Autores

Miranda, A.E.C. (UFPA) ; Gomes, J.S. (UFPA) ; Sousa, O.T. (UFPA) ; Fernandes, G.C. (UEPA) ; Amorim, A.E.O. (UFPA) ; Araújo, V.T.R. (UFPA) ; Silva, T.S. (UFPA) ; Sousa, R.L. (UFPA) ; Gomes, E.C. (UFPA) ; Morais, A.N. (UFPA)

Resumo

Os saberes populares têm se mostrado um instrumento complementar e significativo, que contribui para a aprendizagem dos conhecimentos científicos; no entanto, tem se observado, por parte dos professores e da escola, uma constante resistência no ensino que parte dos conhecimentos empíricos. Diante dessa problemática, este trabalho surge como uma possibilidade de instigar o resgate dos saberes populares para o ensino de Química. Para tanto, realizou-se uma oficina, com discentes do curso de Licenciatura em Química da UFPA, Paragominas – PA. Na ocasião foi proposto um debate com os alunos que mostraram interesse em resgatar os saberes populares. Desta forma, a pesquisa mostrou a possibilidade de usar esses saberes como alternativa metodológica para um ensino diferenciado.

Palavras chaves

Saberes Populares; Química; Ensino

Introdução

De modo geral e simplificado, a Química pode ser compreendida, basicamente, como o estudo das substâncias, sua composição, estrutura e suas propriedades. Essa ciência prioriza o estudo científico, que requer dados precisos através de experimentos. Desta forma, a ciência popular, acaba sendo excluída do universo científico e das aulas de Química; visto que, nesse panorama, os saberes populares são compreendidos como a cultura de cada povo, sem que haja a comprovação científica, podendo ser exemplificado por meio dos remédios produzidos artesanalmente, que são transmitidos de geração a geração, são encontrados, facilmente, no nosso cotidiano. “O saber popular é aquele que detém, socialmente, o menor prestígio, isto é, o que resiste a menos códigos. Talvez devêssemos recordar que este saber popular, em algum tempo, foi/é/será um saber científico” (CHASSOT, 2000, p.61). Desse modo, o objetivo deste trabalho é estimular os educadores a abordarem os temas de Química a partir dos saberes populares, para que assim, as riquezas de nosso dia-a-dia possam fazer parte das aulas aplicadas no ensino de Química; contribuindo, dessa forma, para um conhecimento mais consistente e mais próximo da realidade do alunado, conhecimento este que de fato faça sentido ao aluno. E nisso reside à importância desse trabalho, pois o que se tem verificado são alunos e professores, vitimas do ensino mecânico que tem se perpetuado por gerações; havendo, por isso, a necessidade de se resgatar os conhecimentos prévios, que os alunos trazem de casa para dentro da escola, lugar onde a ciência deve ser ensinada, sem que os saberes populares sejam suprimidos e ignorados.

Material e métodos

O trabalho foi aplicado em forma de oficina no dia 30 de maio de 2015, com 14 alunos da área urbana, do curso de licenciatura em Química, modalidade à distância da Universidade Federal do Pará, polo UAB Paragominas – PA, tendo duração de quatro horas. Na ocasião foi proposto um debate para ouvir as diversas opiniões dos estudantes quanto ao assunto. Em seguida fez-se uma exposição oral sobre a importância dos saberes populares como ferramenta para aprendizagem dentro da sala de aula, tomando como exemplo a produção do carvão; foram abordadas ainda, diversas técnicas que empregam a ciência Química como a produção e conservação de alimentos, lavagem de roupas, tinturarias, derivados do leite, fabricação de cervejas e refrigerantes, medicina caseira, ferraria, fundição e metalurgia, artesanato em couro, prevenção de insetos, melhoramento genético animal e vegetal, polinização e enxertia, floricultura e jardinagem, maturação e conservação de frutas e meteorologia. E por fim, foi aplicado um questionário com o intuito de verificar o conhecimento dos estudantes sobre os saberes populares e; se eles acreditam que a Química pode ser ensinada também por meio desses saberes. Além de ter sido proposto aos alunos para que eles fizessem uma pesquisa no município em forma de entrevista com uma pessoa idosa, a fim de levar as pessoas a pensarem e darem sugestões na forma como se pode materializar um ensino-aprendizado fora de sala de aula.

Resultado e discussão

O debate proposto mostrou que os discentes têm conhecimento sobre o assunto e reconhecem sua importância para o ensino de Química. Pois, consideram relevante a inserção dessa metodologia em sala de aula; tendo em vista se tratar de conhecimentos adquiridos no dia-a-dia, que envolvem o meio em que alunos e até professores estão inclusos. Mas como se tem observado tais saberes são esquecidos e ignorados pela escola e por muitos professores de Química. Assim, propôs-se aos futuros professores a possibilidade de se conciliar o ensino da Química com os saberes populares, os quais são desenvolvidos no âmbito familiar e rotineiro; o que facilita a abordagem de conceitos de Química com práticas do cotidiano. Assim, é possível utilizar esse método de ensino na perspectiva de se obter bons resultados em relação ao ensino-aprendizagem por meio de aulas dinâmicas, que estimulem a participação dos alunos. Delizoicov et al. (2009), enfatiza a importância de se explicar criticamente o mundo através do conhecimento científico, sendo o caminho, nem o único e nem o mais importante para explicar criticamente. Quanto aos dados obtidos por meio do questionário, verificou-se que 100% dos acadêmicos afirmaram ter conhecimento do assunto; 77,72% concordaram que é possível por meio dos saberes populares levar aos alunos o ensino de Química como uma metodologia diferenciada e; 22,28% discordaram dessa metodologia. Na figura 01 tem-se o debate, já na figura 02 segue trechos dos comentários de alguns discentes com relação à pergunta: com base em seus conhecimentos sobre os assuntos de química e saberes populares, faça uma entrevista ouvindo uma pessoa idosa de sua cidade, e dê sua opinião sobre o ensino-aprendizado fora de sala de aula.

FIGURA 01

DEBATE ENTRE OS DISCENTES SOBRE SABERES POPULARES.

FIGURA 02

COMENTÁRIOS REFERENTE A TERCEIRA PERGUNTA.

Conclusões

A pesquisa possibilitou a verificação do interesse que os discentes têm em resgatar esses saberes e aplicá-los no ensino de Química, bem como se mostraram dispostos a se tornarem profissionais dinâmicos e compromissados com a aprendizagem prévia do alunado, usando isso como instrumento a favor do melhor e mais eficaz aprendizado. Portanto, contextualizar conteúdos de Química e levar os saberes populares para sala de aula se apresenta como uma alternativa para educadores e futuros educadores de Química, que almejam integrar, contextualizar e possibilitar maior aprendizagem para seus alunos.

Agradecimentos

Agradecemos a Deus, familiares, amigos e aos discentes do curso Licenciatura em Química UFPA (Modalidade à Distância).

Referências

DELIZOICOV, J. A. A. et al. Ensino de Ciências: Fundamentos e Métodos. 3 ed. Edit. Cortez, São Paulo, 2009.

CHASSOT, A. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. Ijuí, UNIJUÍ, 2000.