Realizado em Teresina/PI, de 28 a 30 de Julho de 2013.
ISBN: 978-85-85905-05-7
TÍTULO: Experimentos demonstrativos-investigativos em aulas de ciências do 6° ano do Ensino Fundamental
AUTORES: de Miranda, Y.C. (UFPB) ; dos Santos, I.M.G. (UFPB) ; Fonseca, M.G. (UFPB)
RESUMO: A experimentação tem sido apontada como um recurso didático no ensino de Ciências devido principalmente a motivação dos discentes e facilitar o ensino-aprendizagem. Neste trabalho, experimentos demonstrativo-investigativos foram aplicados em uma turma de ciências do ensino fundamental visando a verificar a sua influência no desenvolvimento dos alunos no 6º ano antes, durante e após o processo. A partir da análise dos dados verificou-se inicialmente, que boa parte dos alunos apresentou dificuldade e envolvimento na metodologia aplicada, mas ao longo do semestre houve uma melhoria na capacidade de observação e na relação prática/teoria. Conclui-se, que a experimentação demonstrativa/investigativa baseada na construção de idéias apresentou bons resultados quanto ao desempenho dos alunos.
PALAVRAS CHAVES: Ensino de ciências; experimentação demonstrat; ensino fundamental
INTRODUÇÃO: Segundo Silva (2001) “O estudo das ciências possibilita ao homem conhecer a si próprio, entender suas relações com os demais seres vivos, e desvendar os fenômenos que se manifestam no meio ambiente”. Assim, o indivíduo se torna capaz de conhecer e compreender as mudanças ocorridas no mundo, de maneira mais realista, sem que a ciência seja tida como um saber imutável e inquestionável. Segundo os PCN´s, as escolas ainda adotam o método de ensino tradicional que baseia-se na transmissão dos conhecimentos pelos professores por meio de aulas expositivas e a reprodução de informações pelos alunos. Este método de ensino tem sido discutido por muitos estudiosos da área da educação (SILVA, 2001; YAREMA, 2009; BEVILACQUA, 2007; CUNHA, 2012), sendo apontado como uma das causas do fracasso escolar. Assim, durante muito tempo, nas escolas, “o conhecimento científico foi considerado um saber neutro, isento, e verdade científica, tida como inquestionável” (BRASIL, 1998). Porém com o avanço tecnológico e científico, o ensino de ciências precisou de novas propostas pedagógicas, que visassem a melhoria do ensino. Com base nessa idéia, a experimentação é um eixo articulador (BUENO, et al.; IMBERNON, et al.) permitindo que se crie um ambiente de reflexão, desenvolvimento e construção de idéias, ligados ao conhecimento de procedimentos e atitudes (BRASIL, 1998). A problematização e os questionamentos são fundamentais para a realizaçao desta metodologia, pois funcionam como guia para as observações feitas pelos alunos. No presente trabalho, foram aplicadas atividades experimentais demonstrativas, buscando melhorar o processo de aprendizagem dos alunos na abordagem de conceitos e fenômenos químicos relacionados aos estados da matéria e as mudanças entre eles.
MATERIAL E MÉTODOS: O universo da pesquisa foi uma turma de trinta alunos do 6° ano do ensino fundamental II com idades variando entre dez e doze anos, sendo um deles portador de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Foi desenvolvida uma pesquisa de natureza qualitativa quantitativa e a partir observação direta do desenvolvimento dos alunos antes, durante e depois da aplicação de experimentos demonstrativos. Optou-se por materiais de baixo custo, fácil obtenção e manuseio. As atividades experimentais envolveram os estados de agregação e as mudanças entre eles, sendo selecionados da literatura, adaptados e planejados conforme sugestões de Oliveira (2010) visando potencializar a aprendizagem. As etapas foram: a) antes da atividade experimental planejada, os alunos tomaram conhecimento do procedimento sendo questionado o que eles pensavam que iria ocorrer; b) ao realizar o experimento, os alunos foram incentivados a observar as etapas do procedimento, registrando o que lhes chamou mais atenção; c) depois de realizar a atividade, foi solicitado que eles explicassem o experimento apresentado. Neste ponto, foram feitas as intervenções a partir das observações realizadas pelos alunos se discutindo os fundamentos que explicavam os fenômenos, comparando as explicações atuais com as prévias. d) Finalmente foi aplicada alguma atividade de verificação para que os alunos em grupo pudessem discutir entre si a respeito dos fenômenos e dos conteúdos científicos estudados na aula. Foram utilizados como instrumento de coleta de dados: a) observação direta do comportamento dos alunos diante da aplicação de aulas expositivas e dos experimentos; b) registro das observações por meio de um diário de classe e c) análise do desempenho (qualitativa) e avaliações (quantitativas)
RESULTADOS E DISCUSSÃO: As cinco atividades experimentais desenvolvidas foram Experimento 1: Formação da chuva, Experimento 2: O volume do ar sob influência da temperatura, Experimento 3: O comportamento do ar com aquecimento , Experimento 4: O comportamento do ar com resfriamento, Experimento 5: Formação e comportamento do gás carbônico sob a influência da temperatura. Será descrito os resultados referentes ao experimento da chuva. Nessa etapa, observou-se que os alunos fizeram a associação dos passos que tinham ligação com a experiência de forma satisfatória, apesar de boa parte ainda ter apresentado grande dificuldade no uso de uma linguagem mais científica, o que mostra a necessidade estimular este tipo de comunicação. Na avaliação constatou-se que os conceitos de transformações físicas da água foram respondidos pela maioria dos alunos com facilidade. Já a questão discursiva que integrava todo fenômeno de formação da chuva, a maioria dos alunos não conseguiu responder, apresentando grande dificuldade em reorganizar as idéias de forma escrita. Muitos deles colocavam a resposta dividida em etapas como: “a água evapora depois vira água de novo e depois cai” ou respondiam de forma incompleta: “a água evapora e vira líquido”. Alguns alunos responderam corretamente, usando uma linguagem um pouco mais científica, mas ao invés de explicarem o processo de formação da chuva, descreveram o que acontecia no experimento demonstrado na aula como: “A água evapora e o vapor da água entra em contato com a tampa que está fria, se condensa e cai novamente no estado líquido”. Poucos alunos apresentaram a descrição completa do processo de formação da chuva. O desenvolvimento de atividades experimentais associando conceitos estudados separadamente com um fenômeno, não foi facilmente assimilado.
CONCLUSÕES: Com o desenvolvimento das aulas experimentais demonstrativas, associadas às aulas teóricas baseadas na construção de idéias, sem estabelecimento de respostas prontas e imediatas, verificou-se que a maioria dos alunos demonstrou mais motivação, atenção e melhor aprendizagem. A metodologia favoreceu o diálogo entre os alunos e o professor, e entre os colegas de turma. Além disso, o uso da metodologia experimental demonstrativa nas aulas de Ciências estimulou os alunos além das aulas experimentais, aumentando o interesse em compreender os conceitos apresentados.
AGRADECIMENTOS: Aos alunos, professores e funcionários da Escola Municipal de Ensino Fundamental Aruanda de João Pessoa,PB e ao LACOM/CCEN/UFPB.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BEVILACQUA, 2007. O ensino de Ciências na 5ª série através da experimentação. Ciência & Cognição, 10: 84-92.
BRASIL, 1998. Parametros Curriculares Nacionais. Brasília: Ministério da Educação, 01-90.
BUENO, L.; MOREIRA, K. C.; SOARES, M.; DANTAS, D. J.; WIEZZEL, A. C. S.; TEIXEIRA, M. F. S. 2007. O ensino de química por meio de atividades experimentais: A realidade do ensino nas escolas. Encontro do Núcleo de Ensino de Presidente Prudente, 2.
CUNHA, M. B. 2012. Jogos no Ensino de Química: Considerações Teóricas para sua Utilização em Sala de Aula. Química Nova na Escola, 34: 92-98.
IMBERNON, R. A. L.; TOLEDO, M. C. M.; HONÓRIO, K. M.; TUFAILE, A. P. B.; VARGAS, R. R. S.; CAMPANA, P. T.; FALCONI, S.; MALACHIAS, M. E. I. 2009. Experimentação e interatividade (HANDS-ON) no ensino de Ciências: A prática na práxis pedagógica. Experiências em Ensino de Ciências, 4: 79-89.
SILVA, S. F.; NÚÑEZ, I. B. 2001. O ensino por problemas e trabalho experimental dos estudantes - reflexões teórico-metodológicas. Química Nova, 25: 1197-1203.
YAREMA, D. 2009. O ensino de ciências na educação de jovens e adultos: a prática de laboratório. Disponível em: < http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2441-8.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2013.