Realizado em Teresina/PI, de 28 a 30 de Julho de 2013.
ISBN: 978-85-85905-05-7
TÍTULO: Introdução às Questões Ambientais no Ensino de Química – Uma Conscientização dos Atos
AUTORES: Gonçalves, E.B. (UFRJ) ; Matos, R.R. (UFRJ) ; Brandão, J. (SEEDUC/RJ) ; Mendes da Silva, J.F. (UFRJ) ; Oliveira Guerra, A.C. (UFRJ)
RESUMO: Esse trabalho teve como propósito introduzir questões ambientais no Ensino Médio
relacionando-os aos conteúdos previstos pelo currículo mínimo para o primeiro
bimestre da 1ª série. Os alunos passaram por uma avaliação diagnóstica de seus
conhecimentos prévios sobre disposição e tratamento de lixo, água e esgoto,
debateram em sala de aula sobre os mesmos assuntos e elaboraram um trabalho no
qual buscaram relacionar conteúdos, como transformações físicas e químicas e
processos de separação de misturas, com o tema. Com isso, pretendeu-se
proporcionar aos alunos não só um melhor aproveitamento do conteúdo programático,
mas também estimulá-los a uma reflexão acerca do seu papel no meio ambiente.
PALAVRAS CHAVES: Educação Ambiental; Sustentabilidade; Ensino de Química
INTRODUÇÃO: A Química Ambiental pode ser definida como o estudo dos processos químicos que
ocorrem na natureza, sejam eles naturais ou antropogênicos, e que comprometem a
saúde humana e a do planeta (Manahan, 1994; Cortes Junior, Corio e Fernandez,
2009).
A crescente escassez de recursos naturais, somada ao crescimento desordenado da
população, aumenta a intensidade dos impactos ambientais. Surge, então, o
conflito da sustentabilidade dos sistemas econômico e natural, fazendo do meio
ambiente um tema estratégico e urgente, que também se reflete no campo
educacional. Nesse sentido, uma questão muito discutida nas escolas é o descarte
do lixo, já que a associação do crescimento populacional à intensa urbanização e
às mudanças de consumo mudou o perfil do lixo brasileiro, porém sem que se
criassem as medidas necessárias para dar ao lixo um destino adequado (Fadini e
Fadini, 2001).
Segundo RUA e SOUZA (2010), o avanço tecnológico tem sido associado à degradação
do meio ambiente, o que faz crescer o interesse pela Educação Ambiental,
tentando resgatar a participação dos cidadãos na solução dos problemas
ambientais. Nesse contexto, considerando relevante inserir a temática ambiental
no ensino de química e, de acordo com as ideias de Schnetzeler (2002), buscando
a implementação de mudanças nos processos de ensino-aprendizagem, bolsistas do
PIBID-Química desenvolveram um trabalho com alunos da 1ª série do ensino médio
do Colégio Estadual Stella Matutina, localizado em Jacarepaguá, no Rio de
Janeiro, relacionando o tema com os conteúdos iniciais dessa série. Pretendeu-se
proporcionar aos alunos não só um melhor aproveitamento do conteúdo
programático, mas também estimulá-los a uma reflexão acerca do seu papel no meio
ambiente.
MATERIAL E MÉTODOS: Inicialmente, as bolsistas aplicaram um questionário com perguntas sobre coleta
seletiva, destino do lixo e tratamentos de água e esgoto, com o intuito de
diagnosticar o nível de conscientização dos alunos. Em seguida, foi preparada
uma aula, com duração de 50 minutos, cujo tema central era o destino do lixo. As
bolsistas do PIBID realizaram uma apresentação, na forma de slides, sobre o
descarte do lixo. Foi feito um breve histórico sobre o surgimento do lixo e, em
seguida, foram mostradas as principais diferenças entre lixão, aterro
controlado, aterro sanitário e aterro industrial. Além disso, os alunos
assistiram a um vídeo sobre tratamentos de água e esgoto. Por fim, com o intuito
de aproximar os conteúdos estudados em sala de aula à vida dos alunos e assim
minimizar a falsa impressão de que o que se estuda “não serve pra nada”, mas, ao
contrário, é importante para seu bem estar e vida social, cada turma foi
dividida em dez grupos de, aproximadamente, quatro integrantes que anotaram, em
folha separada, informações apresentadas na aula relativas aos conteúdos já
estudados no bimestre, discutiram entre si e, na aula seguinte, entregaram um
trabalho resultante da discussão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Segundo os dados coletados no questionário, a maioria dos alunos mostrou saber o
que é coleta seletiva, as diferenças entre aterro e lixão e como é feito o
tratamento de água. Entretanto, a maioria disse não saber como se trata o
esgoto. Em virtude disso, foi preparada uma aula cujo tema central era o destino
do lixo. Durante a apresentação, notou-se grande interesse por parte dos alunos
que mostraram surpresa, por exemplo, ao saber que a produção de lixo pode ser
utilizada, inclusive, para medir o desenvolvimento de uma nação. Muitos
comentaram sobre como o lixo é descartado na vizinhança, contribuindo para a
geração de esgotos a céu aberto, outros afirmaram fazer a separação de
determinados lixos em casa ou que conheciam locais que fazem coleta seletiva.
No final da aula, os alunos se reuniram em seus grupos para relacionar o tema
aos conteúdos estudados no bimestre. Nesse momento, muitos revelaram sentir
dificuldade em fazer a correlação e, por isso, foram orientados a pesquisarem e
debaterem mais sobre o assunto em casa, para, em seguida, organizarem suas
ideias em um trabalho de pesquisa entregue na aula seguinte.
Apesar das orientações e do esforço dos discentes, muitos não compreenderam a
proposta, o que já era esperado, já que a maioria está habituada a realizar
tarefas de forma mecânica. No entanto, alguns fizeram boas correlações como:
destacar os tipos de misturas e métodos de separação presentes no tratamento de
água/esgoto; ressaltar fenômenos químicos provenientes das reações que ocorrem
no lixão; ressaltar os estados físicos dos materiais presentes nos lixões; entre
outros. Observou-se que os alunos se preocuparam bastante em dissertar sobre os
vídeos e a apresentação no intuito de mostrar que absorveram o assunto.
CONCLUSÕES: A proposta feita pelas bolsistas contribuiu para a mudança do ensino tradicional
para outro em que o diálogo é estabelecido com os alunos, agregando conhecimentos
e mostrando-se que a Química está inserida em suas realidades. Ao trazer um
assunto tão abrangente e cheio de controvérsias como “lixo” para o universo dos
alunos, além de tentar superar a questão anterior, foi possível trabalhar o
conteúdo disciplinar, estimular o pensamento e a formação de opinião, bem como
promover a conscientização ambiental.
AGRADECIMENTOS: Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID, da
CAPES-Brasil; CE Stella Matutina.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: MANAHAN, S.E. Environmental chemistry. Boca Ratón: Lewis, 1994.
CORTES JUNIOR, L. P., CORIO, P., FERNANDEZ, C. As representações sociais de Química Ambiental dos alunos iniciantes na graduação em Química. Química Nova na Escola, 2009, vol.31, Nº1, p. 46-54.
FADINI, P. S., FADINI, A. A. B. Lixo: desafios e compromissos. Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola, 2001, Edição especial, p.9-18.
RUA, E. R., SOUZA, S. A. Educação ambiental em uma abordagem interdisciplinar e contextualizada por meio das disciplinas Química e estudos regionais. Química Nova na Escola, 2010, Vol. 32, nº2, p.95-100.
SCHNETZLER, R.P. A pesquisa em ensino de Química no Brasil: conquistas e perspectivas. Química Nova, 2002, Vol. 25, supl. 1, p. 14-24.