TÍTULO: Determinação de Fen+ em fígado de frango: Uma proposta pedagógica para disciplina Química Analítica Qualitativa na UFPI
AUTORES: Cunha, L.V.C. (UFPI) ; Patrocinio, K.L. (UFPI) ; Carapelli, R. (UFPI) ; Magalhães, J.L. (UFPI)
RESUMO: Com a finalidade de mudar a abordagem de ensino do conteúdo de Química Analítica
Qualitativa na Universidade Federal do Piauí – UFPI optou-se pela elaboração e
execução de um experimento com base na determinação de ferro (cátion do Grupo
III) numa amostra real, nesse caso, o fígado de frango. Para este experimento
utilizou-se a amostra seca a 70 ºC e que para abertura da mesma utilizou-se
ácido clorídrico. Com a adição do hexacianoferrato (II) de potássio a solução
foi possível identificar a presença de ferro através do aparecimento da
coloração azul. Apesar da complexidade da amostra, o aparecimento dessa
coloração é o indicativo da formação do composto azul-da-prússia o qual é
utilizado na maioria dos roteiros para identificação desse metal. Com a
utilização de uma amostra real os alunos
PALAVRAS CHAVES: fígado de frango; identificação de ferro; análise qualitativa
INTRODUÇÃO: Dos metais existentes, o ferro é uns dos minerais que grande parte das pessoas
conhece como nutriente, mesmo não conhecendo sua real função. A disponibilidade
de ferro é importante para a capacidade fixadora de oxigênio das hemácias, assim
como para o transporte e a transferência dos elétrons (BROUNS, 2005). O ferro é
geralmente abundante na maioria dos alimentos de origem vegetal bem como animal.
Dentre as carnes, o fígado possui um teor de ferro elevado, cerca de 9 mg por
100 g (COULTATE, 2004). O uso de uma amostra real nas atividades experimentais,
utilizando o procedimento analítico qualitativo proporciona ao aluno uma atitude
de pesquisador, pois o processo de descobrir a composição química de uma amostra
é semelhante à de uma pesquisa, vale ressaltar a função pedagógica, pois após um
breve conhecimento teórico dos discentes é uma forma de observar alguns
conceitos dados pela literatura com a prática, assim estimulando o raciocínio.
Pois da forma como o conteúdo é ministrado na maioria das disciplinas de química
analítica o aluno é apenas um mero seguidor de roteiros, sendo que
antecipadamente já sabem o resultado esperado e se acomodam para raciocinar e
investigar o que acontece de fato. Acredita-se com isso que falta preencher uma
lacuna entre o conteúdo aprendido e o “como se deve proceder” em amostras reais.
Logo, o objetivo principal foi estimular os alunos a pesquisarem em quais
amostras reais existe grande teor de ferro para em seguida proporem uma
metodologia para a determinação qualitativa de ferro em amostras reais. Dessa
forma ao final da execução dessa metodologia o aluno consegue relacionar teoria
e realidade de análises proporcionando certamente maior aprendizado.
MATERIAL E MÉTODOS: Foi utilizado 100g de fígado de frango. Cortado em pequenos pedaços,
posteriormente foram transferidos para uma placa de petri e pesados. Em seguida,
a amostra foi levada a estufa por um período de 48 horas a uma temperatura de
aproximadamente 70 a 80 ºC para retirada da umidade. A amostra seca foi
transferida para um almofariz e com auxilio de um pistilo foi pulverizada até
obtenção do pó do material analisado. Pesou-se aproximadamente 100 mg
do fígado de frango seco e macerado, logo após foi transferido para um béquer e
a este foi adicionado aproximadamente 3 ml de ácido clorídrico com concentração
de 6 mol L⁻¹ para liberação de Fen+ da amostra. A solução foi colocada em um
tubo de ensaio e centrifugada na qual apenas o sobrenadante foi analisado. Para
a determinação do ferro tratou-se o sobrenadante com hexacianoferrato (II) de
potássio a 1 mol L⁻¹. Observando as reações ocorridas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Utilizando o ácido clorídrico para abertura da amostra e após o acréscimo de 6
gostas de hexacianoferrato (II) de potássio no sobrenadante nota-se a formação de
um precipitado na coloração azul (Figura 1). Essa coloração é um forte indicativo
de obtenção do composto azul-da-prússia, como mostra a reação abaixo:
4Fe³⁺ + 3[Fe(CN)₆]⁴⁻ → Fe₄[Fe(CN)₆]₃
figura 1
Coloração do precipitado obtido após adição
hexacianoferrato (II) de potássio posterior à
abertura da amostra com ácido clorídrico.
CONCLUSÕES: O resultado foi satisfatório conferindo com o da literatura. O emprego dessa
metodologia proporcionou ao aluno uma melhoria no processo de ensino-aprendizagem.
Esse tipo de análise em amostras reais com certeza serviu de incentivo para os
discentes e os ajudou a desenvolver uma postura investigativa, além de estimular o
pensar e o raciocínio criativo.
AGRADECIMENTOS: Ao chefe do Departamento de Química o qual atendeu prontamente a solicitação para
a utilização do laboratório fora do horário de aula.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BROUNS, Fred; Cerestar-Cargill. Fundamentos de nutrição para os desportos. 2ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
COULTATE, T. P. Alimentos: a química de seus componentes. 3ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
QUIMICA NOVA, vol. 29, n. 1, 168-172, 2006. A importância da química analítica qualitativa nos cursos de química das instituições de ensino superior brasileiras.
SHARKEY, Brian J. Condicionamento físico e saúde. 5ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.