Realizado em Teresina/PI, de 28 a 30 de Julho de 2013.
ISBN: 978-85-85905-05-7
TÍTULO: O USO DE MODELOS NA ABORDAGEM DE ISOMERIA DE COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO
AUTORES: Sousa, G. (IFPI) ; Feitoza, E. (IFPI) ; Paz, G. (IFPI)
RESUMO: Os alunos do curso de licenciatura em química, em sua maioria, sentem muita
dificuldade com o conteúdo de isomeria e principalmente quando seus conceitos
são aplicados em compostos de coordenação e isso se deve, principalmente, à
grande necessidade de imaginação causada pela abstração desse conteúdo. A fim de
suprir essa necessidade esse trabalho propôs uma forma alternativa de trabalhar
com o tema citado. Foram confeccionados modelos acessíveis e que pudessem ser
usados sempre que necessário. Usou-se materiais de baixo custo para montar
estruturas que representassem metais cercados por seus respectivos ligantes
monodentados e/ou bidentados de forma a demonstrar as diversas formas dos
compostos no espaço. Foi possível observar que os alunos aprovaram a nova
metodologia.
PALAVRAS CHAVES: Ensino de química; Modelos; Isomeria
INTRODUÇÃO: A maneira como alguns temas químicos específicos como: ligações químicas,
estruturas moleculares e estereoquímica são trabalhados leva o estudante
secundarista e também universitário a conceber a química como uma ciência
imaterial e impalpável, distante da realidade, isso se deve a dificuldade de
imaginar essas ideias em estruturas tridimensionais, isso provoca uma
considerável dificuldade na aprendizagem. (LIMA, 1999; Ferreira, 2007)
A experiência de lidar com aspectos distantes de nossos sentidos acaba
provocando uma sensação de inépsia e principalmente invulnerabilidade, assim
nasce a sensação de insegurança em lidar com o desconhecido. Essas sensações não
são ruins, pelo contrário, elas são essenciais para provocar a vontade de
descobrir o desconhecido. (FERREIRA, 2007)
A manipulação de modelos provoca em alunos o desenvolvimento de habilidades
cognitivas muito relevantes para a compreensão de fenômenos químicos
microscópicos, antes só imaginados. (MATHIAS, 2008)
O modelo pode ser definido pela interpretação parcial de um objeto, evento,
processo ou ideia, com intuito definido que pode ser o de melhor visualização,
possibilitar explicações, fundamentar novas ideias e previsões sobre
comportamentos, entre outros. (GILBERT e BOULTER, 1995)
Modelos são parte do centro de uma teoria, facilitando totalmente seu
entendimento e tornando simplificada sua visualização por parte de quem o deseja
entender, além disso um modelo possibilita a demonstração e a previsão de
comportamentos em determinados sistemas, assim faz-se imprescindível a
utilização de tal técnica para se trabalhar em todas as turmas. (FERREIRA, 2007)
O trabalho teve o objetivo de facilitar e maximizar a compreensão a respeito de
isomeria, mais especificamente, a isomeria em compostos de coordenação.
MATERIAL E MÉTODOS: A prática foi proposta para 20 alunos do 5º módulo do curso de licenciatura em
química do Instituto Federal do Piauí (IFPI) que cursavam a disciplina de
Inorgânica II. Para a confecção dos modelos utilizou-se: bolas de isopor (18 no
total, sendo 4 para representar os metais e as 14 demais para representar os
ligantes); arame; tinta; palitos para churrasco; canudos; pinceis de pelo. Tais
materiais foram utilizados por serem de baixo custo, fácil de manipulação e
acessíveis quando necessário. A montagem foi feita artesanalmente iniciando com
a pintura das bolas que representavam os metais centrais de uma cor padrão, o
preto, em seguida pintou-se bolas que simbolizassem os ligantes de outras cores
e algumas mais que demonstrassem a posição espacial das moléculas complexas,
ilustrando as respectivas isomerias, com cores diferentes, usou-se ainda palitos
de churrasco que simbolizavam a ligação metal-ligante e pedaços de arame
cercados por canudos para representar ligantes bidentados.
Com os modelos prontos a aula iniciou com o método tradicional que consistiu em
aula expositiva onde os alunos tiveram que tentar desenhar estruturas de
compostos de coordenação e diferenciar quanto aos diferentes tipos de isomerias,
porém como esperado, as dúvidas e dificuldades foram surgindo. Assim na
tentativa de sanar tais dificuldades começou-se mostrando o modelo que
representa complexo quadrado plano por ser mais simples e de melhor compreensão
para os alunos, seguido do tetraédrico e depois o octaédrico, seguindo desta
forma do mais simples ao mais complexo, deu-se durante a explanação diversos
exemplos. A avaliação quanto a utilização do modelo e seus efeitos na
aprendizagem foi realizada através da observação e dos questionamentos que
surgiram à medida que transcorria a prática.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os modelos adquiriram características lúdicas devido sua coloração variada e
assim estimular nos alunos a percepção de localização espacial dos átomos,
prendendo assim a atenção da turma. Desta forma houve uma perceptível da
interação da turma com os modelos o que levou a uma melhor compreensão do
conteúdo. Afinal segundo Gilbert, os modelos estão no centro de qualquer teoria,
são um dos principais produtos da ciência, são feitos para melhorar a
compreensão das teorias, assim tornam-se indispensáveis. (FERREIRA, 2007)
Constatou-se que a turma, apesar de se tratar de graduandos, ainda apresenta
dificuldade em compreender conceitos que exigem a imaginação no âmbito
tridimensional, além disso, mesmo munidos do modelo ainda apresentaram
dificuldade em adquirir o entendimento, mostrando assim que o modelo por si só
não é suficiente para um entendimento significativo, porém é uma ferramenta de
fundamental importância. Pôde-se observar ainda que noções básicas como: centro
metálico, ligante monodentado, ligante bidentado, entre outros foram
compreendidos pela visualização dos modelos, sendo essa mais uma aplicação
encontrada para o modelo usado.
CONCLUSÕES: O uso de modelos mostrou não ser por si só suficiente para uma aprendizagem
significativa, porém é parte fundamental no entendimento de qualquer teoria em
qualquer ambiente de aprendizagem. A nova metodologia demonstrou aceitação por
parte da turma, pois todos se mostraram receptivos, fato que colaborou para o
sucesso da abordagem.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. LIMA, M. B. e LIMA P. de. Construção de modelos para ilustração de estruturas moleculares em aulas de química. Química Nova. Nº 22, p. 903-906. 1999.
2. MATHIAS, G. N. e AMARAL, C. L. Uso de um modelo pedagógico para iniciar o conteúdo de química orgânica. Em: XIV Encontro Nacional de Ensino de Química. Paraná. 2008.
3. GILBERT, J. K. e BOULTER, C.J. Stretching models too far. Annual Meeting of the American Educational Research Association. San Francisco, 1995.
4. EICHLER, M. Os modelos abstratos na apreensão da realidade química. Investigación Educativa. Nº 12, p. 61-71. 2001.
5. FERREIRA, P. F. Modelagem e o “fazer ciência”. Química Nova na Escola. Nº28. p. 32-36. 2007