo de qualidade e água mineral, e as particularidades associadas a essas abordagens. Os dados coletados foram agrupados, analisados e descritos quantitativamente, a partir de apresentações percentuais. Buscou-se não interferir e nem manipular qualquer tipo de influência nas opiniões e conceitos dos alunos. Assegurando-os a garantia do anonimato, a liberdade para participar ou desistir das atividades em qualquer momento. Depois do processo de coleta de dados, foi realizado um seminário com os alunos acerca do tema abordado, e que despertou grande interesse dos mesmos, para a explicação do trabalho e do tema tratado. Pedindo antecipadamente que os mesmos recolhessem rótulos de água mineral para análise e comparação com os padrões estabelecidos, logo após pode-se introduzir o conteúdo de ácidos e bases, a partir da conceituação de pH.
Resultado e discussão
A pesquisa envolveu 80 de alunos pré-vestibulandos do programa de extensão PVS/UFCG, dos quais 46 responderam o questionário. A partir dos resultados, pode-se constatar 55% dos alunos consideram a água mineral como aquela com composição elevada de substâncias químicas e provenientes de fontes subterrâneas. Quanto a preferência, 59% optou pela água mineral, declarando que esta era de procedência mais confiável, resultado ilustrado no gráfico 1.
No entanto, 30% dos alunos, preconizam seu consumo, atribuindo males associados ao consumo exclusivo desta, como “pedra-nos-rins”, muito corrente nas respostas. Apenas 4% dos alunos se preocupavam em observar as informações das embalagens e 96% declarou não está ciente da sua composição química e da importância dos sais dissolvidos, destacando que todos alunos afirmaram que a partir do momento, iriam analisar as embalagens de todos os produtos consumidos. Quanto a confiabilidade dos rótulos, 67% dos alunos não confiam nos dados mostrados pelas embalagens (Figura 2), por causas diversas. Essa desconfiança tem um aspecto positivo, no que se refere ao do consumo de qualidade. Após a aplicação do questionário e o seminário discursivo a acerca do tema, foi feita a análise de rótulos de água mineral trazidos pelos alunos. Foram coletados 42 rótulos de 7 empresas diferentes, todos apresentaram composição química dentro dos padrões, porém quatro das empresas se encontravam com pH abaixo do mínimo, demonstrando assim como alguns dos padrões podem passar despercebidos pelo controle de qualidade. A pesquisa foi acompanhada de grande motivação dos alunos, onde pode-se trabalhar de forma contextualizada, o conceito de pH, soluções, ácidos e bases, além de composição química da água e da importância dos sais minerais.
Preferência do consumo de água.
Confiança dos alunos nos rótulos de água mineral comercializada.
Conclusões
O trabalho com o presente tema proporcionou formação de posicionamentos críticos, despertou curiosidade nos alunos, gerando interesse no estudo da composição da água potável, da importância dos sais minerais e de seus malefícios, quando em concentrações inapropriadas, além de motivação em conteúdos específicos, sendo estes trabalhados com mais facilidade em sala de aula. A partir da pesquisa também foi possível identificar dificuldades na construção de conceitos por parte discente, além de ilustrar como a contextualização facilita o processo de ensino aprendizagem.
Agradecimentos
À UFCG pela possibilidade de realização da pesquisa.
Referências
LIMA, Camila Carvalho. Industrialização de água mineral. TCC apresentado à UCG. Engenharia de Alimentos, Goiás, 2003.
NUNES, A. S.; Adorni, D.S. O ensino de química nas escolas da rede pública de ensino fundamental e médio do município de Itapetinga-BA: O olhar dos alunos. In: Encontro Dialógico Transdisciplinar - Enditrans, 2010, Vitória da Conquista, BA, 2010.
TREVISAN, Tatiana Santini; MARTINS, Pura Lúcia Oliver. A prática pedagógica do professor de química: possibilidades e limites. UNIrevista, 1/12, vol. 1, n°2, 2006.