Realizado em Teresina/PI, de 28 a 30 de Julho de 2013.
ISBN: 978-85-85905-05-7
TÍTULO: RECUPERAÇÃO DE SOLVENTES: Uma Proposta Pedagógica e Sustentável para Aulas Experimentais de Química.
AUTORES: Maia, J.C. (UFPI) ; Freitas, A.R. (UFPI) ; Fernandes, D.G.S. (UFPI) ; Batista, F.S.C.L. (UFPI) ; Sales, F.A.M. (UFC) ; Rios, M.A.S. (UFPI)
RESUMO: Neste trabalho é apresentado um procedimento de purificação dos constituintes
majoritários do LCC técnico, cardanol e cardol, fazendo uso de solventes
recuperados como fase móvel da coluna cromatográfica. Os resultados obtidos
mostraram que os solventes recuperados foram eficazes no procedimento de
separação. Observou-se ainda que, esta forma pedagógica constitui uma alternativa
sustentável de trabalho, despertando nos alunos a conscientização ambiental sobre
recuperação de resíduos laboratoriais, os quais apresentam riscos ao meio
ambiente, se descartados de maneira inadequada.
PALAVRAS CHAVES: Química verde; Reutilização; Solventes
INTRODUÇÃO: A Química Verde procura consolidar um novo campo de pesquisas, reforçando a
necessidade de se incluir na formação acadêmica, conteúdos que buscam superar a
química tradicional (Leal e Marques, 2008).
O conhecimento da química verde nos cursos de química é imprescindível,
pois promove nos alunos compreensão a cerca da problemática ambiental e os
incentiva a assumirem uma postura ética, que os leva não somente à busca por
medidas remediadoras, mas também mitigadoras.
Sabe-se que a recuperação e descarte de solventes são tópicos
fundamentais que possuem relevantes aspectos econômicos e ambientais. A não
recuperação desses gera um maior custo em termos de tratamento de efluentes e um
desperdício de um material que poderia ser reaproveitado (SANSEVERINO, 1999).
Diante disso, o laboratório do Grupo de Inovações Tecnológicas e Especialidades
Químicas (GRINTEQUI) – UFPI realiza o reaproveitamento dos solventes utilizados
em seus procedimentos experimentais de rotina.
Considerando-se ainda que, a inserção da perspectiva ambiental nas
práticas pedagógicas torna-se cada vez mais necessária na academia, este
trabalho visa mostrar um processo de separação dos constituintes majoritários do
Líquido da Casca da Castanha de caju (LCC técnico), cardanol e cardol,
utilizando solventes recuperados (hexano, clorofórmio e acetato de etila) como
fase móvel da coluna cromatográfica.
MATERIAL E MÉTODOS: Os solventes residuais foram coletados nos laboratórios do Grupo de Inovações
Tecnológicas e Especialidades Químicas - GRINTEQUI e do Grupo de Produtos
Naturais – LPN, ambos da UFPI, sendo todos os solventes provenientes do descarte
de suas atividades de pesquisa. Os solventes utilizados foram submetidos a um
processo de destilação, o qual tornou possível a sua reutilização como fase
móvel da cromatografia em coluna.
No processo de purificação dos constituintes majoritários do LCC técnico, por
coluna cromatográfica, utilizou-se como eluente a mistura binária hexano e
clorofórmio (1:1), ambos recuperados para a obtenção do cardanol puro. Para a
separação do cardol ultilizou-se acetato de etila recuperado. O processo de
separação dos constituintes do LCC foi monitorado por cromatografia em camada
delgada (CCD). Sílica gel 60 (Merck) - granulometria entre 70 e 230 mesh (63 –
200 µm) - foi empregada como fase estacionária.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os solventes recuperados (hexano, clorofórmio e acetato de etila) foram
empregados na separação dos constituintes do LCC técnico. O monitoramento do
processo de purificação em coluna cromatográfica foi realizado por CCD (Figura
1), utilizando como eluente a mistura hexano/clorofórmio (1:1) para separação do
cardanol e acetato de etila para obtenção do cardol.
As frações coletadas apresentaram fator de retenção semelhante aos seus
respectivos padrões (Figura 1A e 1B), comprovando que o uso dos solventes
recuperados promoveu resultados comparáveis aos obtidos com metodologia similar,
utilizando solventes novos. Neste sentido, a proposta de reutilizar solventes
recuperados, obtidos por meio de um sistema de destilação simples (Figura 2) foi
efetiva, uma vez que evitou o descarte inapropriado destes materiais, dando uma
destinação final ambientalmente correta aos resíduos considerados prejudiciais
ao meio ambiente.
A aplicação desse experimento nos cursos de química abrange conceitos
importantes da Química Verde, Produção mais Limpa e Atuação Responsável, os
quais estimulam o aluno a identificar o problema ambiental relacionado às
atividades laboratoriais, criando ferramentas para o seu tratamento e evitando
uma possível contaminação do meio ambiente.
Figura 1 - Cromatoplacas
A1: Padrão de cardanol; A2 e A3: Cardanol
purificado com solventes recuperados. B1: Padrão
de cardol; B2: Cardol purificado com solvente
recuperado.
Figura 2 - Sistema de destilação simples.
Sistema de destilação simples utilizado no
laboratório GRINTEQUI para recuperação de
solventes.
CONCLUSÕES: O presente trabalho mostrou a importância da reutilização de solventes, tornando-
se uma experiência de notável significância para alunos dos cursos de Química e
áreas correlatas, uma vez que, desperta a consciência em relação às práticas
sustentáveis e os instrui a atuar segundo os preceitos da Química Verde. Além
disso, a reutilização de solventes contribui para a minimização da geração de
resíduos químicos, os quais são prejudiciais ao meio ambiente, se descartados sem
prévio tratamento.
AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem a UFPI, CNPq, CAPES, FAPEPI, GRINTEQUI e LPN.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: LEAL, A. L., MARQUES, C. A. 2008. O Conhecimento Químico e a Questão Ambiental na Formação Docente. Química Nova, 29: 30- 33.
SANSEVERINO, A. M. 1999. Síntese Orgânica Limpa. Química Nova, v. 23, n.1: 102 – 107.