TÍTULO: SEPARAÇÃO DE MISTURAS: A UNIÃO ENTRE CONCEITOS QUÍMICOS E O COTIDIANO
AUTORES: Sá Alves, T.R. (IFRJ/NILÓPOLIS) ; Campelo, C.S.C. (IFRJ/NILÓPOLIS) ; Santos, C.F. (IFRJ/NILÓPOLIS) ; Castro, D.L. (IFRJ/NILÓPOLIS) ; Pinto, K.G.A. (IFRJ/NILÓPOLIS) ; Jesus, V.L.B.D. (IFRJ/NILÓPOLIS) ; Vieira, A.F. (CEPCB) ; Viana, S.S. (IFRJ/NILÓPOLIS)
RESUMO: O presente trabalho busca identificar as concepções de alunos do 1º ano do ensino
médio de uma escola pública da baixada fluminense sobre uma aula experimental
investigativa. Os mesmos nunca tiveram acesso às aulas experimentais e teóricas de
Química e para introduzi-los à essa temática buscou-se um tema que está presente
no cotidiano deles: “Separação de Misturas”.
PALAVRAS CHAVES: pibid; ensino de química; separação de misturas
INTRODUÇÃO: Uma reflexão sobre o ensino de Química e as dificuldades encontradas por parte
dos alunos em assimilar os conceitos abstratos exigidos pela mesma, possibilitou
uma análise sobre a importância e a validade de aulas práticas para uma
aprendizagem mais significativa. As práticas experimentais atuam como mediadoras
na construção cognitiva do conhecimento científico e estimulam o caráter
investigativo do indivíduo [1]. De acordo com essa perspectiva, introduzir a
Química no cotidiano escolar dos alunos por meio de atividades práticas pode ser
uma forma eficaz no processo de ensino-aprendizagem[2]. Nesse aspecto o projeto
PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) [3] visa
facilitar o aprendizado de alunos da rede pública por meio de aulas
experimentais, além de incentivar a formação inicial dos licenciandos em
química. Para o presente trabalho, pretende-se aferir os conhecimentos prévios
de um grupo de alunos da 1ª série do ensino médio de uma escola pública na
baixada fluminense, no que se refere aos conceitos químicos de misturas e o
processo de separação destas. O procedimento consiste em uma atividade
experimental investigativa, onde os alunos devem sugerir métodos para separar
uma mistura bruta, contendo substâncias diversas. Para tanto optou-se por
desenvolver a pesquisa com alunos que não haviam sido apresentados a Química,
seja em seu âmbito teórico ou experimental.
MATERIAL E MÉTODOS: Os sujeitos da pesquisa foram 84 alunos do Colégio Estadual Presidente Castelo
Branco. Inicialmente pensou-se em como seria realizada a aplicação do
experimento, visto que os alunos não tiveram contato com a Química em
decorrência da falta de professor. Optou-se, portanto, pelo tema “Separação de
Misturas” por se tratar de um assunto presente no cotidiano destes alunos. Os
bolsistas dispuseram os materiais (béquer, papel de filtro, imã, bastão de
vidro, suporte universal, funil de vidro, placas de petri e tubos de ensaio) e
substâncias (areia, sal de cozinha, pedras, limalha de ferro), onde os alunos
identificaram quais os tipos de processos necessários para a realização da
separação da mistura bruta. Uma rápida aula introdutória sobre os tipos de
processos foi realizada e por fim aplicou-se um questionário com perguntas como:
“Por que você não pôde separar o sal e a areia pelo método de catação? Quais
destes processos você costuma utilizar no seu dia-a-dia? Você acha que haverá
outra maneira de separar a mistura bruta? Como? Por que foi possível separar o
sal durante o processo de dissolução fracionada? Como você separaria o sal da
água? Os dados obtidos dos questionários serviram de base para a discussão dos
resultados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na primeira pergunta: “Por que não foi possível separar o sal e a areia pelo
método da catação?”, um dos alunos afirmou, erroneamente, que areia e sal são
solúveis em água, e outro, que “o sal e a areia são do mesmo tamanho”,
referindo-se provavelmente aos cristais de sal e aos grãos de areia. Além deste,
mais 17 alunos se apoiaram neste argumento, porém diferenciando as dimensões dos
sólidos. Ao serem questionados sobre os processos utilizados no dia-a-dia,
apenas três conseguiram associar os métodos à escolha do feijão, exemplo que não
foi mencionado em nenhum momento da aula introdutória. O restante citou os
mesmos exemplos da aula. 7,3% associou a dissolução fracionada à simples
dissolução do açúcar. 80,5 % dos estudantes afirmaram que não haveria outra
maneira para separar a mistura bruta. 19,5 % dos alunos sugeriram alguns
métodos, como: peneiração, misturar todos os componentes da mistura em água,e,
um deles sugeriu separar a limalha de ferro com o auxílio de uma pinça, sem
perceber que este também seria uma espécie de catação, utilizando, ao invés das
mãos um aparato. Três alunos reconheceram que há outra maneira de separar a
mistura, porém não souberam dizer como. Na quarta pergunta: “Por que foi
possível separar o sal durante o processo de dissolução fracionada?” a maioria,
63%, confundiu o processo de dissolução com o de filtração. 34% reconheceu que a
areia não se dissolve em água, e um deles afirmou: “porque os cristais de sal
são menores que os de areia.” 88,5%, na última pergunta, argumentou que, para
separar o sal da água seria adequado o processo de evaporação. Alguns
acrescentaram que para acelerar o processo, a água deveria ser aquecida até a
evaporação completa, outros argumentaram que a água “secaria ao ficar exposta, e
só ficaria o sal.”
CONCLUSÕES: Concluímos que podemos propor aulas interessantes, abordando temas da Química, com
materiais bastante simples. Apesar dos alunos não conhecerem formalmente os
conceitos da Química, conseguiram interagir com a aula prática e propuseram
métodos para separar as misturas apresentadas. Por outro lado, não associaram os
métodos apresentados durante a aula introdutória com seu cotidiano. Este fato se
deve provavelmente a imagem que os mesmos fazem da Química, como uma disciplina
distante de suas realidades e de seu cotidiano, associada a criação de produtos
sofisticados e laboratórios modernos.
AGRADECIMENTOS: Ao IFRJ – Campus Nilópolis, à CAPES pelas Bolsas de Iniciação à Docência e ao
Colégio Estadual Presidente Castelo Branco.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: [1] GUIMARÃES, Cleidson. C. Experimentação no Ensino de Química: Caminhos e Descaminhos Rumo a Aprendizagem Significativa. Revista Química Nova na Escola, v.31, n. 3, ago. 2009.
[2] BUENO, L.; MOREIA, K. C.; SOARES, Marília; JERONIMO, D. D.; WIEZZEL, A. C. S.; TEIXEIRA, M. F. S. O ensino de química por meio de atividades experimentais: a realidade do ensino nas escolas. Presidente Prudente: II Encontro do Núcleo de Ensino de Presidente Prudente, 2007. Disponível em: http://www.unesp.br/prograd/ENNEP/Trabalhos%20em%20pdf%20%20Encontro%20de%20Ensino/T4.pdf Acesso em 25/05/2012
[3] SÁ ALVES, T. R., MILATO, J. V., CASTRO, L. D., PINTO, K.G.A. A contribuição do PIBID para o Ensino de Ciências em uma escola municipal da Baixada Fluminense. 34ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química. 2011. Disponível em: http://sec.sbq.org.br/cdrom/34ra/resumos/T3294-1.pdf Acesso em 25/05/2012.