TÍTULO: Construção e utilização de um jogo para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem da Tabela Periódica.
AUTORES: OLIVEIRA, M. H. (IFPR) ; POLLI, A. C. C. (UFPR) ; ARSIE, E. L. B. (UFPR) ; DA MOTTA NETO, J. D. (UFPR)
RESUMO: Neste trabalho construiu-se uma Tabela Periódica em três dimensões, utilizando-se materiais de baixo custo. O objetivo principal foi a construção de um protótipo, que se apresentou usual e palpável auxiliando a descrição, disposição e principais propriedades dos elementos químicos. Com os elementos devidamente dispostos de forma equivalente, com seus dados mais relevantes, o protótipo serviu como uma atividade lúdica. Despertando o interesse coletivo de todas as turmas onde foi utilizado, resultando em significativo interesse e desenvolvimento cognitivo dos educandos. Considerando-se a opinião de todos os envolvidos, docentes e discentes, esta construção, bem como a sua utilização foi aprovada, reconhecida e recomendada como uma boa ferramenta de aprendizagem de forma unânime.
PALAVRAS CHAVES: tabela periódica, ferramentas de aprendizagem, ensino em química.
INTRODUÇÃO: Atualmente, os educandos apresentam baixo rendimento escolar na disciplina de Química. Uma alternativa muito usual para contornar esta condição é a utilização de atividades lúdicas, que há muito são conhecidas e utilizadas, pois possibilitam abordar os conteúdos de forma mais interativa e interessante.
Para autores como Kishimoto (1996), Huizinga (1980), Negrine (1998), Russel (1999), Soares (2004) e Proença (2002) é assumido que alguma atividade, como um jogo, que associe os caráteres lúdico e educativo pode intensificar questões motivacionais, senso de trabalho em equipe, responsabilidade, respeito, interesse pela disciplina, entre outros, são fatores que podem alterar diretamente seu rendimento, pois constituem importantes ferramentas no processo cognitivo de crianças, jovens e adultos.
Como realizado por Pires Neto (2009) e relatado no 7° Simpequi, iniciou-se a montagem da Tabela Periódica em três dimensões. Tendo por objetivo associar e construir um modelo físico que justificasse de forma construtiva e concreta a atual organização e revelando a real necessidade da organização dos elementos químicos.
Tendo o construído modelo, o mesmo foi utilizado como uma atividade lúdica, relacionando-o a um jogo de baralho super trunfo, conforme relatado Godoi et al (2010). Onde cada aluno pesquisou, construiu, apresentou aos colegas e utilizou seus três elementos durante a realização deste trabalho. Diante das regras estabelecidas de forma democrática, iniciou-se a prática lúdica, que visou relacionar os elementos com as suas propriedades e incentivaram as competições por elementos. Os relatos dos autores/jogadores é de que o jogo auxilia no processo cognitivo e intensifica o processo de ensino-aprendizagem.
MATERIAL E MÉTODOS: A montagem iniciou-se pela confecção dos cubos, que foram produzidos com cartolina, um molde montado no PowerPoint, tesoura, cola e canetas hidrocor. O levantamento dos dados foi feito pelos próprios alunos, que utilizaram além de livro a internet, em seguida cada aluno apresentou seus três elementos pesquisados em forma de um pequeno seminário, revelando aos colegas informações importantes e curiosidades com relação aos seus nomes, seu descobrimento, sua abundância na natureza, sua presença na crosta terrestre, sua necessidade para os organismos, os compostos mais importantes a serem formados por cada um deles, as normas de nomenclatura atuais, além das informações pertinentes de cada elemento para o seu devido posicionamento ao longo da Tabela Periódica. O passo seguinte foi tomar as informações pesquisadas, e passa-las para as faces dos cubos, tomando o cuidado de que cada face apresentasse a mesma quantidade de informações. Tendo os cubos, com as informações dos elementos impressos nas faces dos mesmos, iniciou-se o conhecido jogo de baralho super trunfo. Cada aluno tinha seus três cubos, que agora iria se tratar de dados, cada um com suas seis faces repletas de informações de cada elemento químico, onde cada face equivale por uma carta do baralho. Com as regras consensuais estabelecidas democraticamente, definiram-se também os critérios de desempate, ordem crescente e decrescente, estados físicos, entre outros e então se concluiu que um jogador lança seu dado e tendo sua face voltada para cima submeteria a propriedade revelada para a comparação com os dados dos colegas, o vencedor seria aquele que conseguisse ficar com todos os dados dos colegas, os dados eram sempre redistribuídos ao ser estabelecido um vencedor.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Pode-se dizer que o resultado foi de sucesso total, sendo que todos os alunos do 1° Ano do ensino médio do IFPR participaram, se descontraíram, interagiram entre si, participaram de forma colaborativa, disputaram de forma amistosa e prazerosa, buscaram os elementos que apresentavam as maiores propriedades, relacionaram os elementos com suas famílias e períodos, compararam as propriedades, concluíram que o elemento de maior número atômico ou número de massa seria o mais importante, pois ganharia dos outros elementos. Durante a prática do jogo, a Tabela Periódica distribuída a eles no início e colada no caderno foi consultada por quase todos em busca de elementos que potencialmente tivessem uma avantajada propriedade. Posteriormente, os alunos foram convidados a fazer a montagem da tabela, ou seja, para que colocassem seus elementos em seus devidos lugares, conforme suas configurações eletrônicas, questionamentos surgiram sobre a posição de alguns elementos. Surgiram discussões sobre subníveis de energia, o número de elétrons das camadas de valência, estados físicos e etc. A atividade claramente despertou o interesse coletivo da turma não apenas para a disputa, mas também para o conteúdo e a necessidade dos critérios de organização da Tabela Periódica, bem como sua correta interpretação e extração de dados. Os relatos dos alunos chamam a atenção pelo fato de mencionarem que entenderam melhor a matéria, aprenderam a construir o um modelo e o conhecimento, pesquisar, relatar, vencer a timidez na hora de apresentar, improvisar, relacionar e comparar dados, adaptar e talvez o que mais chama a atenção: “são capazes de reconhecer a importância da Tabela Periódica”.
CONCLUSÕES: Pode-se dizer que todos os objetivos foram atingidos. A montagem da tabela foi planejada, construída e posteriormente utilizada. O comprometimento, a seriedade de todos com a pesquisa dos dados, a oratória, o espírito de construtivismo e cooperativismo foram desenvolvidos. A atividade lúdica despertou a criatividade e a capacidade de adaptação para propor soluções. O trabalho de forma completa estimulou e relacionou de forma lúdica e concreta o conhecimento científico, relacionando-o com o cotidiano e revelou ser uma eficiente abordagem para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem.
AGRADECIMENTOS: Aos alunos do IFPR e aos estagiários da UFPR pela participação, compromisso, seriedade e criatividade na execução deste projeto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: GODOI, T.A.F., OLIVEIRA H.P.M. CODOGNOTO L. Tabela Periódica - Um Super Trunfo para Alunos do Ensino Fundamental e Médio. Química Nova, v. 32 n° 1, p. 22-25, 2010.
HUIZINGA, H. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 2ª ed. São Paulo: Perspectiva, p. 33, 1980.
KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinq. e a educação. São Paulo: Cortez, 1996.
NEGRINE, A. Terapias corporais: a formação pessoal do adulto. Porto Alegre: Edita, 1998.
PIRES NETO, J.P. Estudo da tabela periódica a partir de um modelo em 3D, Disponível em: <http://www.abq.org.br/simpequi/2009/trabalhos/17-2671.htm>. Acesso em 18 de Setembro de 2009.
PROENÇA, D. J. Critérios e experiências no uso de jogos pedagógicos. Brasília: Redes, 2002.
RUSSELL. J. V. Using games to teach chemistry- an annotated bibliography. Journal of Chemical Education, 1999.
SOARES, M.H.F.B. O lúdico em Química: jogos e atividades aplicados ao ensino de Química. São Carlos (São Paulo), 2004. Tese de Doutorado. – departamento de Química, Instituto de Ciências Exatas e de Tecnologia - Universidade Federal de São Carlos. Orientador: Éder Tadeu Gomes Cavalheiro. 2004.