TÍTULO: TRATAMENTTO DE RESÍDUOS: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO DE QUÍMICA ANALÍTICA QUALITATIVA NA UFPI
AUTORES: Silva, A.F. (UFPI) ; Nobre, F.X. (UFPI) ; Magalhães, J.L. (UFPI)
RESUMO: No presente trabalho são propostas metodologias já trabalhadas, no tratamento de
Bário, Cromo, Estrôncio, Ferro e Níquel, com fonte além na disciplina de Química
Analítica Qualitativa, na Universidade Federal do Piauí, visando a questão
ambiental e o desenvolvimento dos alunos. A sugestão teve êxito de acordo com o
proposto.
PALAVRAS CHAVES: Tratamento de resíduos; Química Analítica Qualita; Prática pedagógica
INTRODUÇÃO: A geração de resíduos na sociedade moderna vem acarretando grandes impactos na
natureza. Uma das fontes produtoras destes resíduos são os laboratórios das
instituições de Ensino e bem como ES de pesquisa. Com isso, o gerenciamento de
resíduos passou a ser uma necessidade. Alberguini e colaboradores (2003) relatam
que o tratamento de resíduos químicos engloba muitos desafios, dos quais
destacam-se os seguintes pontos: (1) Como um laboratório de Química deve agir
para que os resíduos químicos gerados não agridam o meio ambiente ou, melhor
ainda, como recuperar resíduos químicos transformando-os em matéria prima; (2)
Como desenvolver no aluno consciência ética com relação ao uso e descarte de
produtos químicos e (3) Como o professor deve proceder para tratar e recuperar
os resíduos químicos gerados nas práticas experimentais.
Muitos aspectos devem ser levados em consideração, sendo estes facilitadores no
tratamento destes resíduos, como por exemplo; prevenir a geração dos mesmos,
modificando ou substituindo o experimento por outro menos impactante; tratar o
resíduo de forma mais adequada possível, podendo até ser reutilizado, pós-
tratamento, para outros fins (CUNHA et al., 2001).
As universidades, como instituições responsáveis pela formação de seus
estudantes e, consequentemente, pelo seu comportamento como cidadãos, devem
também estar conscientes e preocupados com este problema (AMARAL et al., 2001).
A partir de uma proposta de tratamento e de reaproveitamento, este trabalho foi
desenvolvido levando-se em consideração a prática, o tratamento e o
gerenciamento de resíduos, como proposta pedagógica nas aulas de Química
Analítica Qualitativa, na Universidade Federal do Piauí-UFPI.
MATERIAL E MÉTODOS: Descrição de cada resíduo tratado
Foram tratados resíduos da disciplina de Química Analítica Qualitativa, contendo
os elementos Ba, Cr, Fe, Ni e Sr. As soluções apresentavam os seguintes
aspectos: límpida; castanho-alaranjada; vermelha-intenso; verde e alaranjada,
respectivamente. Dado que a origem de cada resíduo é proveniente de práticas em
laboratórios. Esta abordagem serve para justificar alguns resultados
experimentais como o pH e a cor do resíduo. O tratamento dos resíduos que
continham bário, estrôncio e níquel, está de acordo com o descrito por Afonso e
colaboradores (2003).
Tratamento de resíduos contendo bário e estrôncio
Os resíduos contendo bário e estrôncio foram tratados inicialmente ajustando-se
o pH em 7 com solução de NaOH; em seguida foi adicionado sulfato de sódio até
precipitação quantitativa.
Ba2+ + 2NaOH→Ba(OH)2 + 2Na+(reação 1)
Ba(OH)2 + 2NaSO4→BaSO4 + 2NaOH(reação 2)
Para os tratamentos de cromo e ferro III, foram adotadas as metodologias
desenvolvidas por Abreu e colaboradores (2003).
Tratamento de resíduos contendo cromo
Solução contendo Cr2O72- foi acidificada e posteriormente tratada com solução
saturada de bissulfito de sódio, ocorrendo a redução de Cr2O72- (alaranjado) a
Cr3+ (verde). Após a adição de solução de hidróxido de sódio e aquecimento,
obteve-se o sal Cr(OH)3.
Cr3+ + 3NaOH→Cr(OH)3 + 3Na+(reação 3)
Tratamento de resíduos contendo ferro III
O tratamento consistiu então, na redução do ferro ao estado de oxidação II
utilizando-se reação com zinco metálico sob aquecimento(reação 4).
2Fe3+ (aq) + Zn(s) → 2Fe2+ (aq) + Zn2+(aq)(reação 4)
Tratamento de resíduos contendo níquel
O resíduo de níquel foi tratado com NaOH até pH 7 e, a seguir, com solução de
carbonato de sódio em excesso.
Ni2+ + Na2CO3 → NiCO3 + 2 Na+ (reação 5)
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Embora vários elementos presentes nos resíduos possam ser eliminados durante os
processos de tratamento, existe a inevitável adição de reagentes (ex. NaOH), que
encarece o processo. Mas como a proposta é mais uma preocupação ambiental do que
econômica então essa questão não será abordada aqui.
É necessário que resíduos não fiquem sob estoque por muito tempo, pois pode
provocar a formação de gases dentro dos recipientes, a formação de compostos
explosivos e principalmente, perda do rótulo que pode ocasionar em acidentes,
por desconhecimento da natureza dos resíduos.
O tratamento de tais resíduos exige conhecimentos práticos de precipitação, o
que leva os alunos a um estudo mais aprofundado dessas reações.
A aplicação desta prática, que vai além do que se aprendeu nas práticas
propostas pela apostila da disciplina, como forma pedagógica, possui uma
vantagem relevante para o aluno, sua formação no campo ambiental. O
desenvolvimento deste caráter de responsabilidade com o meio ambiente, nos quais
tiveram participação direta nesta proposta, foi o que motivou a aplicação
prática dos conhecimentos desenvolvidos em sala de aula.
Alcançando-se com êxito os objetivos, tem-se nesta forma pedagógica uma
alternativa de alinhar o conhecimento dos alunos, com a importância de se
trabalhar de maneira sustentável. As Figuras 1 e 2, ilustram as cores antes e
depois do tratamento.
FIGURA 1
Resíduos antes do tratamento
FIGURA 2
Resíduos pós-tratamento
CONCLUSÕES: O trabalho incentivou a experiência de tratamento de resíduos para os alunos
participantes. Alem disso foi notória a possibilidade de recuperação de grande
parte dos resíduos, e principalmente o tratamento antes de ser feito o devido
descarte, demonstrando assim que é possível ir além e trabalhar os conceitos de
Química Analítica aprendidos de forma mais aplicada e não apenas reproduzindo os
roteiros experimentais prontos para separação e identificação dos elementos de
cada grupo.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AFONSO, J. C.; NORONHA, L. A.; FELIPE, R.P. Revista Química Nova, São Paulo, n. 4, v. 26, p. 602-611, 2003.
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