TÍTULO: Química Ambiental Experimental Dentro da Perspectiva da Observação do Cotidiano
AUTORES: ARRUDA, N.P. (IFRJ) ; ARRUDA, A.L.P. (CEFET-RJ) ; VIEIRA, F.A. (PUC-RJ)
RESUMO: A temática ambiental é diversa, despertadora e comum, podendo fornecer insumos para aulas teóricas e instrumentalizadas de Química, em laboratórios ou em ambientes naturais, utilizando-se de pequena infra-estrutura. O presente trabalho relata uma experiência de cinco anos com alunos de nível médio do Curso Técnico de Meio Ambiente do IFRJ para o ensino de Química Ambiental associado ao monitoramento e observação de ambientes comuns ao seu cotidiano. A resposta quali-quantitativa pela aplicação da metodologia pode ser observada pela melhoria do discurso e da confecção de relatórios (correlação de resultados), pela interpretação dos aspectos temáticos e compreensão da Química Clássica. A aula pode ser um meio de avaliação de situações reais e instrumento de educação ambiental.
PALAVRAS CHAVES: química ambiental, equilíbrio químico, educação ambiental
INTRODUÇÃO: Com a popularização da discussão dos aspectos ambientais locais ou globais é impossível a Escola manter-se inerte às temáticas recorrentes. A multiplicidade de questões que a química responde hoje é fenomenal. Fundamental, portanto, criarem-se interfaces entre a compreensão da química e os processos naturais para solução e prevenção de problemas advindos da implementação de tecnologias e processos produtivos potencialmente poluentes. Baird (2002), escrevendo o prefácio de seu renomado livro de Química Ambiental, num momento de reflexão sobre a poluição que o afetava, vislumbrava que uma situação paralela provavelmente afetaria quem o lesse, esperando convencer um público cada vez maior que: “a Química Ambiental não é apenas um tópico de interesse acadêmico mas que toca a vida de todos, todos os dias, de diversas formas práticas”. Os conteúdos aplicáveis são, primordialmente, aqueles associados ao conceito de equilíbrio, que favorecem a visão holística do Universo, considerando-se que a cada intervenção os sistemas reagem no sentido de restabelecerem-se, esta é a força motriz para todos os processos físico-químicos ou biológicos.
MATERIAL E MÉTODOS: Coleta de amostras de (1) águas naturais em parques, com baixa ou alta interferência antropogênica; (2) solo, próximo a lixões; (3) sedimento em corpos aquáticos assoreados ou mangues. Após amostragem são realizadas determinações que exijam baixa complexidade instrumental, como demonstra a tabela 1. As determinações sempre pautadas nos fundamentos da Química Verde (Corrêa e VÂNIA & ZUIN, 2009), miniaturizando a vidraria e tratando os resíduos por precipitação e/ou reações redox.). Os resultados analíticos são apresentados sob a forma de seminários e relatórios. Nos relatórios são discutidos os princípios da Química que norteiam a análise laboratorial ou de campo. A discussão dos valores encontrados deve abranger a proposição de alternativas de melhoria (medidas mitigadoras) pela observação do ambiente, sob os aspectos biológicos, culturais e sócio-econômicos e processos produtivos da região, em consonância com os parâmetros e padrões de qualidade impostos pela Legislação vigente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em cinco anos de aplicação da metodologia experimental no ensino da Química no curso técnico, sob a temática ambiental, em ambientes comuns ao público alvo observou-se uma melhoria em aspectos como escrita, compreensão fundamentada e humanística da ciência e perspicácia na correlação de resultados. É claro o interesse do alunado na busca por “saídas de campo”, coleta de amostras, monitoramento permanente de determinados corpos aquáticos, como é realizado nos Lagos da Quinta da Boa Vista e no Rio Tijuca (na nascente, dentro do Parque Nacional da Tijuca e em seu leito sob forte aporte antropogênico. Os monitoramentos geram projetos de pesquisa orientados. Cada vez mais são observadas apresentações de projetos nas Semanas de Química e feiras externas (FEBRACE-USP, MOSTRATEC-Fundação Liberato), com vínculo ambiental, integrando cursos de vertentes distintas, como Biotecnologia e Alimentos. Sob esta ótica é possível entender a Química fora de seus conceitos rígidos mas sim sua aplicação na mensuração causa-efeito e instrumental para a proposta de novos caminhos e tendências na utilização dos recursos naturais. A Química Ambiental, como integrante dos sistemas de Gestão, deve ser instrumento não só de monitoramento ambiental, mas de Educação Ambiental. Todas as iniciativas que agucem o interesse do estudante e o incentive a ser pró-ativo e contextual são veículos importantes na construção do conhecimento e da cidadania. A aplicação de metodologias com este formato não se restringe a cursos técnicos ou escolas mais instrumentalizadas. Ao contrário, o conceito ambiental deve ter o pilar em construir o complexo através do básico. Esse modelo é aplicável, também, ao ensino da Química Geral nos cursos de ensino médio.
CONCLUSÕES: O ensino dos tópicos de Química, sob a ótica da Química Ambiental, em ambientes externos cotidianos, tem sido fator de motivação para os alunos dos cursos técnicos do IFRJ, refletindo na melhora da escrita, da confecção de relatórios, do discurso e aumento no envolvimento em projetos institucionais, apresentados nos eventos científicos internos e externos, promovendo a interação entre cursos de outras áreas, como prova da transversalidade do tema.
AGRADECIMENTOS: à Direção do IFRJ.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CORRÊA, A.G.; ZUIN, V.G. Química Verde: fundamentos e aplicações. São Carlos: EdUFSCa, 172p.
BAIRD, C. 2002. Química ambiental. 2. ed., Porto Alegre: Bookman, 622 p.
TESSIER, A.; CAMPBELL, P. G. C.; BISSON, M. 1979. Analytical. Chemistry, n. 51, p. 844-851.
MELLO, A. F. 1977. Introdução à Análise Mineral Qualitativa. São Paulo: Pioneira, 110p.