TÍTULO: UMA PROPOSTA LÚDICA PARA O APRENDIZADO DE FUNÇÕES ORGÂNICAS NO ENSINO MÉDIO

AUTORES: Ventura de Queiroz, B. (UFC) ; Aquino Lima Brandão, E. (SEDUC-CE) ; Basílio Almeida Fechine, P. (UFC)

RESUMO: O presente trabalho apresenta um jogo denominado Bingo Orgânico para o ensino de funções orgânicas, que foi aplicado na Escola de Ensino Médio Liceu de Messejana (Fortaleza-CE). O intuito desta ferramenta foi de facilitar o aprendizado das principais funções orgânicas, através de uma atividade lúdica. Inicialmente pesquisou-se em literaturas científicas, estratégias para à criação de um jogo inédito em Química. Em seguida foram criados materiais para um jogo no formato de um bingo. O Bingo Orgânico foi aplicado em turmas de 3° ano do ensino médio. O mesmo contribuiu para que os alunos fixassem melhor o conteúdo explorado, o que poderá servir como método de avaliação. Esta proposta pode somar a outras, aguçando o interesse em aprender química de maneira dinâmica e interativa.

PALAVRAS CHAVES: jogo; lúdico; funções orgânicas

INTRODUÇÃO: Atualmente os alunos do Ensino Médio relatam que a disciplina de Química é uma das mais difíceis e complicadas de estudar. Esse quadro, geralmente, deve-se à não alternância das aulas tradicionais com outras metodologias mais atraentes e eficientes para tornar o ensino de Química mais agradável. Segundo Santos (2010), “não há mais dúvidas de que o brincar deve ser incorporado à educação como algo que pode desencadear um processo permanente de educar”, por isto pesquisadores em educação têm buscado agregar conteúdos didáticos com o ludismo. Contudo, esta parceria deve ser equilibrada, pois se a atividade for muito lúdica sairá do campo da ludoeducação e passará a ser apenas um jogo. Para o professor preocupado em inovar suas aulas e tornar-se um educador mais atualizado, é indispensável o uso de jogos educativos, uma vez que estes, de certa forma, favorecem o aprendizado pelo erro e estimulam a resolução de problemas. Soares (2008) considera que “o benéfico do jogo está na possibilidade de estimular a exploração em busca de resposta e em não se constranger quando se erra”. Logo, este trabalho apresenta através de um tradicional jogo de bingo uma ferramenta de ensino que aborda o assunto de funções orgânicas de uma forma lúdica e interativa.

MATERIAL E MÉTODOS: Na confecção do jogo, foi necessário pesquisa em livros e sites científicos para a seleção de 50 moléculas orgânicas, que se enquadram nas funções: hidrocarboneto, álcool, fenol, aldeído, cetona, ácido carboxílico, éster, éter, haleto orgânico, amina, amida, nitrocomposto e compostos sulfurados. O jogo foi aplicado em aulas de Química, em turmas de 3º ano, totalizando 90 discentes participantes da atividade. Em sala de aula, o professor utilizou os seguintes materiais: 50 cartelas do jogo, contendo a fórmula estrutural de uma das funções orgânicas supracitadas e sua aplicação no cotidiano (Figura 1); um globo (feito com PET) com 39 bolinhas com nomes de funções orgânicas e uma folha de isopor para organizar a ordem de saída das bolinhas (Figura 2). O docente explicou as regras do jogo e em seguida distribuiu as cartelas pela sala de acordo com o número de estudantes presentes. Para início do jogo, o professor começou a retirar as 39 bolinhas do globo contendo os grupos funcionais, para isto ele chamou o nome das funções em voz alta, tendo três vezes o nome de cada função orgânica dentro do globo, aumentando a probabilidade de um aluno vencer o jogo. O vencedor foi aquele aluno que conseguiu preencher primeiro toda a sua cartela. Objetivando a obtenção de dados fidedignos nesta pesquisa, aplicou-se um questionário para os discentes após o desenvolvimento do jogo. Para o docente, foi aplicado um questionário após a prática lúdica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Com a análise dos dados contidos no questionário para os discentes após o jogo, pôde-se observar que 97,78% responderam “sim” a pergunta: você acredita que o jogo contribuiu para fixar melhor o conteúdo de funções orgânicas? Um deles justificou: “O uso do jogo traz para o nosso dia a dia as substâncias orgânicas, melhorando o nosso aprendizado”, já outro mencionou: “...você fica querendo ganhar e acaba aprendendo mesmo sem querer”. No questionário dos discentes foi perguntado se eles tiveram alguma dificuldade durante o jogo. 68,89% responderam que sim. Esta porcentagem pode ser justificada pelo comentário de um deles “... não estava estudando as funções, mas fui bem sucedido”. Observou-se também a unanimidade dos alunos em acharem o jogo criativo, diferente e novo. No final do questionário dos discentes, foi solicitado a estes que deixassem suas impressões sobre a atividade. Um deles comentou sua resposta: “Ótimo, além de aprender, ainda se diverte com algo que vai lhe ajudar futuramente”. Com este depoimento, ficou claro que o jogo e a sua abordagem no estudo de funções orgânicas pode vir a ajudar em testes futuros, como vestibulares e ENEM. Com relação ao questionário do professor, um deles comentou: “na atividade, o aluno brincando memoriza as funções, hoje o aluno está voltado para a atualidade, o professor precisa renovar”. Tanto professores como alunos aprovaram o material utilizado no jogo, isto é justificável por ser de baixo custo e conter uma garrafa PET e isopor, contribuindo segundo um dos docentes, para a reciclagem de materiais.

Figura 1

Exemplo de uma das cartelas do Bingo Orgânico

Figura 2

Materiais do jogo

CONCLUSÕES: O jogo é de fácil confecção e aplicação. Com os resultados obtidos, conclui-se que a ferramenta veio para auxiliar e diversificar a metodologia de ensino de Química, contribuindo para o ensino das funções orgânicas de maneira contextualizada. Com isso, o jogo consegue através de uma linguagem adequada para o nível médio, proporcionar uma ferramenta lúdica muito importante no ensino de Química.

AGRADECIMENTOS: À Escola de Ensino Médio Liceu de Messejana pelo espaço concedido para a realização deste trabalho e à SEDUC-CE.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Soares, Márlon. Jogos para o Ensino de Química: teoria, métodos e aplicações. Guarapari-ES. Ex Libris, 2008. Santos, Santa Marli Pires dos. O brincar na escola: Metodologia Lúdico-vivencial, coletânea de jogos, brinquedos e dinâmicas. - Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.