TÍTULO: Aprendizagem sobre propriedades coligativas a partir de uma metodologia diferenciada

AUTORES: WYREPKOWSKI, C. C. (IFMT) ; KAFER, G. F. (IFMT) ; FREITAS, T. (IFMT) ; BESPALHUK, K. J. (IFMT)

RESUMO: Este trabalho foi realizado com uma turma de 2º Ano de Ensino Médio, os alunos apresentaram trabalhos, discutiram e realizaram atividades práticas sobre propriedades coligativas. Para verificar a assimilação dos conceitos, aplicou-se um questionário após as apresentações e discussões acerca dos temas e outro depois de realizadas atividades práticas. O objetivo foi avaliar o aprendizado dos alunos quando explicam os conceitos e compará-los com a realização de experimentos em sala. Foi possível verificar que os alunos demonstraram bons conhecimentos sobre o seu tema de apresentação. Em relação aos assuntos abordados por outros grupos os resultados, comparativamente, foram menos satisfatórios. Após realização das atividades práticas a assimilação desses conceitos melhorou significativamente.

PALAVRAS CHAVES: propriedades coligativas, opções metodológicas, aprendizagem

INTRODUÇÃO: As denominadas propriedades coligativas referem-se a quatro propriedades físicas características de soluções diluídas (abaixamento crioscópico, pressão osmótica, elevação do ponto de ebulição e abaixamento da pressão de vapor), cujos comportamentos são correlacionados e unidos pelo fato de dependerem do número de partículas de soluto presente em uma dada quantidade de determinado solvente (ATKINS, 2001). O conteúdo de Propriedades Coligativas, apesar de aparentemente muito teórico está, de certa forma, muito relacionado com diversas situações de vivência ou conhecimento dos estudantes e pode se tornar muito interessante e útil, se dada à ênfase adequada.
De acordo com Maldaner (2000, pg. 279), na elaboração de um plano de ensino é necessário se pensar como fazer para que os alunos se tornem participativos, pois a participação é uma etapa fundamental para aquisição do conhecimento.
Às vezes o aprendizado é linear, o professor ensina o conteúdo e o aluno deve apenas prestar atenção, não havendo debates e conseqüentemente nenhuma interação dinâmica entre ambos. Mas o ensino de química tem por objetivo central a formação de cidadãos críticos que possam tomar decisões relevantes na sociedade, relativas a aspectos científicos e tecnológicos (SANTOS E SCHNETZLER, 1997, p.54), por isso acaba sendo necessária à realização de uma metodologia que contribui para a aprendizagem mais significativa do aluno.
As atividades práticas podem assumir uma importância fundamental na promoção de aprendizagens significativas em ciências, porém, Hodson (1994) afirma que o ensino experimental precisa envolver prática e reflexão.


MATERIAL E MÉTODOS: Como o ensino de “Propriedades Coligativas” faz parte da ementa na matriz curricular de Química do 2° Ano do Ensino Médio, foi realizado com 27 alunos do 2° Ano do Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio do IFMT – Campus Juína uma metodologia de aprendizagem diferenciada sobre o tema.
Inicialmente dividiram-se os alunos em quatro grupos, o professor propôs que cada grupo explicasse um dos quatro temas das propriedades coligativas. Passaram-se duas semanas e os grupos realizam as apresentações na sala de aula, usaram projetor multimídia, vídeos e o quadro branco. Durante as apresentações todos os alunos tiveram oportunidades de expor suas idéias, sendo que a maioria fez isso. Muitas dúvidas surgiram e foram discutidas. Na aula seguinte, foi aplicado um questionário com o intuito de analisar se os alunos tinham entendido o tema que haviam explicado e os temas dos demais grupos. A seguinte questão foi aplicada: (1). Defina e exemplifique. (a) Tonoscopia; (b) Ebulioscopia; (c) Crioscopia; (d) Osmoscopia. Posteriormente, três experimentos foram realizados pelo professor e alunos. Experimentos: (1) Medição da temperatura do gelo e comparação quando se adiciona sal; (2) Aquecimento da água, registro da temperatura até a ebulição, adição de sal e registro da nova temperatura de ebulição; (3) Demonstração de uma batata com um orifício no centro, onde foi colocado sal no dia anterior. Durante a realização dos três experimentos o professor retomou todos os conceitos envolvendo propriedades coligativas, relacionou com os experimentos realizados e deu outros exemplos. Terminado os experimentos e explicações foi aplicado o mesmo questionário que havia sido aplicado no início da aula.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Para avaliação da proposta de ensino, foram aplicados questionários e, posteriormente analisados, observando-se conceitos e exemplos citados. A análise ao qual estava relacionado o tema de explicação do seu tema demonstrou que 67% dos alunos conceituaram e 78% exemplificaram, corretamente. Dos demais alunos, a metade conseguiu relacionar o conceito parcialmente. Quanto aos temas apresentados por outros grupos apenas 25% dos estudantes entenderam os conceitos corretamente e outros 67% parcialmente. Os exemplos foram citados corretamente por 33%, outros 45% exemplificaram parcialmente e os demais citaram exemplos errados ou não citaram. Vigotski considera as concepções prévias, para ele, há tarefas que o aluno não é capaz de realizar sozinho, mas se torna capaz se alguém lhe der instruções ou fizer demonstrações, fornecer pistas, ou der assistência durante o processo.
Parece claro, a necessidade de reconhecer os conhecimentos do aluno ou a sua forma de pensar sobre um determinado fato e fazer com que ele evolua conceitualmente. A experimentação é uma forma de promover mudança conceitual. Por isso, realizaram-se três experimentos, explicaram-se novamente os conceitos e após, aplicaram-se novos questionários. Ao analisar os conceitos e exemplos citados, constatou-se que para 44%, os conhecimentos melhoraram muito, 30% melhoraram razoavelmente, pois representa o grupo que conceituou parcialmente correto. Da mesma forma, 37% exemplificaram corretamente e 48% relacionaram parcialmente os exemplos.
Segundo Hodson (1994) nem todos os alunos desfrutam da mesma forma de uma atividade experimental e das aulas convencionais. Talvez por isso, obtivemos alunos com ótimos resultados e outros com resultados baixos, ou seja, uma variação nos momentos de conceituar e exemplificar.


CONCLUSÕES: A atividade permitiu aos alunos do 2º ano do Ensino Médio realizar uma atividade com seqüência didática diferenciada.
As explicações dos alunos não contemplaram integralmente os conceitos e exemplos do tema apresentado, mesmo assim foi possível que a maioria dos colegas entendessem parcial ou totalmente os conceitos e exemplos abordados.
Os conceitos do tema “Propriedades Coligativas” não são comuns no cotidiano apesar da grande aplicabilidade. Provavelmente por isso, depois de realizadas as atividades experimentais associadas aos conceitos, a aprendizagem melhorou significativamente.


AGRADECIMENTOS: Aos alunos do 2º ano do Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio do IFMT-Campus Juína.
As bolsas do PROIC – IFMT Técnico e PIBIC – EM/C

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ATKINS, P. & JONES, L. Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. Porto Alegre: Bookman, 2001.

FELTRE, R. Química: Físico-Química. 6. Ed. São Paulo: Moderna, 2004.

HODSON, D. A Critical Look at Practical Work in School Science. School Science Review, v.70, n.256, pp.33-40, 1990.

MALDANER.O. A. A Formação Inicial e Continuada de Professores de Química. Ijuí : Ed. UNIJUÍ, 2000.

SANTOS, W.L.P. e SCHNETZLER, R.P. Educação química: compromisso com a cidadania. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 1997.Acesso em 22 de maio de 2011.

VIGOTSKI, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993.