Autores

Sousa, W.T. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE) ; Bezerra, F.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE) ; Oliveira, F.M.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE) ; Lima, G.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE) ; Sales, L.L.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE)

Resumo

Este estudo aborda os diferentes níveis de conhecimento de alunos da rede pública de ensino a respeito de acidentes envolvendo a Radioatividade em duas escolas de Ensino Médio. Essa investigação ocorreu por meio de uma coleta de dados relativo aos acidentes ocorridos na Década de 80 entrevistando 50 discentes nas escolas E.E.E.F.M. Bonifácio Saraiva de Moura e E.E.E.F.M. Monsenhor Morais. O instrumento utilizado na coleta dos dados constitui-se de um questionário aplicado aos discentes .Como resultado obteve-se que 16% dos entrevistados estão bem informados sobre o acidente do Césio-137 de Goiana-GO. Contudo os resultados foram um pouco diferentes quando indagados sobre o acidente de Chernobyl onde os 44% dos discentes mostraram-se bem informados sobre o fato, sugerindo maior relevância.

Palavras chaves

Acidentes; Césio-137; Chernobyl

Introdução

A Radioatividade está indiscutivelmente presente no nosso cotidiano, seja no tratamento de doenças, em exames clínicos, na geração de energia elétrica, na datação de fósseis com carbono-14, entre outras aplicações relevantes. Um aspecto importante que dificulta a aprendizagem desse tema é a ausência de fatos históricos de forma que deixa os alunos sem nenhum subsídio para despertar o interesse. Segundo Marques, 2006, por meio da História da Ciência pode se resgatar os fatos a fim de se obter uma descrição coerente e organizada de suas bases e dos fundamentos tanto observacionais quanto experimentais, e dessa forma ter uma visão dos recursos disponíveis. Além disso, como afirma Martins, 1998, a História da Ciência possibilita o acesso ao processo gradativo e lento da construção do conhecimento, das limitações, dos métodos, e desmistifica o conhecimento científico sem destituir seu valor. Ao longo da história da Radioatividade aconteceram várias descobertas benéficas e maléficas bem como aconteceram alguns acidentes radioativos tais como o acidente de Chernobyl na URSS em 1986 matando 31 pessoas e hospitalizando 237 abrangendo uma área de contaminação com cerca de 146.000 km2 e o acidente de Goiânia no ano de 1987 com um saldo de mortes de 4 pessoas e contaminado mais de 200 (Xavier, 2007). Portanto, este trabalho tem por objetivo abordar os conhecimentos dos discentes de duas escolas da rede estadual de Ensino Médio localizadas nas cidades de Bonito de Santa Fé- PB e Monte Horebe-PB, e entender o grau de conhecimento histórico sobre radioatividade dos discentes entrevistados.

Material e métodos

Essa investigação ocorreu no âmbito das escolas publicas de duas cidades do sertão paraibano no Ensino de Química por meio de uma coleta de dados com um número de 50 participantes. Foram visitadas duas escolas da rede pública de ensino: a E.E.E.F.M. Bonifácio Saraiva de Moura localizada em Monte Horebe- PB e a escola E.E.E.F.M. Monsenhor Morais localizada em Bonito de Santa Fé- PB. O instrumento utilizado para a coleta dos dados constitui-se de um questionário aplicado aos discentes, com a função de esclarecer o conhecimento dos discentes sobre os principais acidentes radioativos. Os dados foram analisados, agrupados e descritos quantitativamente sem distinção de idade, sexo e/ou série. O investigador procurou não intervir ou manipular os entrevistados em seus conceitos e opiniões. Dessa forma garantindo a clareza nos resultados.

Resultado e discussão

O conhecimento radioativo na vida moderna cotidiana é uma ferramenta que auxilia em casos como o ocorrido em Goiana e Chernobyl. Quando instigados a falar sobre o acidente radioativo do Césio-137 ocorrido em Goiânia, como mostra a Figura 1, apenas 16% dos discentes mostraram estar bem informado sobre o fato histórico marcante brasileiro, isto demonstra que o grau de conhecimento do alunado é baixo. Outros cerca de 38% dos discentes apresentaram um conhecimento relativo sobre o fato, devido a saberem do fato através de jornais e revistas. Entretanto, cerca de 46% dos discentes restantes não souberam responder ou nunca ouviram falar do acontecido. Este resultado mostra a falta de informação de nossos alunos, fazendo com que os acidentes radioativos ganhem grande visibilidade nos assuntos de química. Falando sobre o maior acidente radioativo da história, o acidente na usina nuclear soviética de Chernobyl, como visto na Figura 2, os entrevistados, quando perguntados, mostraram diferentes resposta sendo os 44% dos discentes mostraram-se bem informados sobre o fato devido a já terem pesquisado em livros e na internet. Outros 10% dos entrevistados mostraram um conhecimento superficial do acidente por terem lido apenas pequenos textos em alguns livros e cerca de 46% deles mostraram que nunca tinham ouvido falar ou não souberam responder a esse questionamento. Apesar de ter sido o maior acidente radioativo mundial, os resultados referentes ao acidente de Chernobyl ainda se mostram insatisfatórios devido à importância que esse acontecimento possui para a construção da contextualização histórica da Radioatividade.

A figura 1 descreve quantitativamente conhecimento discente a cerca do acidente radioativo do Césio- 137.

Conclusões

Apesar de a Radioatividade está inserida na grade curricular do Ensino Médio, pouco se sabe sobre alguns fatos marcantes sobre sua história bem como suas catástrofes que são trazidas em pequenos apêndices ao final dos capítulos. Assim como os resultados mostraram que a grande maioria dos entrevistados não soube responder aos questionamentos sobre os acidentes, fica claro que esses eventos estão passando despercebidos durante as aulas de Radioatividade. Portanto, mais atenção deve ser dada a esses e outros marcos históricos a fim de instigar a percepção discente para a aprendizagem do tema.

Agradecimentos

Referências

• PINTO, G.T; MARQUES, D.M. Uma Proposta Didática na Utilização da História da Ciência para a Primeira Série do Ensino Médio: A Radioatividade e o Cotidiano. História da Ciência e Ensino: construindo interfaces. Vol 1. 2010. P. 27-57;
• MARQUES, Deividi M. “As investigações de Ernest Rutherford sobre a estrutura da matéria: Contribuições para o Ensino de Química” (dissertação de mestrado, UNESP – Bauru, 2006;
• . MARTINS, Lilian Al-Chueyr P. “A História da Ciência e o Ensino de Biologia”. Jornal Semestral do Grupo de Estudo e Pesquisa em Ensino e Ciência FE- UNICAMP 5 (1998):18-21;
• XAVIER, A.M; LIMA, A.G; VIGNA, C.R.M; VERBI, F.M.V; BORTOLETO, G.G; GORAIB,K; COLLINS, C.H; BUENO, M.I.M.S. Marcos da Història da Radioatividade e suas tendências atuais; Química Nova, Vol, 30, No. 1 80-91, 2007.