TÍTULO: Um Novo Indicador Natural ácido-base como Alternativa no Ensino de Química
AUTORES: LEMOS, R.G. (UFAM) ; PENAFORTE, G.S. (UFAM)
RESUMO: Ampliar e difundir o conhecimento de indicadores naturais de grande importância no ensino de funções inorgânica, quando se trata do assunto ácido e base, foi testado um novo tipo de indicador natural extraído da semente da planta popularmente conhecida como “Pacova”, utilizada como corante pelos indígenas da Região do Alto Solimões-Amazonas. O extrato foi obtido da semente, extraído com água após 24 horas. Foram realizados testes com este indicador em produtos domésticos, ácido muriático, suco de limão, soda limão, vinagre, água com gás, antiácido, álcool, clara do ovo, detergente ajax, amoníaco e soda caústica, onde em meio ácido apresentou coloração vermelha e em meio básico coloração amarela. Portanto, pode ser empregado didaticamente no Ensino Médio, auxiliando no Ensino de Química.
PALAVRAS CHAVES: indicador natural, ácido-base, ensino de química
INTRODUÇÃO: Com a finalidade de ampliar e difundir o conhecimento de indicadores naturais,que podem ser empregados em produtos caseiros no estudo de funções inorgânicas, assunto ácido e base, foi testado um novo tipo de indicador natural extraído de uma planta popularmente conhecida como “Pacova”, utilizada como corante pelos indígenas na pintura de redes de dormir. Muitos educadores já utilizam indicadores naturais, tais como: extrato de repolho roxo, das flores de azaléia, da quaresmeira, da maria-sem-vergonha, de beterrada, do açaí e etc., como substitutos baratos e facilmente acessíveis de indicadores ácido-base1.Os indicadores apresentam cores diversas conforme a acidez ou basicidade do meio em que se encontra2. Foi proposto por Sorense em 1909 o conceito de pH, com o intuito de quantificar os valores de acidez e basicidade de uma solução3. O uso de indicadores de pH é uma prática bem antiga que foi introduzida no século XVII por Robert Boyle, a partir dos trabalhos de Boyle, publicações sobre o uso de extratos de plantas como indicadores tornaram-se freqüentes4. Em 1835, Marquat, realizando estudos com diversas espécies vegetais, propôs o termo antocianinas para se referir aos pigmentos azuis encontrados em flores, e mais tarde foi confirmada por Willstätter e Robinson que as antocianinas são os pigmentos responsáveis pela coloração de diversas flores e que seus extratos apresentavam cores que variam em função da acidez ou alcalinidade do meio4. O uso deste tipo de indicador contribui para a demonstração do comportamento de indicadores de pH e para medidas de pH, sendo um produto de fácil acesso que pode ser empregado didaticamente e ser aplicados em produtos caseiros e demonstrado para alunos de ensino médio, atendendo as Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio.
MATERIAL E MÉTODOS: Com a finalidade de avaliar o emprego do extrato da semente de "Pacova" como indicador ácido-base em produtos de uso doméstico testou-se o extrato extraído da semente. Utilizado pelos indios da região do Alto Solimões - Amazonas como corante na tintura de tecidos do tipo tucum (uma fibra), empregado em confecções de maqueira e na pintura de objetos artesanais, o extrato da planta Renealmia floribunda, Zingiberaceae, conhecida popularmente como pacova, foi testado como um novo indicador ácido-base natural. Foi extraido da semente desta planta o extrato de acordo com os seguintes processos:
1. Com auxilio de luva de borracha e estilete, foram feitos alguns riscos na casca do fruto liberando líquido(seiva)de coloração escura.
2. Após feito os riscos em 15 (quinze)frutos foram adicionados á um becker de 100 mL, contendo 100 mL de água destilada á temperatura ambiente durante um período de 24 horas.
3. Após 24 horas foram retirados os frutos, e o que restou foi o extrato de coloração escura, que foi empregado como indicador ácido-base.
O extrato extraído foi testado em produtos caseiros, tais como: Ácido muriático diluído em água destilada, suco de limão, refrigerante soda limão, comprimido antiácido tipo Andrews, vinagre, álcool doméstico, água mineral com gás, clara de ovo, amoníaco, detergente ajax e soda caústica. Em cada um desses componentes foram adicionados 2 gotas do extrato, e as mudanças de coloração foram comparadas com auxilio de indicador universal papel tornassol, para determinar os valores de pH correspondentes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Conforme pode ser constatado, observando o uso do indicador pacova, quando empregado em produtos domésticos, adquire coloração vermelha em meio ácido e coloração amarela em meio básico, tais observações também foram comprovadas utilizando indicador universal papel tornassol, conforme Figura 1. Com auxilio do papel indicador tornassol, foi determinado os valores de pH para os produtos domésticos utilizados neste teste, conforme Tabela 1. O que pode ser observado não houve mudança de coloração, mas sim, uma diminuição da intensidade de cor, na coloração vermelha quando o pH varia de 1,0 a 5,0, e um aumento da intensidade de cor, na coloração amarela quando o pH varia de 10 a 14. Portanto, esse tipo de indicador natural pode ser empregado para estimar o pH de produtos caseiros e ser aplicados facilmente em sala de aula, demonstrado o que é ácido e o que é básico aos estudantes de ensino médio, atendendo aos PCN's melhorando o entendimento e compreensão da disciplina.
Pode-se comprovar, que através da visualização há um interesse no aprendizado, levando os estudantes a ter um senso crítico da disciplina, tornando o aprendizado mais dinâmico e investigativo.
CONCLUSÕES: De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que o extrato obtido pode ser empregado na identificação de soluções ácido-base, a utilização de indicadores naturais contribuem muito para a demonstração do comportamento de indicadores de pH e para medidas de pH, sendo um produto de fácil acesso que pode ser empregado didaticamente e ser aplicados em produtos caseiros e demonstrado para alunos de ensino médio, atendendo aos PCN's para o Ensino Médio, além de auxiliar a interdisciplinaridade, despertando o senso crítico dos estudantes, bem como a contextualização.
AGRADECIMENTOS: A Prof. Thaysa Nogueira de Moura pela identificação do nome científico da planta e a Universidade Federal do Amazonas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1Matos, J.A.M.G. Mudança nas Cores dos Extratos de Flores e Repolhos. Química Nova na Escola. n.10, Nov. 1999.
2GEPEQ. Extrato de repolho roxo como indicador universal de pH. Química Nova na Escola. n.1, p. 32-33, 1995.
3Fiorucci, A. N., Soares. M. H. F. B. e Cavalheiro. E. T. G. O Conceito de Solução Tampão. Química Nova na Escola. n. 13, Mai. 2001.
4Terci, D. B. L. e Rossi, A. V. Indicadores Naturais de pH: Usar Papel ou Solução? Química Nova. Vol. 25, n. 4, p. 684-688, 2002.