Realizado em Teresina/PI, de 28 a 30 de Julho de 2013.
ISBN: 978-85-85905-05-7
TÍTULO: ABORDAGEM DO TEMA ESPONTANEIDADE NOS LIVROS DIDÁTICOS E SUAS IMPLICAÇÕES NA FORMAÇÃO DOS LICENCIANDOS EM QUÍMICA
AUTORES: Oliveira, B.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Fechine, P.B.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Romero, F.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ)
RESUMO: O ensino de Química deve buscar contemplar os alunos na sua formação como cidadãos críticos e participativos, o que hoje se concebe como alfabetização científica e ensino contextualizado. Desta forma, este trabalho se propõe a analisar e avaliar como os livros didáticos abordam processos espontâneos e irreversíveis, e as implicações desta abordagem para alunos do Ensino Médio e Superior. Dos cinco livros recomendados e analisados apenas um livro aborda de forma adequada a temática, o que se reflete nas concepções dos alunos acerca dos fenômenos espontâneos, onde percebemos muitas concepções advindas do senso comum bem como um número insatisfatório de acertos perante ao questionário.
PALAVRAS CHAVES: Espontaneidade; Contextualização; Ensino de Química
INTRODUÇÃO: A disciplina Química está presente nos currículos escolares brasileiros desde as primeiras décadas do século XX, tendo-se instituído como um componente curricular com a Reforma Francisco Campos (1931), a qual já apontava naquele momento, a necessidade de pensar um ensino de Química que fosse articulado com o cotidiano (BRASIL, 2011).
Porém, o que geralmente existe na escola é um ensino de Química desconexo do cotidiano, prevalecendo a memorização de fórmulas químicas, o que não reflete no aprendizado efetivo do aluno. Acredita-se que essas características ocasionam um ensino descontextualizado e alheio a vida do educando, tornando os assuntos complexos, de pouco entendimento e sem aplicabilidade na vida do educando, refletindo na não inserção do aluno na sociedade como um agente crítico e participativo (CARDOSO; COLINVAUX, 2000). Segundo Chassot (2003) o currículo atual deve ser concebido de acordo com os aspectos sociais e pessoais dos alunos.
O aprendizado de Química pelos alunos de Ensino Médio implica que eles compreendam as transformações químicas que ocorrem no mundo físico de forma abrangente e integrada (BRASIL, 2000). Através do conhecimento químico pautado nos eventos cotidianos é que o aluno compreenderá de forma científica o mundo ao seu redor, desfazendo-se de mitos e/ou senso comum, e partindo para um conhecimento formal que fora testado e modificado ao passar do tempo, ou seja, o aluno será alfabetizado cientificamente.
A explicação dos fenômenos deve ser a pedra fundamental do ensino de Química, sendo capaz de explicar os fenômenos que ele está inserido. Este trabalho propõe analisar os livros didáticos utilizados no Ensino Médio focando a espontaneidade de um fenômeno químico e as implicações que podem surgir na abordagem ou não destes assuntos.
MATERIAL E MÉTODOS: O desenvolvimento deste trabalho se deu em três etapas básicas, a saber: a) avaliação dos livros didáticos recomendados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) em um total de cinco livros; b) a aplicação de um questionário com alunos do terceiro ano do Ensino Médio e alunos do primeiro semestre do curso de Licenciatura em Química; c) aplicação de um segundo questionário nas mesmas turmas anteriores que buscou saber se os alunos conhecem os fatores responsáveis pela espontaneidade de um fenômeno químico.
Os questionários foram aplicados em duas escolas de Ensino Médio de Itapipoca, (uma escola profissional e uma escola regular) escolhidas de forma aleatória, e com os alunos do primeiro semestre do curso de Licenciatura em Química da Universidade Estadual do Ceará, também no localizada no município de Itapipoca, totalizando 108 alunos como público pesquisado.
Após a aplicação dos questionários os dados foram tratados de forma estatística para as questões objetivas e a análise dos discursos de maior ocorrência foi realizada para as questões subjetivas para avaliação total dos resultados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Dos cinco livros recomendados pelo PNLD apenas um (1) trata de maneira adequada e contextualizada o conteúdo em questão, abordando temas como entropia, energia livre e os fatores que podem determinar se um fenômeno é espontâneo.
Este fato nos chamou atenção e causou preocupação, devido os programas do Ensino Médio do Estado do Ceará e do Vestibular e/ou ENEM cobram estes conteúdos específicos. Outro fator que incomodou foi a utilização de livros que não foram recomendados pelo PNLD, como foi constatado na Escola Regular que ainda se utiliza de um livro de uma versão anterior do programa PNLD.
No primeiro questionário, tantos os alunos do ensino médio quanto os alunos do curso de Licenciatura em Química obtiveram índices satisfatórios de acertos que pode ser visto através do gráfico 1.
Ainda em relação ao primeiro questionário, havia uma pergunta discursiva que pedia aos alunos para que eles descrevessem um fenômeno espontâneo e as respostas colhidas foram muito simples. A resposta com maior frequência é que o fenômeno espontâneo é “aquele que ocorre por si só” que mostra a falta de uma concepção adequada sobre um fenômeno espontâneo nem de conceitos como energia livre e entropia.
Contudo, em relação ao segundo questionário, o que foi constatado é que como as perguntas foram mais específicas, os alunos não conseguiram definir de maneira satisfatória o fator responsável pelos fenômenos espontâneos como demonstrado no gráfico 2.
Gráfico 1
Resultados do Primeiro Questionário
Gráfico 2
Resultados do Segundo Questionário
CONCLUSÕES: Através deste trabalho, pode-se constatar que é necessária uma melhor abordagem nos livros didáticos sobre essa temática de espontaneidade e irreversibilidade de um fenômeno químico, aplicando exemplos do cotidiano dos alunos e contemplando os tópicos específicos de entropia e energia livre que são os fatores determinantes para a espontaneidade dos fenômenos. A não abordagem destes tópicos pelos livros é refletida nas concepções dos alunos sobre esses fenômenos que são muito mais ligadas ao senso comum que ao conhecimento científico propriamente dito.
AGRADECIMENTOS: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC
COORNEDARORIA DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR - CAPES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio; Brasília: Ministério da Educação, 2000.
BRASIL. Guia de livros didáticos: PNLD 2012 : Química. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2011.
CARDOSO, S. P.; COLINVAUX, D. Explorando a motivação para estudar química.
Química Nova, São Paulo, v.23, n.3, p. 401-404 2000.
CHASSOT, A.I. Alfabetização Científica: Uma possibilidade para inclusão social, Revista Brasileira de Educação, No 22. 2003.