Realizado em Teresina/PI, de 28 a 30 de Julho de 2013.
ISBN: 978-85-85905-05-7
TÍTULO: O LIVRO COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE QUÍMICA
AUTORES: Lima, J.O.G. (FAEC/UECE) ; Leite, L.R. (EEM MARIA VIEIRA DE PINHO)
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi conhecer como o livro adotado pelo professor de
Química do Ensino Médio está sendo utilizado enquanto recurso didático. Para isto
foram aplicados questionários a 60 alunos desse nível de ensino de escolas
públicas de Crateús-CE. Os resultados mostraram que, praticamente, o único recurso
didático utilizado pelo professor continua a ser o livro adotado. A prática desses
profissionais ainda se apresenta muito dependente desse material, até mesmo em se
tratando dos exercícios aplicados aos alunos.
PALAVRAS CHAVES: Livro didático; Livro de Química; Recurso didático
INTRODUÇÃO: Os recursos didáticos são apontados como elementos indispensáveis na exploração
dos conteúdos escolares. Como instrumentos mediadores, eles possibilitam uma
efetiva relação entre ensinar e aprender, pois auxiliam tanto o trabalho do
professor quanto o dos alunos. Atualmente, existem encontrar diversos tipos de
recursos didáticos, como vídeos, textos, aulas práticas, experimentos, filmes,
jogos, livros didáticos e paradidáticos, etc. (NETO; FRACALANZA, 2003)
Então, todo e qualquer recurso capaz de estimular o aprendizado do aluno é
chamado de recurso didático. Eles devem ter a função de facilitar a
transferência de situações para o campo da consciência, de modo a transformá-las
em ideias compreensíveis aos alunos (CASTOLDI et al., 2011).
No ensino de Química, os recursos didáticos têm a função fundamental de
aproximar o participante da realidade, mostrando que a Química é uma ciência que
faz parte do cotidiano e que seu aprendizado não é inatingível (ARCANJO, 2011).
Neste sentido, o livro didático de Química tem o objetivo de proporcionar ao
aluno uma compreensão dessa ciência como instrumento no processo de formação
cidadã (VASCONCELLOS, 1993).
Ele deve se constituir num instrumento capaz de auxiliar o professor a ampliar
os horizontes de seus alunos, despertando sua criatividade e estimulando sua
vontade de descobrir e construir seu próprio conhecimento (WARTHA; FALJONI-
ALÁRIO, 2005).
O objetivo desse trabalho foi conhecer, a partir das concepções dos alunos, como
o professor de Química do Ensino Médio trabalha o livro adotado na sua prática
pedagógica. A partir da visão dos estudantes são feitas algumas reflexões sobre
o papel desse recurso didático no processo de ensino e aprendizagem de Química.
MATERIAL E MÉTODOS: Para elaboração desse trabalho, organizamos um questionário, contendo somente
questões objetivas e de múltipla escolha, que foi aplicado a 60 (sessenta)
alunos do Ensino Médio de escolas públicas de Crateús-CE.
Decidimos trabalhar com amostragens, optando por analisarmos turmas de primeiro
e terceiro anos do Ensino Médio, dos turnos da manhã e da noite. Pedimos aos
professores que, em cada turma, indicasse 05 (cinco) alunos com as seguintes
características: 01 (um) aluno com bom rendimento escolar, 03 (três) alunos com
rendimento mediano e 01 (um) com baixo rendimento.
O critério para esta seleção baseou-se no valor médio da quantidade de alunos
por turma, 25 (vinte e cinco), e nos percentuais médios da turma assinalados
pelos professores: 20% de alunos com bons rendimentos, 60% com rendimentos
medianos e 20% com baixos rendimentos.
Nessa primeira fase da pesquisa, foram aplicados somente 20 (vinte)
questionários. Ao analisar os resultados obtidos nas respostas, percebemos que a
maioria dos respondentes apresentou dificuldades em compreender os enunciados de
algumas questões. Optamos então por fazer os ajustes necessários e reaplicá-los,
tanto nas turmas já analisadas como em outras. Dessa forma, pudemos obter
respostas mais claras e significativas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Todos os 60 alunos entrevistados responderam que o livro didático era o recurso
mais utilizado pelo professor nas aulas de Química. Desse total, 09 alunos
(15,0%) também mencionaram a utilização de outros recursos como filmes, revistas
e jornais, e 06 (10,0%) assinalaram o uso de jogos didáticos como apoio ao
livro.
Perguntamos a opinião dos alunos sobre a qualidade do livro de Química adotado
em sala de aula. Dos 60 alunos, 24 (40,0%) marcaram que era ótima, 30 (50,0%)
assinalaram que era boa, 04 (6,7%) responderam ser ruim e 02 (3,3%) julgaram o
livro didático de péssima qualidade. Os alunos podem não conhecer os critérios
que os profissionais da educação estabelecem para avaliar a qualidade de um
livro didático. No entanto, eles têm seus próprios critérios de avaliação e são
capazes de manifestar sua opinião sobre a qualidade do livro por eles usado.
Nas questões relacionadas aos exercícios aplicados pelo professor de Química, 18
alunos (30,0%) marcaram que o professor baseava-se quase que exclusivamente
naqueles propostos pelo livro adotado; 27 alunos (45,0%) assinalaram que esses
exercícios exigiam raciocínio; 09 alunos (15,0%) indicaram que o professor
aplicava outros exercícios além dos apresentados no livro didático e 06 alunos
(10,0%) responderam que os exercícios tinham alguma relação com o seu cotidiano
fora da escola.
Nesta perspectiva, podemos perceber que o livro didático ainda exerce forte
influência na prática pedagógica dos professores de Química. Nessa mesma linha
de raciocínio, torna-se relevante explicitar a opinião de Freitag (1993, p.
128), para quem “os professores e alunos tornaram-se escravos do livro didático,
perdendo a autonomia e o senso crítico que o próprio processo de ensino e
aprendizagem deveria criar”.
CONCLUSÕES: A partir destes resultados, torna-se evidente a necessidade de quebrar a
dependência metodológica deste recurso. É necessário que outras fontes de
conhecimento/atualização sejam utilizadas pelo docente para que sua prática
pedagógica adquira outros significados.
Ao professor, como agente estimulador do aprendizado, cabe descobrir, criar,
inovar e fazer uso de outros instrumentos didáticos, de forma que possibilite a
utilização de outros materiais instrucionais disponíveis para enriquecer as aulas
e despertar o interesse do aluno.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: NETO, J. M.; FRACALANZA, H. 2003. O livro didático de ciências: problemas e soluções. Ciência & Educação, 9: 147-157.
WARTHA, E. J.; FALJONI-ALÁRIO, A. 2005. A contextualização no ensino de química através do livro didático. Química Nova na Escola, 22: 42-47.
CASTOLDI, R.; POLINARSKI, C. A. 2009. A utilização de recursos didático-pedagógicos na motivação da aprendizagem. I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia, 1: 684-682.
VASCONCELLOS, C. S. 1993. Construção do conhecimento em sala de aula. São Paulo: Libertad.
ARCANJO, J. G. A.; SANTOS, P. R.; SILVA, S. P.; TENÓRIO, A. C. 2009. Recursos didáticos e o processo de ensino-aprendizagem, Disponível em: http://www.eventosufrpe.com.br/jepex2009/cd/resumos/R0767-2.pdf. Acesso em: 17 abr. 2013.
FREITAG, B.; COSTA, W. F. E MOTTA, V. R. 1993. O livro didático em questão. São Paulo: Cortez.