TÍTULO: Isomeria e Ação - uma estratégia para o ensino de estereoquímica.

AUTORES: SACHDEV, R.L. (UNEB) ; MOREIRA, B. C. T. (UNEB) ; CARVALHO, M. F. A (UNEB)

RESUMO: Apresenta-se a construção de um jogo didático abordando isomeria utilizando um modelo de baixo custo. O objetivo é mostrar que o uso do Isomeria e Ação é uma boa estratégia para dinamizar a aula, podendo contribuir para o desenvolvimento da visão espacial do estudante, habilidade fundamental tanto para o entendimento e construção da representação de moléculas em três dimensões como para a compreensão dos diversos tipos de isomeria. O jogo proposto é uma alternativa para que o docente tenha a liberdade de construir ou até mesmo incentivar que os estudantes construam seus próprios modelos, desenvolvendo também a criatividade. De acordo com os estudantes, “a partir dos modelos construídos é mais fácil representar e interpretar as estruturas dos compostos no papel”.

PALAVRAS CHAVES: jogo didático; modelos, isomeria

INTRODUÇÃO: A ciência, no geral, é um tanto abstrata, e os estudantes apresentam maneiras distintas de aprender e diferentes níveis intelectuais. O método tradicional de ensino enfoca na representação em duas dimensões daquilo que necessita do estudante a visualização em três dimensões. Segundo Lima (1999), o modelo “além de auxiliar no aprendizado por meio de ilustrações moleculares, é útil para mostrar a Química como uma ciência da natureza e não como uma abstração”. O uso de modelos é importante para atingir aqueles que não possuem a habilidade de abstrair e interpretar as imagens de forma adequada como também para aprimorar a habilidade daqueles que já possuem certo grau de abstração. Desse modo, “acentuar os aspectos visuais é necessário, e não acarreta nenhum risco quando considerado apenas como etapa do desenvolvimento do pensamento abstrato, como meio e não como um fim em si” (VYGOTSKY, 1988). O uso de modelos moleculares auxilia para o desenvolvimento desta habilidade e serve como norteador do pensamento científico. A proposta deste trabalho é elaborar um jogo didático utilizando modelos para que a compreensão do conteúdo isomeria seja alcançada com uma maior facilidade. O Isomeria e Ação pode ser utilizado como uma estratégia dinâmica e estimulante no ensino de estereoquímica, aprimorando a capacidade de abstração do estudante, executando deste modo aspectos relevantes para os processos de ensino e de aprendizagem. Baseando na construção do conhecimento por parte do estudante, onde o professor atua como mediador, a dinâmica do jogo permite aos estudantes fixarem e revisarem o conteúdo de estereoquímica de modo prazeroso, rompendo com o modelo tradicional de aula. (SOARES 2008).

MATERIAL E MÉTODOS: O jogo Isomeria e Ação é constituído por 15 cartas contendo o nome de um composto e o tipo de isomeria que deve ser feita – os tópicos de isomeria para a aplicação do material didático (enantiômeros, diastereoisômeros, estrutural, óptica e geométrica) foram selecionados considerando estruturas simples de serem montadas, sem comprometer a dinâmica do jogo. O público alvo para a aplicação é o ensino superior porque no ensino médio este conteúdo não é visto de maneira integral e, em muitas escolas públicas, nem ao menos é abordado. O material didático proposto é baseado em uma dinâmica aplicada no jogo Imagem e Ação, onde os participantes devem desenhar ou fazer mímica para que seu grupo adivinhe o nome de filmes, objetos, artistas e novelas, por exemplo. Para a construção do jogo foram consideradas três características básicas: acessibilidade, versatilidade, baixo custo e portabilidade. Com a turma dividida em duas ou mais equipes, a ordem das jogadas pode ser definida por sorteio ou par ou ímpar. A cada rodada um participante por equipe fará a representação da estrutura com a utilização do modelo, a partir da indicação contida numa carta. Sendo assim, um participante da equipe 1 irá montar a estrutura do isômero do composto representado na carta, com o tipo de isomeria indicada. Sua equipe, então, conhecendo o tipo de isomeria, terá que dizer o nome do composto que se encontra na carta. Se não acertarem, a equipe 1 passará a vez para a equipe 2 e assim sucessivamente. Caso nenhuma equipe acerte, o professor fará a estrutura para toda a turma. Cada acerto vale dois pontos, 1,0 (um) ponto para o participante que fizer um isômero correto do composto indicado na carta retirada do monte e 1,0 (um) ponto para a equipe que identificar o composto contido na carta.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O modelo para estruturas moleculares com isopor e palito de dente apresenta diversas vantagens frente aos modelos comercializados: é acessível, versátil, de baixo custo. Possui ampla aplicação e pode ser organizado de tal forma que facilite o transporte, como mostra a figura1. A primeira aplicação do material didático ocorreu em uma turma mista, do curso de Química da Universidade do Estado da Bahia, na qual todos os estudantes já haviam passado pelo componente curricular Química Orgânica I. A princípio foi necessário revisar alguns termos do conteúdo de isomeria – isomeria geométrica, óptica e estrutural e compostos enantiômeros, diastereoisômeros e mesógiros. A explanação foi rápida e eles não tiveram dificuldades com esses conceitos durante a dinâmica. O tempo médio gasto para a montagem foi diminuindo no decorrer do jogo, atingindo ao final um intervalo de dois a três minutos. O jogo propõe que a construção das estruturas seja feita com bolinhas de isopor de tamanhos e cores diferentes – cada qual representando um átomo – e palitos de dente, respeitando os ângulos de ligação aproximados. Foi possível observar que no decorrer do jogo os estudantes foram resgatando os conceitos de comprimento e energia de ligação e raio atômico; foram também considerando a orientação das nuvens eletrônicas dos diferentes carbonos (sp3, sp2 e sp) e a geometria dos compostos. As nuvens ¶ foram representadas com mangueiras cirúrgicas do tipo scalp acopladas ao palito de dente como mostrado na figura 2 As colocações dos estudantes sobre o Isomeria e Ação nos mostram que o material didático proposto reforça o fato de que “O auxílio do modelo molecular [...] facilita a visão espacial do aluno e centraliza toda a sua atenção para o aprendizado do conteúdo” (SILVA, 2007).





CONCLUSÕES: O objetivo do Isomeria e Ação foi alcançado uma vez que os estudantes demonstraram facilidade ao visualizar o tipo de isomeria com a utilização do modelo. No decorrer da dinâmica, foi possível perceber que os estudantes interpretaram e identificaram as estruturas. Além disso, a habilidade de abstração foi diagnosticada no momento que eles transportavam a estrutura em três dimensões para o papel e, assim, davam o nome do composto contido na carta; e também ao construir uma estrutura a partir do seu nome. Portanto, a visão espacial dos estudantes foi trabalhada e ampliada com o uso deste jogo.

AGRADECIMENTOS: Aos estudantes dos cursos de Licenciatura em Química e de Farmácia da UNEB-Campus 1, que testaram o jogo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: LIMA, M. B, & LIMA-NETO, P. Construção de modelos para ilustração de estruturas moleculares em aulas de química. Revista Química Nova, vol 22, n 6, 1999. p 903-906
SILVA (UECE). Dificuldades de aprendizagem no ensino de isomeria para alunos do ensino médio. In: 47º Congresso Brasileiro de Química. Natal, 2007. Área: Ensino de Química. Anais eletrônicos. Disponível em: <http://www.abq.org.br/cbq/2007/trabalhos/6/6-294-521.htm>. Acesso em: 26 nov. 2010
SOARES, M. Jogos para o Ensino de Química: teoria, métodos e aplicações. Guarapari: Ex Libris, p. 23 e 30. 2008.
VYGOTSKY, L.S. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: VYGOTSKY, L.S. et al. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone; EDUSP, 1988.