Realizado em Teresina/PI, de 28 a 30 de Julho de 2013.
ISBN: 978-85-85905-05-7
TÍTULO: PLANTAS MEDICINAIS: RISCOS POR USO INDISCRIMINADO
AUTORES: Araujo, M.R.S. (UFPI) ; Oliveira, M.E. (UFPI)
RESUMO: Muitos métodos terapêuticos utilizados pela medicina tem como base o
aproveitamento de ervas, folhas e raízes, e muita gente erroneamente acredita que
por ser produto de origem natural não poderá fazer mal à saúde. Este trabalho
teve como objetivo incentivar os educadores a esclarecer e alertar os discentes
sobre o uso indiscriminado de plantas medicinais que pode levar a intoxicação pelo
consumo inadequado. Para isso, foi realizado um levantamento bibliográfico e
entrevista com alunos de uma turma do terceiro ano do ensino médio. Ficou evidente
que, a medicina caseira tem grande importância na vida da população e que mesmo
com o consumo freqüente dessas plantas, a comunidade não tem o conhecimento
necessário sobre os riscos que elas representam por seu consumo inadequado.
PALAVRAS CHAVES: Plantas medicinais; Uso indiscriminado; Fitoterápicos
INTRODUÇÃO: Grandes civilizações desde os primórdios buscavam nas plantas não só recursos
alimentícios, mas a compreensão de técnicas e subsídios aos desafios de
sobrevivência humana. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), planta
medicinal pode ser definida como “todo e qualquer vegetal que possui, em um ou
mais órgãos, substâncias que podem ser utilizadas com fins terapêuticos”. Mas,
as pessoas que as utilizam não se atentam aos devidos cuidados com suas
propriedades. Cerca de 80% da população utiliza e faz uso da medicina popular
para tratar doenças e vale ressaltar que esse tipo de tratamento necessita das
mesmas precauções da medicina convencional. Na segunda metade do século XX houve
uma evolução significativa na medicina, porém as dificuldades de acesso aos
medicamentos associados à acessibilidade das plantas medicinais contribuíram
para que o uso dessas plantas continuasse presente na vida das pessoas,
principalmente as de baixa renda, que devido às dificuldades financeiras
encontram nas plantas medicinais uma alternativa barata e acessível para a cura
de doenças (VEIGA JUNIOR et al., 2005 apud CASTRO,2006). No Brasil é comum a
utilização de plantas medicinais sem conhecimento da composição química,
levando a utilização somente por indicações populares, o que não oferece
garantias suficientes para um uso seguro (MACIEL et al., 2002; AMOROZO, 2002
apud CASTRO, 2006). Diante dessas observações, esse trabalho pretende incentivar
os educadores a esclarecerem os discentes sobre o uso indiscriminado de plantas
medicinais, bem como despertar o saber da comunidade local e oferecer aos alunos
subsídios para utilização mais adequada desta, além de orientar acerca da
possibilidade de intoxicação e sobre os critérios para comercialização dos
fitoterápicos.
MATERIAL E MÉTODOS: Este trabalho foi desenvolvido através da aplicação de questionário na Unidade
Escolar Lima Rebelo, localizado na cidade de São Miguel do Tapuio - PI, em uma
turma do 3º ano do ensino Médio. Na abordagem os alunos foram analisados quanto ao
conhecimento do uso das plantas medicinais, enfocando os riscos causados pelo uso
indiscriminado. Participaram da investigação 11 alunos, sendo 5 homens e 6
mulheres.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O primeiro questionamento foi sobre o uso das plantas como fonte terapêutica e a
suposta garantia de segurança, onde 90% mostraram preocupação quanto ao uso das
plantas medicinais como garantia de vida saudável. Em relação à postura do SUS
quanto ao uso, regulamentação e fiscalização das plantas medicinais (Figura 1),
10% dos entrevistados acreditam na competência do SUS em cuidar e analisar os
possíveis riscos com o uso dos fitoterápicos a saúde pública. Porém, 90% dos
alunos acreditam que a medicina popular não deve ser fiscalizada. Sobre o efeito
terapêutico e a relação entre o tipo de solo ou região, 75% dos alunos disseram
existir pouca relação entre o efeito terapêutico das plantas e a região de
coleta e 20% afirmaram o contrário. Para 90% dos alunos, o fator que mais
contribui para o uso das plantas medicinais é a falta de recursos financeiros
para a compra de medicamentos. A maioria dos alunos também afirma desconhecer os
riscos pelo consumo das plantas medicinais e 60% dizem não saber dos cuidados
que se devem ter. O questionário abordou também a utilização das plantas
medicinais como parte da historia da humanidade, onde 95% dos discentes
acreditam que o surgimento da medicina popular tem origens na cultura indígena.
Foi discutida também a definição de planta medicinal, e 60% dos alunos não sabe
descrever o que é uma planta medicinal. Quando questionados sobre como os órgãos
competentes poderiam contribuir para aumentar o conhecimento da população sobre
o uso adequado das plantas (Figura 2), as opiniões foram bem divididas, 40%
disseram que deveria haver visitar nas residências, 40% fiscalização nos pontos
de vendas das plantas e 20% declararam que deveria existir divulgação das
espécies tóxicas em programas educativos para a população.
Figura 1
Postura que o SUS deveria ter diante do uso das
plantas medicinais.
Figura 2
Incentivo dos órgãos competentes sobre as plantas
medicinais
CONCLUSÕES: Esse estudo qualitativo mostrou que os alunos têm na sua maioria o conhecimento
sobre a ação das plantas medicinais, considerando importante os cuidados que
devemos ter com o consumo inadequado das mesmas. Fica evidente que a medicina
caseira tem grande importância na vida da população, principalmente daqueles que
tem um poder aquisitivo reduzido, sendo uma das principais maneiras de cura de
enfermidades. Porém, mesmo com o consumo freqüente dessas plantas, observa-se que
a população não tem o conhecimento necessário sobre os riscos que elas representam
através do seu consumo inadequado.
AGRADECIMENTOS: A Unidade Escolar Lima Rebelo e ao curso EAD- Química (CEAD/UFPI) pelo apoio na
pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº. 06 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Brasília-DF, 1999. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/6_99.htm>. Acesso em: 01/12/2011.
CASTELLANO, O. Introdução à fitoterapia. São Paulo: Ed. USP, 1981
FILHO, V. C, YUNES; R.A. Estratégias para obtenção de compostos farmacologicamente ativos a partir de plantas medicinais. Conceitos sobre a modificação estrutural para otimização da atividade. Química nova, v. 21, n. 1, 1998.
JÚNIOR, V.F. V; PINTO, A.C.; MACIEL, M. A. M. Plantas medicinais: cura segura?Química nova, vol. 28, n° 3, 2005.