TÍTULO: Identificação de ácidos orgânicos por cromatografia em papel, uma abordagem educacional
AUTORES: LIMA, M. B (UFPB) ; SILVA.A.L (IFPB) ; TAVARES, M. R. S. (IFPB) ; HORA, P. H. A (IFPB)
RESUMO: A inserção de novas práticas no Ensino de Química permite uma abordagem conceitual mais
adequada, viabilizando um aprendizado cognitivo apropriado as novas necessidades
educacionais. O presente trabalho introduz a prática de identificação de espécies
orgânicas em alimentos por cromatografia em papel como ferramenta motivadora para o
ensino. Tal experimento mostra-se viável as escolas, sendo simples, de fácil e rápida
execução, além de conceitualmente rica, para uma abordagem contextualizada, podendo ser
utilizada como ferramenta em vários conteúdos de química. Deste modo a prática proposta
permite minimizar a abstração em assuntos considerados confusos pelos estudantes,
favorecendo uma assimilação mais significativa.
PALAVRAS CHAVES: orgânicos, cromatografia em papel, ensino de química
INTRODUÇÃO: A cromatografia é considerada uma das mais importantes técnicas de separação e
análise química, com inúmeras aplicações nas ciências naturais (HOLLER, 2009).
Intimamente relacionada com as interações intermoleculares, polaridade, solubilidade
e funções químicas a abordagem contextualiza deste tema permite ao estudante
compreender melhor a aplicação de conceitos químicos profundamente abstratos à sua
visão de senso comum, não favorecida pelas abordagens tradicionais. Um experimento
simples que conduza o aluno a uma interação mais real com conceitos químicos já
motiva fortemente a sua implementação.
A cromatografia em papel é uma técnica ainda muito utilizada em laboratórios de
bioquímica. Tal técnica consiste em separar mistura líquido-líquido devido a sua
diferença de solubilidade. O eluente ou fase móvel é o solvente que permite a
separação do analito presente na fase estacionária, papel cromatográfico ou similar,
que caracteriza o cromatograma. Como grande parte das substâncias separadas são
incolores utiliza-se um indicador, ou revelador, geralmente um ácido ou base fracos
que reagem com o analito sobre determinadas condições de pH, temperatura, solvente
(DEGANI, 1998).
No presente trabalho foi proposto a identificação dos aditivos alimentares, ácido
cítrico, lático e tartárico por cromatografia em papel, permitindo uma ótima
contextualização de processos físico-químicos para análise de alimentos, que abarca
vários conceitos químicos que erroneamente ganham um significado abstrato em uma
abordagem tradicional dos mesmos.
MATERIAL E MÉTODOS: Para realização da prática foram necessários os seguintes materiais: ácidos cítrico,
lático e tartárico, indicador azul de timol, álcool etílico, ácido clorídrico (ácido
muriático), hidróxido de amônio, papel de filtro para café, conta-gotas, recipiente
de vidro ou plástico transparente.
Os ácidos cítrico, láctico e tartárico que serviram como as soluções padrões
comparativas, em relação às amostras, foram adquiridos em farmácias de manipulação,
bem como o indicador azul de timol. O hidróxido de amônio foi adquirido em loja de
produtos de limpeza. Os demais reagentes foram adquiridos em supermercados locais. As
amostras utilizadas foram sucos de frutas industrializados de caju e goiaba, os quais
apresentavam pelo menos um desses ácidos.
Inicialmente, foi preparada a solução eluente, pesando-se aproximadamente 0,05 g do
indicador azul de timol, dissolvendo-o em 40 mL de álcool etílico, em seguida foram
adicionados 15 mL de água e 2 mL de hidróxido de amônio. As soluções padrões foram
preparadas pesando-se 0,5 g dos ácidos orgânicos e dissolvidas em 150 mL de água. 5
mL de cada amostra foi dissolvido em 50 mL de água.
O papel de filtro para café foi utilizado como fase estacionária, um conta-gotas foi
utilizado para adicionar cuidadosamente as alíquotas das soluções no papel. Tais
alíquotas ficaram a aproximadamente 2 cm de distância da extremidade do papel imersa
na solução eluente, fase móvel, conforme apresentado no esquema da Figura 1. O
cromatograma foi desenvolvido até o solvente atingir, aproximadamente, 2 cm antes da
borda superior, as manchas amarelas sob o fundo azul do papel indicam a presença dos
ácidos. O analito foi revelado deixando o cromatograma em contato com vapores de
ácido clorídrico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O esquema da Figura 1 representa as características do cromatograma utilizado na
prática. O experimento é melhor ilustrado na Figura 2. A Figura 2a representa o
desenvolvimento do cromatograma até a margem superior do papel de filtro, da esquerda
para direita os ácidos são cítrico, tartárico e lático. A Figura 2b representa o
cromatograma sendo revelado em vapor de ácido clorídrico, onde as manchas amarelas
ficam mais nítidas sobre o fundo vermelho, atestando à presença do ácido cítrico em
ambas as amostras, como indicado no rótulo do produto, o ácido lático e tartárico
estavam ausentes dos mesmos.
A turma onde o experimento foi realizado pertencia ao 1º ano do ensino médio, onde o
tema processo de separação de misturas estava sendo abordado, juntamente com as
propriedades das soluções e forças intermoleculares. A grande aceitação por parte dos
discentes permitiu uma abordagem mais satisfatória do tema exposto, levando-os a
compreender na prática a finalidade dos seus estudos de maneira dinâmica e
motivadora. A avaliação foi realizada de modo qualitativo, permitindo a cada aluno
expor suas idéias e conceitos a cerca do fenômeno químico apresentado, encorajando
uma discussão crítica sobre o tema.
CONCLUSÕES: Para execução da prática foram usados exclusivamente materiais alternativos, o que
possibilita a reprodução do mesmo experimento em qualquer escola, equipada com um
ambiente de laboratório ou não.
Os resultados obtidos com os alunos mostraram-se motivadores para a busca da adequação
de novas práticas ao ensino de química no nível básico. Várias estratégias de ensino
podem abarcar este experimento, visto a natureza multi-temática a qual uma análise
desse tipo pode envolver.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Degani, A. L. G.; Cass, Q. B.; Vieira, P. C. Cromatografia um breve ensaio. Químca Nova na Escola. 7, 1998.
Holler, F.J., Skoog, D.A. e Crouch, S.R. Princípios de análise instrumental. 6 ed. Bookman, Porto Alegre, 2009.
Schvartsman, S. Aditivos Alimentares. Pediat. 4, 1982.