TÍTULO: Os Reflexos da Fragmentação no Ensino de Química Dificultando a Compreensão das transformações atuais

AUTORES: CORREIA, M.J. M (IFMA) ; ANJOS, D.F.DOS (IFMA) ; CHAVES, D.C. (IFMA)

RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo avaliar os principais problemas relacionados ao Ensino de Química e as dificuldades apresentadas pelos discentes em relação à abordagem de conteúdos associando-os às temáticas em voga. Os resultados foram obtidos através da aplicação de questionário constituído de perguntas objetivas e subjetivas com ênfase nas temáticas ambientais, agricultura, saúde e metabolismo, e também prioritariamente sobre a forma como são ministrados os conteúdos; onde foi possível diagnosticar a dificuldade dos alunos em associar a Química às temáticas atuais e sua aplicação, relacionando ainda ao grau de dificuldade em compreender a disciplina.

PALAVRAS CHAVES: ensino de química, deficiência na aprendizagem.

INTRODUÇÃO: O ensino de química tem se revelado desde muito tempo, como uma prática pedagógica fragmentária, fundamentada em pressupostos de segmentação entre os diversos campos da química, os quais são transpostos para os currículos escolares compondo os conteúdos desta disciplina.(DAMASCENO, 2009). O aprofundamento das reflexões sobre o ensino de química, realizado pelos pesquisadores da área, aponta indicativos para o desenvolvimento de um novo ensino de química através de uma visão mais ampla e integrada a realidade. (BRASIL, 2005).
Segundo Schnetzler (2004), o domínio do conhecimento químico é condição necessária para o propósito e desenvolvimento de pesquisas no ensino, mas não é suficiente, dada a complexidade de seu objeto, das interações humanas e sociais que o caracterizam.
O aprendizado de Química pelos alunos de Ensino Médio implica a compreensão das transformações químicas que ocorrem no mundo físico de forma abrangente e integrada e assim possam julgar com fundamentos as informações advindas da tradição cultural, da mídia e da própria escola e tomar decisões autonomamente, enquanto indivíduos e cidadãos. Os conhecimentos difundidos referente à disciplina permitem a construção de uma visão de mundo mais articulada e menos fragmentada, contribuindo para que o indivíduo se veja como participante de um mundo em constante transformação. Para isso, esses conhecimentos devem traduzir-se em competências e habilidades cognitivas e afetivas. (MEC/SEMTEC, 2002).
De ante da problemática apresentada este trabalho objetiva um levantamento de dados a cerca do Ensino de Química no município de Zé Doca - MA, confrontando os dados com a capacidade dos discentes em relacionar os conteúdos abordados com as transformações e problemas vivenciados na atualidade.



MATERIAL E MÉTODOS: A metodologia empregada baseia-se na aplicação de questionário, direcionado aos alunos do terceiro ano do ensino médio de uma Escola da Rede Estadual da cidade de Zé Doca, onde os discentes foram questionados sobre a metodologia empregada no Ensino e sobre a abordagem dos conteúdos, se de forma multidisciplinar ou apenas como uma ciência isolada.
O questionário consta ainda de perguntas objetivas e argumentativas solicitando a capacidade do aluno em associar o Ensino de Química a temas amplamente difundidos como: poluição ambiental, agricultura, metabolismo e saúde. Sendo realizadas análises estatísticas para tabulação dos dados obtidos.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Nos resultados obtidos observa-se que grande maioria dos alunos tem dificuldade em associar os conteúdos estudados na disciplina, como por exemplo, o estudo dos elementos químicos às suas aplicações, seja na indústria, em casa ou no meio ambiente. Dos quatorze elementos expostos aos alunos, pediu-se que associassem às suas aplicações e que identificassem onde se encontram mais freqüentemente, 37,83% demonstraram estranheza até mesmo com referência ao Carbono, Hidrogênio, Oxigênio, Ferro entre outros de grande conhecimento e associação ao cotidiano. No gráfico 01, observam-se como os discentes avaliam suas dificuldades na aprendizagem da disciplina classificando-a como de alto grau.
No gráfico 02, é exposta em porcentagem a capacidade dos alunos em associar o Ensino de Química às problemáticas vigentes. Nota-se que 13,51% dos alunos não conseguem relacionar os estudos de Química a nenhuma das temáticas já citadas, e que apenas 10,81% identificam todas as relações. Sendo que a maioria dos alunos que citou as modificações ambientais, apenas mencionou os efeitos do dióxido de carbono como agravante do efeito estufa.
A grande maioria dos alunos que afirmam apresentar alto grau de dificuldade na compreensão dos conteúdos, corresponde quase na sua totalidade ao grupo de discentes que não conseguem associar o Ensino de Química ao cotidiano. Dos entrevistados, 67,57% incluindo até mesmo aqueles que se mostraram atentos às relações expostas, informaram que as aulas são ministradas sem que haja qualquer elo entre os conteúdos. Onde o professor, ao transmitir um novo assunto não apresenta nenhuma conexão referente ao assunto anterior que facilite ao aluno a compreensão do conteúdo e a interação deste com as constantes transformações de cunho sócio-ambiental.







CONCLUSÕES: Conclusão: De acordo com os resultados apresentados neste trabalho, pode-se concluir que a deficiência no Ensino de química está diretamente relacionada ao distanciamento apresentado pelos alunos, e à fragmentação entre os conteúdos ministrados. Esta prática de Ensino tem se mostrado ineficaz na aprendizagem sócio-cognitiva, colaborando para que os discentes apresentem alto grau de dificuldade em organização e assimilação dos conteúdos referentes ao Ensino de Química.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL. Secretária da Educação Média e Tecnológica. PCN+ Ensino Médio: Orientações Educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais – Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/SEMTEC, 2002.

DAMASCENO, H.C. et al. Conteúdos e Programas de Ensino de Química: O que Realmente se Ensina nas Escolas de Itabuna, Região Sul da Bahia, 2009.

SCHNETZLER, R.P. A Pesquisa no Ensino de Química e a Importância da Química Nova na Escola. Revista Química Nova na Escola, n. 20, p. 49-54. nov., 2004.