Autores

Jorge, L.S.S. (UFRPE) ; Siqueira, F.S.A. (UFRPE) ; Leite, B.S. (UFRPE)

Resumo

Este artigo apresenta o resultado de uma pesquisa de levantamento de literatura sobre a teoria do Conectivismo (criada por George Siemens e Stephen Downes) aplicada na educação no século XXI. Abordamos também o suporte teórico dessa teoria de aprendizagem que propõe um aprendizado mediado pela tecnologia. Partindo desse contexto, a aprendizagem deve ocorrer formal e informalmente por meio das conexões estabelecidas nas redes em que o aprendiz se motiva ao estabelecer relação com o que é realmente significativo e ao interagir com outros compartilhando assim o conhecimento construído.

Palavras chaves

Conectivismo; Tecnologia Educacional; Estado da arte

Introdução

A Internet juntamente com as tecnologias digitais tem oportunizado bastante a democratização da informação e do conhecimento. Nos últimos anos, temos presenciado significativos avanços tanto na forma de como se ensina como também na de como aprender, uma vez que agora temos uma comunidade de sujeitos que se comunicam e participam efetivamente das mudanças. O acesso às novas tecnologias e formas de comunicação vem gradualmente evoluindo a forma de pensar e de aprender da humanidade. Atualmente vivenciamos a intrínseca necessidade do maior envolvimento quando nos referimos à comunicação entre as pessoas e suas atividades, representada através das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), sejam escolares, profissionais ou mesmo de lazer. Hoje, o estar conectado não se limita ao fato de ter acesso a uma rede social ou site, estar conectado implica ter possibilidade de aprendizagem através de experiências individuais e coletivas em ambientes virtuais (SANTOS, et al., 2014). Há, inquestionavelmente, mudanças na educação causadas pelo avanço dos meios digitais que tiraram do professor a exclusividade do saber, derrubando a ideia de que só o professor é detentor de conhecimento; e oportuniza ao aluno a verificação da veracidade do que é ensinado visto que o acesso à web é instantâneo. Os meios digitais modificam então o modo como os jovens contemporâneos aprendem. Visando, portanto, entender o impacto do uso da tecnologia no ensino e aprendizagem do século XXI este trabalho é direcionado à investigação da aplicação do Conectivismo na educação.

Material e métodos

A presente pesquisa se insere numa abordagem quantitativa utilizando-se como fonte principal os dados obtidos a partir de levantamentos realizados na rede. Segundo Creswell (2009) um projeto de levantamento apresenta uma descrição quantitativa ou numérica de tendências, atitudes ou opiniões de uma população, estudando-se uma amostra dessa população. A partir dos resultados da amostra, o pesquisador generaliza ou faz afirmações sobre a população. Segundo Leite (2015, p. 61) “até o final do século XX, quando o estudante precisava realizar um trabalho acadêmico sobre algum assunto desconhecido, necessitava se deslocar até uma Biblioteca para analisar fisicamente a obra de consulta, além de dispor de poucos livros e enciclopédias para tal”. Os sites de busca (ou buscador; ou mecanismos de busca) auxiliam na procura dos materiais que se deseja na web. Com o intuito de compreender a aplicação do conectivismo na educação e como essa teoria está sendo estudada foi realizada uma pesquisa de levantamento de literatura em cinco plataformas de pesquisa disponíveis na internet. Para pesquisas no meio acadêmico, Leite (2015) recomenda realizar as buscas nos mecanismos descritos a seguir: Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações- BDTD (http://bdtd.ibict.br), Google Acadêmico (https://scholar.google.com.br), BASE-Blelefeld Academic Search Engine (http://www.base-search.net/), Periódicos da Capes (http://www.periodicos.capes.gov.br), e Scielo (http://www.scielo.org), por apresentarem resultados mais relevantes para a comunidade científica. A pesquisa teve como interstício o período entre 2005-2015, levando em consideração que a teoria foi proposta por Siemens em 2004. A partir dos resultados das buscas, foi realizada uma análise dos artigos encontrados, descritos a seguir.

Resultado e discussão

A partir dos mecanismos de busca escolhidos foram encontrados no total de 462 artigos que tratavam do conectivismo na educação. Os dados encontrados revelam que cada vez mais o Conectivismo está sendo estudado e pensando em várias vertentes para o contexto educacional, o que permite que novas reflexões acerca do papel da escola e do professor na era digital, O gráfico 1 evidencia o resultado da pesquisa realizada retratando o que mais se discute nos trabalhos. Nesse contexto, observa-se que o conectivismo tem sido exaustivamente abordado como fundamento teórico para a elaboração de tecnologias a serviço da educação, tanto para formação básica e superior, como para capacitação de profissionais, bem como também um meio de promover uma aprendizagem socializada em ambientes virtuais. Sendo assim, são incontáveis as citações feitas, principalmente, a respeito de George Siemens e Stephen Downes. Suas respectivas obras Connectivism: A Learning Theory for the Digital Age (SIEMENS, 2004) e An Introduction to Connective Knowledge (DOWNES, 2005) sempre são encontradas como referências nas produções acadêmicas analisadas. Observa-se que o intuito de muitas produções é firmar o conectivismo como a teoria de aprendizagem do atual século, assim considerando-a usar seu ideal teórico para criar novas possibilidades de aprendizagem mediante o uso de tecnologias, promovendo interações em comunidades de prática; tornar a internet mais utilizada para fins educativos; socializar a aprendizagem e o acesso à dispositivos digitais; firmar o aluno como sujeito de sua aprendizagem e livre para aprender o que é do seu interesse ao mesmo tempo que escuta música e navega em outras janelas.

Gráfico 1

Temas mais recorrentes nos artigos

Conclusões

Percebe-se o claro contexto da teoria, sua relação com a tecnologia, a aprendizagem em rede, o conhecimento distribuído e as possíveis vantagens numa aprendizagem mediada pelo Conectivismo. Acreditamos que o conectivismo pode contribuir para o processo de ensino e aprendizagem, desde a formação inicial até a continuada, porém essa teoria ainda está incipiente nas salas de aula no Brasil. Necessita-se ampliar as discussões da teoria no âmbito acadêmico como forma de incentivar o uso do conectivismo como uma teoria da aprendizagem para a era digital.

Agradecimentos

LEUTEQ (Laboratório para Elaboração e Utilização de Tecnologias no Ensino de Química), CNPq, UAST, UFRPE.

Referências

CRESWELL, J. W. Research Design: qualitative, Quantitative, and Mixed Methods approaches. 3. ed. Sage Publications, Inc, 2009.
DOWNES, S. An Introduction to Connective Knowledge. 2005. Disponível em: <http://www.downes.ca/post/33034>. Acessado em: 10 Maio 2015.
LEITE, B. S. Tecnologias no ensino de química: teoria e prática na formação docente. Curitiba: Appris, 2015.
SANTOS, R. A. P. BOTELHO, S. S. C. BICHET, M. A. A. Ambientes Físico-Virtuais de Aprendizagem. Simpósio Brasileiro de Informática na Educação (SBIE 2014), Dourados-MS, 2014.
SIEMENS, G. Connectivism: A Learning Theory for the Digital Age. Instructional Technology and Distance Education, 2(1) 2004, p. 3-10.