Realizado em Teresina/PI, de 28 a 30 de Julho de 2013.
ISBN: 978-85-85905-05-7
TÍTULO: MOTIVOS PARA ESTUDAR QUÍMICA: REFLEXÕES SOBRE A VISÃO DE ALGUNS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO
AUTORES: Rodrigues Leite, L. (EEM MARIA VIEIRA DE PINHO) ; Rodrigues da Silva, A.L. (FACULDADE DE EDUCAÇÃO DE CRATEÚS-UECE) ; Gadelha de Lima, J.O. (FACULDADE DE EDUCAÇÃO DE CRATEÚS-UECE)
RESUMO: Este trabalho teve por objetivo realizar discussões sobre algumas concepções que os alunos do Ensino Médio têm sobre a motivação para o estudo da disciplina de Química. A metodologia baseou-se na aplicação de um questionário contendo 22 (vinte e duas) questões das quais 03 (três) tinham a finalidade de captar a ideia motivacional que os alunos concebiam para o estudo da Química. Os resultados mostraram que o professor desempenha o papel do grande articulador da motivação do aluno para o estudo da Química. No entanto, muitos alunos não conseguem perceber a importância de aprender Química numa dimensão cidadã.
PALAVRAS CHAVES: ensino médio; motivação; ensino de química
INTRODUÇÃO: Muitos pesquisadores e estudiosos têm protagonizado inúmeras reflexões e discussões sobre as características e a qualidade do ensino de Química desenvolvido nas escolas de Nível Médio do Brasil (SCHNETZLER, 2008; SILVA; ANDRADE, 2011). Inúmeros trabalhos têm sugerido que a realidade desse ensino se apresenta infrutífera e caótica, revelando uma quase completa falta de possibilidades de se perceber a verdadeira finalidade em se ensinar e aprender os conteúdos abordados nas aulas de Química (CHASSOT, 2003). A grande aversão que os alunos concludentes do Ensino Médio sentem com relação à disciplina de Química é uma consequência, comprovadamente real, desse ensino que vigora em nossas escolas (MACHADO, 2004). Durante os encontros de planejamento escolar, dos quais participam os alunos do Curso de Licenciatura Plena em Química da FAEC que estão desenvolvendo atividades práticas das disciplinas de estágio obrigatório, muito se discute sobre essa problemática (MALDANER, 1999). Por outro lado, nos debates e discussões promovidos pelo professor da disciplina nos encontros teóricos com estes alunos, são levantadas muitas questões sobre esse quadro, sendo apontada a formação do professor como uma das mais preocupantes (MORTIMER, 2004). Assim, o objetivo deste trabalho consistiu em conhecer algumas concepções que os alunos do Ensino Médio têm sobre a motivação que eles concebem e recebem para o estudo da disciplina de Química. Nossa intenção foi fazer um levantamento de pontos de discussão que sirvam de subsídios teórico-empíricos para a compreensão do fenômeno abordado no tema, haja vista que tal estudo somente se constituirá numa contribuição à educação e à sociedade se partilhado com os sujeitos envolvidos na pesquisa – os alunos das Escolas Públicas (VALADARES; PEREIRA, 1991).
MATERIAL E MÉTODOS: A abordagem metodológica dessa pesquisa caracterizou-se como quantitativo-qualitativa com objetivos exploratórios, pois teve como principal proposta ampliar o acervo de conhecimentos sobre o assunto abordado. O procedimento metodológico utilizado fundamentou-se na técnica de estudo de campo, na qual foi aplicado um questionário a 60 (sessenta) alunos cursando 1ª e 3ª séries do Ensino Médio (MALHEIROS, 2011). Essa associação quantitativo-qualitativa permitiu obter dados que possibilitaram conhecer, discutir e compreender algumas concepções que os alunos do Ensino Médio têm sobre a motivação para o estudo da disciplina de Química. Para isso, o questionário aplicado era constituído de 22 (vinte e duas) perguntas. Destas, 03 (três) delas tinham por objetivo captar os conceitos que os estudantes respondentes tinham sobre os motivos que os levavam a estudar Química. Os resultados das respostas dos alunos referentes a essas 03 (três) perguntas são apresentados e discutidos neste trabalho. As respostas desses alunos foram de extrema relevância para a elaboração de um referencial empírico, o qual possibilitou uma reflexão profunda sobre a realidade do ensino de Química que se desenvolve nas escolas de Ensino Médio da Região do Sertão de Crateús, e que não diverge tão significativamente do restante do país.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Todos os alunos questionados disseram considerar importante o estudo da Química. Dentre os motivos que os impulsionou a essa resposta, 30 alunos (50,0%) citaram o fato de poder ter perspectiva de uma vida melhor e 21 alunos (35,0%) marcaram a opção relacionada a “poder ganhar muito dinheiro”, enquanto somente 09 alunos (15,0%) estudavam com o intuito de obter mais conhecimento ou se tornar um cidadão consciente e participativo. É preocupante o fato de os alunos se interessarem pelo estudo somente para melhorar suas condições financeiras, negligenciando a importância de se adquirir conhecimento. Corre o risco de seus conhecimentos se tornarem uma coleção de fatos. Isso no mundo globalizado e competitivo, só vai torná-los seres repletos de conteúdos irrelevantes e sem nenhuma relação entre os fenômenos apreendidos e sua vida prática. Dos 60 alunos, 45 (75,0%) indicaram gostar da disciplina, citando como principais incentivos: o professor explicar bem os assuntos, a Química ser uma disciplina importante e as aulas serem boas. Cada um destes foi citado por 15 alunos (25,0%). Porém, outros 15 alunos (25,0%) assinalaram não gostar da disciplina. Desses 15, 06 (40,0%) argumentaram que os exercícios eram “difíceis” de serem resolvidos, e 09 alunos (60,0%) disseram que as aulas eram “chatas”. Na resposta à pergunta sobre as disciplinas que eles mais gostavam de estudar, 10 alunos (16,7%) indicaram quase todas as disciplinas, mas não gostavam de Química. Outro ponto interessante e inesperado foi o fato de 22 alunos (36,7%) terem escolhido a Biologia como matéria preferida, já que a mesma também é da área de Ciências como a Química e, embora não tenha tido uma rejeição acentuada, ainda assim alcançou uma parcela significativa de alunos que não a simpatizam, 15 alunos (25,0%).
CONCLUSÕES: O professor deve procurar desenvolver metodologias que estimulem o aluno a estudar a disciplina de Química. Para despertar esse interesse é necessário que ele mesmo encontre empolgação em ensinar e demonstre, efetivamente, que gosta do que faz. Ele deve buscar instrumentos capazes de ajudar a criar um entusiasmo maior com relação ao conteúdo trabalhado, além de estimular o interesse e a motivação dos alunos em expressar-se, agir e interagir nas atividades realizadas na sala de aula, para isso ele pode lançar mão de jogos, brincadeiras, filmes, experimentos simples, exemplos do cotidiano etc.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CHASSOT, A. I. 2003. Educação conSciência. Santa Cruz do Sul: EDUNISC. MACHADO, A. H. 2004. Aula de Química: discurso e conhecimento. Ijuí: Editora Unijuí. MALDANER, O. A. 1999. A pesquisa como perspectiva de formação continuada de professores de química. Química Nova, 22: 289-292. MALHEIROS, B. T. 2011. Metodologia da pesquisa em educação. Rio de Janeiro: LTC. MORTIMER, E. F. 2004. Dez anos de Química Nova na Escola: a consolidação de um projeto de Divisão de Ensino da SBQ. Química Nova na Escola, 20: 3-10. SCHNETZLER, R. P. 2008. Educação Química no Brasil: 25 anos de ENEQ – Encontro Nacional de Ensino de Química. In: ROSA, I. P.; ROSSI, A. V. Educação Química no Brasil: memórias, políticas e tendências. Campinas: Átomo. SILVA, L. A.; ANDRADE, J. B. Química a serviço da humanidade. Cadernos temáticos da Química Nova na Escola. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/05/quimica_a_servico_da_humanidade.pdf. Acesso em 14/08/2011. VALADARES, J.; PEREIRA, D. C. 1991. Didáctica da Física e da Química. Lisboa: Universidade Aberta.