Autores
Santana, E.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; Silva, E.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; Barros, V.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE)
Resumo
Neste trabalho serão apresentados os resultados obtidos a partir de uma pesquisa em que foram desenvolvidos modelos moleculares alternativos e um texto de apoio para o manuseio do modelo com os temas: geometria molecular, momento dipolar e polaridade. O desenvolvimento do material possibilitou uma melhor compreensão dos alunos sobre os assuntos citados. O material desenvolvido foi apresentado para alguns alunos previamente selecionados a partir de um questionário e validado por entrevista semi-estruturada.
Palavras chaves
Geometria molecular; polaridade; modelos didáticos.
Introdução
A maioria dos alunos apresenta dificuldade em determinar a geometria molecular, pois os professores fazem uso apenas de figuras para demonstrá- las, assim os alunos passam a ter contato apenas com a ideia de modelos bidimensionais e pouca importância é dada para a apresentação dos modelos tridimensionais (NETO, 2007; SILVA et al 2012). Tal fato deixa claro que é de suma importância que se faça uso de modelos geométricos no nível macroscópico, buscando assim minimizar a dificuldade de visualização e entendimento com relação às geometrias moleculares (BERTALLI, 2010). Além disso, para que o aluno compreenda as propriedades das moléculas tais como: ponto de fusão, ebulição, solubilidade em diferentes solventes, dureza, etc. é necessário que ele saiba também identificar o seu momento dipolar, que definirá a sua polaridade (CHANG, 2013; BROWN, 2007). O presente trabalho tem como objetivo apresentar os resultados que foram obtidos a partir da análise de um material didático que foi desenvolvido em um projeto de pesquisa de trabalho de conclusão de curso, em que buscou-se criar um método para facilitar o ensino do momento dipolar e a subsequente identificação da polaridade da molécula a partir da construção de modelos moleculares alternativos (feitos a partir de bolas de isopor e palitos de madeira), que tem contribuído de forma significativa para o ensino por possibilitar a visualização em três dimensões das moléculas (LIMA; NETO, 1999).
Material e métodos
O trabalho foi desenvolvido a partir de uma pesquisa qualitativa de cunho exploratório, pois buscava-se esclarecer ideias a partir da reformulação de problemas ou hipóteses (GIL, 2008). Em virtude da carência de métodos didáticos existentes para a temática desta pesquisa, foi desenvolvido um modelo molecular com o propósito de problematizar conteúdos de geometria, momento dipolar e polaridade. Para a validação do material desenvolvido foram escolhidos dezenove alunos do último ano do curso de Química Licenciatura da Universidade Federal de Sergipe, Campus Prof. Alberto Carvalho, pois estes já haviam passado pelas disciplinas que abordavam o conteúdo em questão. A partir da aplicação de um questionário inicial foram selecionados estudantes que apresentaram argumentos próximos do científico, embora tenham demonstrado que tiveram dificuldades em entender tais conteúdos. Assim, nove alunos dos que responderam o questionário foram selecionados para participar da atividade com os modelos didáticos, os demais não foram entrevistados pois não condiziam com os aspectos que estavam sendo analisados e apresentaram argumentos que se distanciavam do científico. Uma entrevista semi- estruturada foi realizada a fim de verificar quais contribuições o material desenvolvido proporcionava para o ensino, para tal, foi entregue uma apostila com o texto de apoio para cada aluno, bem como o modelo molecular desenvolvido para que eles pudessem manuseá-lo, após esse processo foram feitas algumas perguntas e os alunos ficaram livres para questionar o que achassem necessário, dando a entrevista um caráter de conversa informal (BONI; QUARESMA, 2005).
Resultado e discussão
Os alunos foram divididos em duas perspectivas para que suas concepções
pudessem ser analisadas e assim selecionar os alunos para participarem da
entrevista. As respostas dadas pelos estudantes com relação aos temas
“Modelo molecular/Relação dipolo e polaridade” estão apresentadas no esquema
da Figura 1.
Foram selecionados para participar da entrevista os alunos que apesar de
apresentarem argumentos que estavam próximo do científico não tiveram
contato com os modelos moleculares ao longo da graduação, como consequência
apresentaram dificuldades para entender tais conceitos e que em decorrência
disso não souberam como abordar o conteúdo quando lecionaram aulas sobre os
referidos assuntos.
O objetivo da entrevista foi verificar se o material desenvolvido poderia
contribuir para o ensino de Química. Ao longo da entrevista, cinco questões
centrais surgiram de consenso e estão apresentadas na figura 2, assim como
os recortes das falas dos alunos.
De maneira geral o material apresentado foi tido como apropriado para o
ensino uma vez que as respostas em sua maioria apontavam inovações e
contribuições que o material proporcionava. Os alunos ressaltaram que assim
que tivessem a possibilidade fariam o uso do material em aula, pois este é
de fácil manuseio e contribui para o ensino-aprendizagem de forma simples.
Além disso, o material pode ser considerado inovador, uma vez que traz a
possibilidade de utilizar um modelo molecular para o ensino de momento
dipolar e polaridade, algo que ainda não havia sido feito.
Esquema das respostas dadas pelos dezenove alunos selecionados.
Questões centrais que surgiram ao longo da entrevista e recortes das falas dos alunos.
Conclusões
O uso do questionário inicial para a seleção dos alunos foi de grande valia, pois apenas aqueles que possuíam certa familiaridade com o assunto participaram da validação do material. A entrevista semi-estruturada é uma ótima ferramenta de coleta de dados, pois permite que haja a obtenção de informações com riqueza de detalhes. O material desenvolvido é inovador e pode contribuir de maneira significativa para o ensino-aprendizagem dos alunos, pois permite o contato visual e tátil de maneira didática com relação aos conteúdos de geometria molecular, momento de dipolo e polaridade.
Agradecimentos
Universidade Federal de Sergipe.
Referências
BERTALLI, J. G. Ensino de geometria molecular, para alunos com e sem deficiência visual, por meio de modelo atômico alternativo. 2010. 70 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências) Centro de Ciências Exatas e Tecnologia, Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Campo Grande – MS, 2010.
BONI, V.; QUARESMA, S. J. Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências Sociais. Em Tese, v. 2, n. 1, p. 68-80, 2005.
BROWN, T. L; JUNIOR, H. E. L; BURSTEN, B. E. Química: Ciência Central. 7ª ed. LTC, 2007.
CHANG, R. Química Geral. 4ª ed. São Paulo: McGraw Hill Brasil, 2006.
NETO, J. R. F. Tecnologias no Ensino de Geometria Molecular. 2007. 131 f. Dissertação (Mestrado em Química). Instituto de Química, Universidade federal de Uberlândia, Uberlândia-MG. 2007.
SILVA, J. T. et al. Geometria e polaridade molecular sob uma ótica interdisciplinar. XVI ENEQ/X EDUQUI-ISSN: 2179-5355, 2012. Disponível em: http://www.portalseer.ufba.br/index.php/anaiseneq2012/article/viewFile/7286/5061. Acesso em: 12/11/2014.