11º Simpósio Brasileiro de Educação Química
Realizado em Teresina/PI, de 28 a 30 de Julho de 2013.
ISBN: 978-85-85905-05-7

TÍTULO: CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA CARBOIDRATOS AO ENSINO DE QUÍMICA ORGÂNICA

AUTORES: Araújo, N. (UFPB) ; Pereira, K. (UFPI) ; Andrade, L. (UFPB) ; Araújo, P. (UFCG)

RESUMO: Os alunos do ensino médio muitas vezes mostram-se desmotivados nas aulas de química uma vez que uma das características mais comuns nestas é a memorização de conceitos. Deste modo, faz-se necessário buscar meios que despertem nos alunos mais motivação pela disciplina sendo uma das alternativas para a química orgânica a contextualização com a química dos alimentos. Norteado por este princípio desenvolveu-se uma aula prática de detecção de polissacarídeos em alguns alimentos através do teste de iodo com alunos do 3° ano. A contextualização dos conteúdos didáticos com o tema abordado despertou maior interesse dos alunos pela disciplina o que demonstra a importância de aulas que relacionam temas transversais contextualizados aos temas didáticos como instrumento motivador do aprendizado.

PALAVRAS CHAVES: alimentos; polissacarídeos; teste de iodo

INTRODUÇÃO: Inúmeras vezes, os conteúdos ensinados nas aulas de química não provoca nos estudantes uma reflexão sobre os fenômenos vivenciados no seu dia-a-dia, tendo em vista que uma das características mais comuns nestas aulas é a memorização de conceitos, fórmulas e leis, de forma que as aulas se tornam monótonas, impedindo a participação ativa dos alunos (NEVES et al., 2009). Para mudar noções como esta, uma das propostas atuais do ensino de química visam à aprendizagem por meio da descoberta, onde o professor através de experimentos induzem o aluno a tirar suas próprias conclusões a respeito das transformações ocorridas (GOMES et al., 2007). Segundo(RIBEIRO; SERAVALLI et al., 2008), os carboidratos são definidos como polihidroxialdeídos, polihidroxicetonas, polihidroxiálcoois, polihidroxiácidos, seus derivados simples e polímeros desses compostos unidos por ligações hemiacetálicas. Assim, a partir desta definição bem como da classificação dos carboidratos que se dá de acordo com o número de átomos de carbonos (monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos) na molécula, além dos métodos simples de detecção dos mesmos, dentre os quais destaca-se o teste de iodo é indispensável considerar que há muito o que se explorar em sala de aula de forma interdisciplinar. Desta forma, este trabalho objetivou contextualizar os carboidratos presentes nos alimentos ao ensino de química orgânica em uma turma do 3° ano do ensino médio, com um experimento simples, utilizando o teste de iodo para detecção dos polissacarídeos presentes nos mesmos.

MATERIAL E MÉTODOS: Este trabalho foi realizado em uma escola Estadual, localizada no município de Boqueirão-PB com uma turma de 30 alunos do ensino médio. Inicialmente abordou-se o tema carboidratos, apresentando-se suas funções e classificação de acordo com o número de átomos de carbono, dando ênfase maior aos polissacarídeos, especialmente o amido e o glicogênio através de suas cadeias longas e ramificadas. Em um segundo momento foi sugerido aos alunos identificar através de um teste simples a presença ou ausência dos polissacarídeos em alguns alimentos. O teste de iodo baseia-se na formação de um complexo fortemente corado (azul escuro ou preto para o amido e vermelho escuro para o glicogênio) resultante da interação entre o iodo e o polissacarídeo. Com base nesta reação, utilizou-se uma lista elaborada pelos próprios alunos com os 10 tipos de alimentos mais consumidos no dia-a-dia dos mesmos e que provavelmente continha carboidratos, exceto para dois tipos que foram solicitados, uma vez que foram utilizados como controle (positivo e negativo) sendo estes o pão e o sal, respectivamente. Os estudantes então, transportaram amostras destes para a escola onde foram instruídos a colocarem determinadas porções dos mesmos (amostras) em pratos descartáveis identificados separadamente. Para execução da análise, foram dissolvidas 5 gotas de tintura de iodo em 15 mL de água. A solução foi homogeneizada e em seguida, com o auxilio de um conta gotas, “pingou-se” gotas da mesma, inicialmente nas amostras controle e posteriormente nas amostras de batata, carne, queijo, ovos cozido, banana (verde), alface, arroz e margarina. A experiência foi realizada em triplicata, uma vez que houve a participação direta dos 30 alunos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados do experimento foram discutidos com os alunos em sala de aula. Os alimentos que não apresentaram amido e/ ou glicogênio (uma vez que não houve mudança de coloração nas amostras analisadas) foram: queijo, margarina, ovos, sal (controle negativo) e alface. Embora o leite e derivados apresentem carboidratos, estes são oligossacarídeos e já que foi realizado um teste simples para determinar polissacarídeos, estes não foram detectados. Entretanto, as amostras de pão, batata, banana verde, arroz e carne apresentaram mudança de coloração entre azul escuro e preto para os primeiros e vermelho escuro para a carne, diferenciando portanto o amido do glicogênio. Esta intensidade da coloração com a interação do amido e do polissacarídeo entre azul ou preto varia de acordo com a quantidade do amido presente no alimento. Diante destes resultados, assim como no decorrer das aulas observamos que a contextualização dos conteúdos didáticos de química com o tema abordado despertou nos educandos maior interesse pela disciplina o que demonstra a importância de aulas que relacionam temas transversais contextualizados aos temas didáticos. Deste modo, os alunos puderam ver a química presente no cotidiano através dos alimentos fontes de carboidratos, passando a valoriza-la mais enquanto ciência. Alguns autores também relataram a importância da contextualização dos alimentos com o ensino de química, dentre eles podemos citar (PASSOS et al., 2005; NEVES et al., 2008; REIS 2011; AGOSTINHO et al., 2012).

CONCLUSÕES: A participação dos alunos em atividades práticas nas aulas de química contextualizando o conteúdo ao cotidiano despertou nestes mais motivação e interesse pela disciplina além disso, tornou a aula mais agradável, prazerosa e com um maior aproveitamento. Desta forma, podemos concluir que a participação dos alunos em atividades práticas constitui um instrumento motivador para o aprendizado.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AGOSTINHO, L.C.L.; NASCIMENTO, L.; CAVALCANTI, B.F. A química dos alimentos no processo de ensino aprendizagem na educação de jovens e adultos-EJA. Revista Lugares de Educação, Bananeiras/ PB, v.2, n.1, p. 31-46, 2012.
GOMES, M.S.S.O.; BRITO, D.M de.; MOITA NETO, J.M. A outra face do ácido sulfúrico.In: Congresso Brasileiro de Química, CBQ, 47, Natal 2007.

NEVES, A.P.; GUIMARÃES, P.I.C.; MERÇOM, F. Interpretação de rótulos de Alimentos no ensino de química. Química Nova na escola. V.31. n.1, 2009.
PASSOS, R.F.; BRITO, D.; ANDRADE, D.; LIMA, P. S de. Distúrbios alimentares: Contextualização do ensino do nutriente químico carboidrato. Química e Sociedade. Volume Único, Ensino Médio, Nova Geração, São Paulo, 2005.
REIS, T.A. Chocolate: Um tema para trabalhar química no ensino médio. Trabalho de conclusão de curso. Brasília, 2011. 35p.
RIBEIRO, E. P.; SERAVALLI, E. A. G. Química de Alimentos. 2ª ed. São Paulo.2007.

RODRIGUES et al., Disponivel em: http://pt.scribd.com/doc/95280970/Apostila-de-aulas-praticas. Acesso em 01 de outubro de 2012.