TÍTULO: A UTILIZAÇÃO DE MATERIAL ALTERNATIVO COMO SUPORTE DIDÁTICO EM PRÁTICAS EXPERIMENTAIS DE QUÍMICA PARA ALUNOS DO PROEJA
AUTORES: Moura, O.M. (IFPI) ; Bezerra Filho, I.B. (IFPI)
RESUMO: Poucos estudos tem sido direcionado a materiais didáticos para o PROEJA. O presente artigo refere-se a uma pesquisa sobre um método alternativo para o processo ensino-aprendizagem de Química. Tem como objetivo avaliar a contribuição de materiais alternativos como suporte didático em experimentos de Química em escolas sem estrutura laboratorial. A pesquisa com abordagem quali-quantitativo, teve como procedimento metodológico a aplicação de questionários pré-testes, práticas experimentais com materiais alternativos de fácil aquisição e questionários pós-testes entre os sujeitos do PROEJA (Teresina-PI). Trabalhou-se o experimento “destilação de simples” para o desenvolvimento de conceitos básicos de mudanças de estado físico, substâncias e suas propriedades, misturas e processos de separação.
PALAVRAS CHAVES: experimentação; material alternativo; PROEJA
INTRODUÇÃO: A busca por alternativas metodológicas para o ensino no PROEJA vai ao encontro de uma problemática na educação de jovens e adultos, a transmissão de conhecimentos nas disciplinas da área de exatas, como a Química, Física e Biologia. Alguns estudos têm sido dedicados ao PROEJA, mas nenhuma atenção foi direcionada a materiais didáticos aplicados ao processo ensino-aprendizagem no programa.
A utilização de material alternativo como suporte didático em aulas experimentais de Química pode servir como ferramenta facilitadora do processo de aprendizagem do conteúdo químico? De que forma práticas com esses materiais interferem ou promovem o processo de construção do conhecimento químico? Que materiais (e/ou em quais experimentos) podem ser usados na elaboração de práticas que promovam a absorção do conteúdo teórico por parte do aluno PROEJA? Esses são questionamentos que surgem durante as aulas ministradas em turmas de PROEJA, principalmente.
Diante disso, tem-se como objeto de pesquisa a investigação da eficiência de materiais alternativos como suporte didático em experimentos de Química no PROEJA. Objetiva-se contribuir com o processo ensino-aprendizagem de Química em escolas sem estrutura laboratorial, principalmente, e motivar o educando jovem e adulto para a aprendizagem significativa em Química.
O interesse pela pesquisa se deu em face das experiências obtidas ao ministrar aulas de Química nas turmas de PROEJA no CEEPS, Teresina-PI. A ausência de laboratório para os experimentos de Química, Física e Biologia, assim como as unânimes queixas dos alunos e professores pela falta de organização do PROEJA no CEEPS condicionaram esse projeto de intervenção.
MATERIAL E MÉTODOS: A pesquisa desenvolvida do tipo descritiva teve abordagem quali-quantitativo, tendo como foco de análise as respostas dos questionários pré-testes e pós-testes dos alunos do 1o módulo dos cursos de Enfermagem e Análises clínicas – PROEJA.
A amostra da pesquisa contou com um total de 30 sujeitos alunos do PROEJA. Os sujeitos analisados foram de uma mesma instituição, o Centro Estadual de Educação Profissional em Saúde – CEEPS. Nesta escola os sujeitos são caracterizados pela sua heterogeneidade e complexidade.
Para tanto, elaborou-se o questionário diagnóstico pré-teste, seguido de práticas experimentais partindo de uma perspectiva de uso do método alternativo de materiais de fácil aquisição e confecção na elaboração dos experimentos. Após a experimentação aplicou-se um questionário avaliativo pós-teste para os alunos. Trabalhou-se o experimento “destilação de simples” para o desenvolvimento de conceitos básicos de mudanças de estado físico, substâncias e suas propriedades, misturas e processos de separação.
Nas perguntas dos questionários, direcionou-se para conteúdos da Química do primeiro ano do ensino médio que pudesse incluir a experimentação, abordados do 1º módulo da modalidade PROEJA. No pré-teste, abordou-se conteúdos da química com enfoque nos métodos de separação de misturas assim como no processo de destilação simples.
Utilizou-se materiais encontrados facilmente nas residências como lâmpadas incandescentes “queimadas”, espaguete, madeira e pregos.
A montagem do aparelho (destilador alternativo) foi feita com os próprios alunos no dia anterior a realização do procedimento experimental.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Com os resultados analisados a partir dos questionários, observa-se que a maioria das respostas do pós-teste apresenta uma porcentagem alta de acertos. Trabalhou-se o conteúdo substâncias e misturas além do conteúdo separação de misturas, envolvidos na prática.
Comparando-se os resultados obtidos nos questionários pré-teste e pós-teste, respectivamente, obteve-se o aumento de desempenho, exposto no gráfico da figura (1) a seguir.
A capacidade demonstrada pelos educandos na interpretação de dados relacionados ao fenômeno estudado na experimentação, envolvendo transformação, propriedades e estados físicos da matéria, pode ser constatado com aumento de desempenho no questionário pós-teste. Conforme Paulo freire (1996) ensinar é criar as possibilidades para a sua produção do conhecimento ou a sua construção.
O problema do item 02 foi bem mais compreendido após o experimento, com 10 acertos (90%) a mais do que no teste inicial. Neste caso o aluno uniu o pouco conhecimento do conteúdo visto em sala de aula ao proporcionado pela prática experimental intermediada pelo professor para conseguir a resposta do problema.
Os resultados obtidos dos itens 7, 8, 9, 10, 11 e 12, pós-teste, também são significativos e podem ser atribuído a instigação proporcionada pelo tema destilação simples no experimento. Compreendeu-se, nos itens 7, 10 e 11, os conteúdos mudança de estado e, no item 9, propriedades físicas da matéria. Haja vista que foram observados no experimento destilação simples os processos de ebulição e condensação em função do ponto de ebulição da água. Neste caso o aluno foi desafiado a entender tais fenômenos ligado ao tema sugerido no experimento “destilação simples”. A atividade de experimentação deve instigar perguntas e a elaboração de hipóteses. (Bizzo, 2008)
CONCLUSÕES: Os resultados obtidos, analisados e interpretados norteiam à resposta aos questionamentos colocados no inicialmente. Mostraram-se positivos em relação à transmissão e elaboração do conhecimento Químico aos alunos do PROEJA. Além do baixo custo na aquisição dos materiais e do fator motivacional, teve-se eficiência na forma de aquisição do conhecimento que o possibilita uma relação da prática com a teoria. Conforme Piaget(1973), ao lado do conhecimento específico a ser estudado,devem ser criadas e proporcionadas oportunidades para que os alunos desenvolvam o raciocínio.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BIZZO, Nélio. Ciências: fácil ou difícil? Ed. Ática, 144 p.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra. 1996.
PIAGET, J. Para onde vai a educação? Rio de Janeiro, José Olympio, p. 20, 1973.