TÍTULO: A QUÍMICA NA INTERDISCIPLINARIDADE DO APRENDIZADO CIENTÍFICO NO ENSINO MÉDIO: UMA ANÁLISE CRÍTICA DOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS
AUTORES: Rocha, G.C.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Sousa, P.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Cruz, V.L.G. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ)
RESUMO: O presente trabalho visou analisar os PCNEM, questionado a abordagem da
interdisciplinaridade dos conhecimentos químicos. Tratou-se de uma análise crítica
do tópico conhecimentos químicos presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais
do Ensino Médio. Ao analisarmos as habilidades e competências em química propostas
pelos PCNEM, observamos que o eixo central está relacionado à reorganização
curricular baseada na integração, via interdisciplinaridade e contextualização.
Fazem-se necessárias mudanças no cenário educacional brasileiro, posto que a
química e as demais ciências do conhecimento têm forte ligação entre si e que a
compreensão dessa interligação é fundamental para a formação de alunos capacitados
e futuros cientistas.
PALAVRAS CHAVES: Ensino Médio; Química; Interdisciplinaridade
INTRODUÇÃO: Analisando as competências centrais a serem promovidas no âmbito das disciplinas
científicas do ensino médio percebe-se a clara interface entre elas. Partindo do
pressuposto, o aprendizado deve ser planejado em uma perspectiva a um só tempo
multidisciplinar e interdisciplinar, ou seja, os assuntos devem ser propostos e
tratados desde uma compreensão global, articulando as competências que serão
desenvolvidas em cada disciplina e no conjunto de disciplinas, em cada área e no
conjunto das áreas (BRASIL, 2000). A análise da realidade brasileira nos mostra
que a interdisciplinaridade na área das Ciências da natureza, Matemática e suas
tecnologias ainda é realizada de forma muito precária, especialmente nos
aspectos teóricos e metodológicos (RAMOS, 2005). É recomendável que a
interdisciplinaridade seja planejada de forma que abranja os aspectos
curricular, didáticos e pedagógicos, assim sendo, o planejamento demanda
paciência, tempo e diálogo reflexivo (LAVAQUI; BATISTA, 2007; WEIGERT; VILLANI;
FREITAS, 2005). Ricardo e Zylbersztajn (2007) defendem que os conhecimentos
contidos nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM) são de
fundamental importância para a formação inicial de professores e alunos e que as
contribuições desses documentos serão tanto maiores quanto mais transformarem o
ensino atual em objeto de investigação, reflexão e crítica. Partindo dessa
ideia, o presente trabalho visou analisar os PCNEM, questionado a abordagem da
interdisciplinaridade dos conhecimentos químicos, a fim de gerar uma nova
contribuição que venha a somar com as propostas já existentes nos PCNEM.
MATERIAL E MÉTODOS: Tratou-se de uma análise crítica do tópico conhecimentos químicos presentes nos
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio. A análise crítica é definida
por Severino (1994) como sendo a exploração das idéias expostas no texto. Para
tal, faz-se necessária a superação da mensagem explícita e a exploração das idéias
contidas nas entrelinhas, comparando-as a pontos de vista exteriores. Na presente
proposta, a comparação deu-se com artigos presentes na literatura especializada no
assunto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Ao analisarmos as habilidades e competências em química propostas pelos PCNEM,
observamos que o eixo central está relacionado à reorganização curricular
baseada na integração, via interdisciplinaridade e contextualização (ABREU,
2000). Observamos que a promoção do conhecimento químico em escalas mundial, nas
últimas décadas, incorporou novas abordagens, com o conhecimento acumulado,
objetivando a formação de futuros cientistas, de cidadãos mais conscientes e
também o desenvolvimento de conhecimentos aplicáveis ao sistema produtivo,
industrial e agrícola (BRASIL, 2000). Observou-se que a Química no Ensino Médio
abrange muito dos conhecimentos já apreendidos culturalmente pelo aluno.
Percebe-se então a importância da correlação dos conhecimentos químicos com os
fenômenos corriqueiros dos alunos, e posteriormente possam compreender as
transformações da matéria que ocorrem no mundo físico de maneira significativa e
interligá-las com os conhecimentos adquiridos culturalmente. Dessa forma, o
aluno perceberá a dinâmica e mutualidade da química como ciência e despertar o
interesse científico e crítico em relação aos temas propostos em sala de aula.
Esse despertar, partindo da contextualização, deverá ser o ponto de partida à
inserção da interdisciplinaridade da Química, cuja abordagem deverá relacionar
os conteúdos administrados aos fenômenos relacionados aos fundamentos das demais
ciências do conhecimento. Ricardo e Zylbersztajn (2007), em suas pesquisas,
observaram que a interdisciplinaridade sofre múltiplas interpretações pelos
professores. Os referidos autores constataram ainda que seus resultados não
diferem do observado na literatura e que, ao contrário do objetivo dos PCNEM, as
diretrizes presentes nos parâmetros não são claras aos olhos dos professores.
CONCLUSÕES: Observamos que existem poucas contribuições literárias em relação à
interdisciplinaridade nos PCNEM e menos ainda especificamente em relação aos
conhecimentos químicos. Concluímos também que contextualização é mais evidente que
a interdisciplinaridade dentro do contexto dos PCNEM. Fazem-se necessárias
mudanças no cenário educacional brasileiro, posto que a química e as demais
ciências do conhecimento têm forte ligação entre si e que a compreensão dessa
interligação é fundamental para a formação de alunos capacitados e futuros
cientistas.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ABREU, R. G. A concepção de currículo integrado e o ensino de Química no “Novo Ensino Médio” (monografia de especialização). Rio de Janeiro: UERJ, 2000.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Brasília: Ministério da Educação, 2000.
LAVAQUI, V.; BATISTA, I. L. Interdisciplinaridade em ensino de Ciências e de Matemática no Ensino Médio. Ciência & Educação, Bauru, v. 13, n. 3, p. 399-420, 2007.
RAMOS, L. O. L. As percepções sobre conceitos e práticas de interdisciplinaridade de professores do ensino médio na área das Ciências da Natureza, matemática e suas tecnologias. Revista Lusófona de Educação. Lisboa, n. 5, p. 241-243, 2005.
RICARDO, E. C.; ZYLBERSZTAJN, A. Os Parâmetros Curriculares Nacionais na formação inicial dos professores das ciências da natureza e matemática do ensino médio. Investigações em Ensino de Ciências, v. 12; n. 3, p.339-355, 2007.
SEVERINO, J. Metodologia do trabalho científico: diretrizes para o trabalho científico-didático na universidade. São Paulo: Cortez & Moraes, 1994.
WEIGERT, C.; VILLANI, A.; FREITAS, D. A interdisciplinaridade e o trabalho coletivo: análise de um planejamento interdisciplinar. Ciência & Educação, Bauru, v. 11, n. 1, p. 145-164, 2005.