TÍTULO: Extração do DNA da banana: aliando teoria e prática no ensino de ácidos nucleicos em Bioquímica.
AUTORES: Cruz, V.L.G. (UFPI) ; Sousa, P.B. (UFPI) ; Sousa, L.M. (UFPI) ; Passos, A.G.F. (UFPI) ; Leal, R.C. (UFPI)
RESUMO: É conhecido que a experimentação aliada à teoria pode tornar o ensino mais eficaz.
Em bioquímica, o conteúdo de ácidos nucleicos pode ser contextualizado e aplicado
na prática através de experimentação de extração de DNA. Através da análise dos
resultados pode-se discutir conceitos básicos sobre o conteúdo de ácidos
nucleicos, em especial DNA.
PALAVRAS CHAVES: experimentação no ensino; extração de DNA; banana
INTRODUÇÃO: No ensino de química é notável a dificuldade dos alunos em visualizar e
compreender certos conteúdos repassados em sala de aula, e um dos fatores que
contribuem para tal problema é a ausência de uma abordagem prática dos mesmos
por meio de experimentos (SUART; MARCONDES; LAMAS, 2010).
A experimentação no ensino de ciências apresenta-se como uma tática eficiente
para a criação de problemas reais que estimulam a contextualização e
questionamentos de investigação por parte dos alunos, além de apresentar
diversas funções tais como ilustrar um princípio, desenvolver atividades
práticas, testar hipóteses, etc. Do contrário, na ausência de uma relação direta
entre teoria e prática, os conteúdos abordados não se apresentam como
condescendentes à formação do indivíduo ou contribuem muito pouco ao
desenvolvimento cognitivo do mesmo (GUIMARÃES, 2009).
Assim sendo, a elaboração do conhecimento científico apresenta-se dependente de
uma abordagem experimental, uma vez que a organização do mesmo ocorre
preferivelmente concomitante a processos de investigação (GIORDAN, 1999). O
objetivo desse trabalho é mostrar um experimento de extração de DNA da banana
como proposta didática estratégica para aulas práticas de bioquímica.
MATERIAL E MÉTODOS: A extração do DNA da banana configura-se em um exemplo de prática experimental,
que pode ser realizado inclusive na própria sala de aula, envolvendo quatro
etapas: 1) maceramento, 2) lise dos tecidos e células; 3) remoção de proteínas e
outros fragmentos de material do DNA; e 4) precipitação do DNA (LIMA; FRACETO,
2007).
Os materiais utilizados para realização deste experimento foram: ½ banana, sal
de cozinha (4 g), água destilada (60 mL), álcool etílico gelado (-5 °C),
detergente comercial neutro (6 mL), papel de filtro, funil, 2 béqueres (500 mL e
100 mL), tubo de ensaio, bastão de vidro e saco plástico transparente.
O experimento foi iniciado com o maceramento da banana no saco plástico. Em
seguida, uma solução intitulada lise (água + detergente + cloreto de sódio) foi
preparada e misturada durante 2 minutos à massa da banana macerada. A mistura
(lise + banana macerada) foi então filtrada utilizando o papel filtro, o funil e
o tubo de ensaio. Ao filtrado foi então adicionado lentamente o álcool etílico
até que o volume inicial da solução fosse dobrado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Com a metodologia previamente realizada o professor pode abordar o conhecimento
envolvido em cada passo, como descrito a seguir.
A banana é macerada para que os constituintes da solução de lise (água,
detergente e cloreto de sódio) atinjam mais facilmente todas as células da
fruta. A solução de lise misturada à massa resultante da banana deu origem a uma
solução liquefeita da polpa da fruta.
O detergente presente na solução de lise ocasionou o rompimento da bicamada
lipídica que compõe a membrana plasmática das células da banana (onde está
contido o DNA) e das organelas. Sob a ação do detergente, os lipídios
constituintes, sob a ação do detergente, tornam-se solúveis e são removidos
juntamente com as proteínas que também estão presentes na membrana. Já o cloreto
de sódio (NaCl) contribui com íons positivos que neutralizam a carga negativa do
DNA e são de fundamental importância por ajudar a manter as proteínas
dissolvidas no líquido extraído, bloqueando a sua precipitação associado com o
DNA.
Com a adição do álcool etílico, observou-se a precipitação do DNA devido a sua
baixa solubilidade nesse solvente. Quanto mais gelado o álcool estiver, menos
solúvel o DNA será, pois além de formar uma mistura heterogênea em ambiente
salino, ele fará com que as moléculas do DNA se aglutinem, constituindo uma
massa esbranquiçada e filamentosa.
A partir dos resultados alcançados é possível envolver os alunos no estudo de
ácidos nucleicos. O experimento resulta em um aprendizado significativo sobre o
tema em questão, mostrando através da discussão do mesmo que aliança
teoria/prática conduz a uma fixação efetiva dos conceitos trabalhados em sala de
aula.
CONCLUSÕES: Este trabalho aborda a importância de aulas experimentais como uma estratégia
didática facilitadora da compreensão de conteúdos teóricos de bioquímica. A ideia
de utilização desse experimento é dar subsídios ao professor (nível médio ou
superior) para trabalhar de uma forma alternativa o conteúdo de ácidos nucleicos
no ensino de bioquímica.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: GIORDAN, M. O papel da experimentação no ensino de ciências. Química Nova na Escola, n. 10, p. 43-49, 1999.
GUIMARÃES, C. C. Experimentação no ensino de química: caminhos e descaminhos rumo á aprendizagem significativa. Química Nova na Escola, v. 31, n. 3, p. 198-202, 2009.
LIMA, R.; FRACETO, L. F. Abordagem química na extração de DNA de tomate. Química Nova na Escola, n. 25, p. 43-45, 2007.
SUART, R. C.; MARCONDES, M. E. R.; LAMAS, M. F. P. A estratégia “Laboratório Aberto” para a construção do conceito de temperatura de ebulição e a manifestação de habilidades cognitivas. Química Nova na Escola, v. 32, n. 3, p. 200-207, 2010.