TÍTULO: Educação Inclusiva e o Ensino de Química na Escola Estadual Professor Camilo Dias, Boa Vista, Roraima
AUTORES: Anastácio, G. (UERR) ; Rizzatti, I. (UERR)
RESUMO: A educação inclusiva e/ou especial é atualmente o maior desafio do sistema
educacional. Este trabalho teve como objetivo identificar os problemas
enfrentados pelo professor de química e pelo aluno com deficiência auditiva
durante as aulas de química na Escola Estadual Camilo Dias, em Boa Vista. O
levantamento dos dados foi feito através de observações, questionário e
entrevista. A análise destes dados, realizada de forma reflexiva, mostrou que
apesar do professor ter um curso básico de libras, isto não é suficiente para
ministrar uma boa aula e contribuir para o processo de ensino-aprendizagem. Além
disso, os cursos de Licenciatura em Química ofertados em Roraima não ofertam
disciplinas que preparam o professor para enfrentar esta realidade nas salas de
aula.
PALAVRAS CHAVES: Educação Inclusiva; Ensino de Química; Deficiência Auditiva
INTRODUÇÃO: Uma das grandes dificuldades enfrentada por muitos professores de diversas áreas
do conhecimento, em especial, os professores de Química, é ministrar aula para
alunos portadores de necessidades educativas especiais (NEE), tendo em vista que
não foram preparados durante a sua formação inicial para esta realidade. A
grande maioria dos cursos de licenciatura em química não ofertam em sua grade
curricular disciplinas para capacitação ou preparação dos futuros professores
para esta realidade cada vez mais presente no ambiente escolar. Este trabalho
teve como objetivo apontar as principais dificuldades encontradas no ensino de
Química pelo aluno e professor licenciado em química da Escola Estadual
Professor Camilo Dias, localizada em Boa Vista, capital do estado de Roraima.
Esta pesquisa procurou identificar e refletir sobre os problemas, com o intuito
de propor o desenvolvimento esquemático de ações para superar essas dificuldades
e, posteriormente, a discussão sobre políticas públicas e legislação que rezam a
inclusão de alunos portadores de necessidades especiais em salas de aula
regular, destacando, também, a importância da inclusão de disciplina de Educação
Especial Inclusiva para os cursos de licenciatura ofertados no Estado de
Roraima. Além disso, nesse contexto surgem vários questionamentos: Quais as
dificuldades dos alunos com NEE na aprendizagem de Química? Como a educação
química pode contribuir para a inclusão escolar desses alunos?
MATERIAL E MÉTODOS: Em Boa Vista, Roraima, as escolas estaduais não possuem salas de recursos
específicas para o atendimento de alunos com Necessidades Educativas Especiais
(NEE). Desta forma, cada escola estadual é responsável pelo atendimento destes
alunos. Após, levantamento junto a algumas escolas da capital Boa Vista para
identificar quais tinham em suas turmas de Ensino Médio Regular alunos com NEE,
foi escolhida a Escola Estadual Professor Camilo Dias, que tem uma aluna
regularmente matriculada e apresenta Deficiência Auditiva DA). A avaliação do
trabalho teve como base o registro de observações, aplicação de questionários e
entrevista com o professor de química do Ensino Médio e com aluna com DA, com o
objetivo de perceber como acontece a inclusão escolar desta aluna e quais as
principais dificuldades do professor e aluno durante essas aulas. O questionário
para o professor continha 39 questões, sendo 18 fechadas e 21 abertas. E a
entrevista com a aluna, feita com o auxílio de um intérprete, questionou quais
as dificuldades encontradas pela aluna com a disciplina de química, além disso,
foi realizada visita aos pais para conhecer o cotidiano desta aluna. Foram
entrevistados ainda coordenador pedagógico, diretor e alguns colegas de turma da
aluna.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A professora de química entrevistada trabalha apenas nesta escola, lecionando as
disciplinas de química, matemática e iniciação científica, e há mais de 11 anos
atua como professora. Com relação às dificuldades apontadas por ela no ensino
de química para alunos com DA, destacou que possui curso básico de Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS), contudo este não é suficiente para repassar os
conteúdos de química, e comentou que sua formação inicial de graduação não
contribuiu e nem a preparou para ministrar aulas para esses alunos. A professora
falou que realiza atendimento diferenciado e conta com o auxílio de um professor
intérprete de libras e destacou que, “a inclusão é de grande importância para a
vida desses alunos, mas existem grande dificuldade e disponibilidade de
profissionais capacitados na área para acompanhá-los em sala de aula, pois sem a
presença destes profissionais qualificados é impossível realizar um ensino de
qualidade”.
A aluna também foi entrevistada e ao responder as perguntas com o auxílio de um
intérprete falou que tinha dificuldade em entender alguns assuntos e ficava
sempre perguntando a professora quando não entendia, mas às vezes, não
perguntava mesmo quando tem dúvidas. Comentou que seus colegas a ajudam, mas em
casa não conta com auxílio para estudar química ou outra disciplina. Os colegas
da aluna falaram que no início foi difícil conversar com ela, mas agora
conseguem entender e até tentam ajudá-la quando tem alguma dificuldade, mas nem
sempre conseguem explicar alguns assuntos. Ao analisar as respostas dos demais
envolvidos na pesquisa, percebeu-se que a escola não está preparada para uma
educação inclusiva especial, necessitando de pessoal qualificado e material
pedagógico especial para atender estes alunos.
CONCLUSÕES: A partir da análise dos dados, acompanhamento da aluna com DA e do professor foi
possível refletir sobre à educação inclusiva e o ensino de química,
principalmente, sobre os conteúdos e estratégias didáticas que dificultam o
aprendizado de Química. Entre as maiores dificuldades estão à explicação de
conteúdos sem relação com a dia-a-dia, interpretação e utilização de equações
químicas. Desta maneira, os recursos didático-pedagógicos poderiam ser utilizados
e/ou desenvolvidos, e a proposição de estratégias diferenciadas para o professor,
na tentativa de auxiliar a compreensão destes conteúdos.
AGRADECIMENTOS: Escola Estadual Camilo Dias e Universidade Estadual de Roraima.
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