TÍTULO: Anseios e expectativas dos docentes de ciências e matemática de Ilhéus e Itabuna quanto à formação continuada
AUTORES: SANTOS, M. A. F. (UESC) ; BELLO, M. E. R. B. (UESC)
RESUMO: Este trabalho teve como objetivo realizar um levantamento do perfil e das expectativas de docentes de ciências e matemática, da região de Ilhéus e Itabuna (Bahia), com relação à programas de formação continuada. Para a coleta dos dados, empregou-se como instrumento de pesquisa o questionário. A partir da análise das respostas dos docentes, pode-se constatar que muitos dos problemas citados por eles surgem em decorrência de uma formação inicial que não os prepara como deveria para a realidade escolar. Quanto à ineficácia dos cursos de formação em serviço, apontada por muitos docentes, o despreparo dos formadores (distantes da escola), problemas com remanejamento de horário nas escolas e a pouca demanda de cursos na região, foram alguns dos principais motivos atribuídos.
PALAVRAS CHAVES: expectativas, formação continuada, docentes ciências e matemática
INTRODUÇÃO: A formação continuada é uma necessidade intrínseca para todos os profissionais num mundo globalizando, e não poderia ser diferente para os profissionais da educação escolar. O processo de formação do professor após o término do magistério recebeu ao longo dos anos diferentes designações, como a reciclagem, o treinamento, capacitação, aperfeiçoamento, formação em serviço, e mais recentemente, formação continuada. Cada terminologia marcou uma época diferente, e algumas delas são consideradas impróprias para a área educacional. Mas independentemente de como é chamada, a formação contínua do professor deve superar o tradicional individualismo e acontecer num ambiente coletivo, buscando a autonomia profissional. (SOBRINHO, 2006).
A formação continuada em educação é uma questão de ampla e de grande relevância social. Para melhor abordá-la, é de suma importância conhecer o docente, e o contexto em que ele está inserido, suas condições de trabalho, anseios, expectativas e, sobretudo, suas frustrações. Em muitos aspectos, os problemas enfrentados são comuns a qualquer região do país, e as alternativas que se dispõe para solucioná-los também não são tão distintas assim. Mas para isso, é fundamental traçar um perfil o mais próximo possível da realidade de algumas localidades, de maneira a suprir carências específicas.
Desta maneira, este trabalho teve por objetivo traçar um perfil dos docentes que lecionam ciências e matemática nas cidades de Ilhéus e Itabuna, bem como o de identificar as principais expectativas e frustrações que estes apresentam em relação à formação continuada. Identificar se estes cursos e programas ainda deixam a desejar, e uma possível razão que os docentes atribuem a isto. E a razão de muitos deles ainda permanecerem longe de tais cursos e programas.
MATERIAL E MÉTODOS: Esta foi uma pesquisa qualitativa descritiva, uma vez visamos através dela descrever as características de uma determinada população. Foi realizada com docentes de ciências e matemática do ensino médio, rede pública e particular, das cidades de Ilhéus e Itabuna, região sul da Bahia. A amostragem inicial da pesquisa foi de 31 docentes, quantidade de questionários distribuídos nas duas cidades, mas apenas 22 foram respondidos e devolvidos, sendo a maioria de docentes que atuam na cidade de Itabuna.
Em uma etapa preliminar da pesquisa, os questionários elaborados foram aplicados em um pré-teste, para um grupo de quatro voluntários que não participaram da população final pesquisada. Após a realização de algumas modificações, os questionários foram então aplicados aos sujeitos desta pesquisa, no período de agosto a setembro de 2008.
Dois questionários foram elaborados e ambos apresentaram questões fechadas e abertas (em sua maioria). O “Questionário A” foi respondido por docentes que já haviam participado de algum tipo de programa de formação em serviço. Já os docentes que nunca haviam participado de qualquer tipo de formação em serviço responderam ao “Questionário B”.
Estes questionários (A e B) apresentaram uma estrutura bem definida subdividida em duas partes: uma parte inicial referente ao perfil do docente, com perguntas voltadas a sua formação inicial, tempo de serviço, número de escolas que leciona, etc. A segunda parte dos questionários foi então direcionada para as perguntas específicas, referentes a sua formação em serviço.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A análise dos questionários nos mostrou que quase 70% dos docentes pesquisados têm menos de 10 anos de graduados, embora metade deles tenham dito ensinar há mais de dez anos, o que reflete o fato de que muitos lecionavam antes mesmo de terem concluído seus cursos de graduação. Dentre os 22 sujeitos da pesquisa, apenas um não tem formação específica na área em que atua, lecionando química e tendo graduação em enfermagem. Pior sendo o fato de que ao longo dos quase 10 anos que disse lecionar só ter realizado cursos de formação continuada em enfermagem. Surpreendente foi o alto percentual de professores que disseram ensinar em apenas 1 escola (46%), embora o número de turmas e alunos sejam elevado na maioria dos casos.
A maioria dos docentes respondeu que a formação continuada que eles têm participado está muito aquém das expectativas, e segundo eles, faltam mais atividades envolvendo a informática, abordagem de novas metodologias de ensino, lacunas da formação inicial que continuam não sendo preenchidas, e alguns comentaram do despreparo dos formadores, que não conhecendo a realidade escolar, continuam preparando para um contexto bem diferente do vivido por eles. Apesar das expectativas não correspondidas, 94% dos docentes disseram ter repensado sua prática pedagógica com os cursos, e 76% disseram ter modificado tal prática de alguma maneira, as mais citadas foram a inserção de aulas práticas, novos recursos (como a informática) e atividades lúdicas.
Dentre os sujeitos que nunca participaram de um curso de formação continuada, a maior alegação para isso foi a dificuldade em conciliar horários e a falta de oportunidade. Apesar de não estarem atualizando sua prática pedagógica, nenhum desses docentes considerou estar em desvantagem no mercado por esta razão.
CONCLUSÕES: Embora os docentes sujeitos desta pesquisa tenham mostrado uma insatisfação com relação aos cursos de formação continuada realizados, eles gostariam de ter a oportunidade de participar de mais cursos e programas com este fim. Dentre algumas das preocupações dos professores estão a baixa demanda deste tipo de curso na região, e que quando há oportunidade, a divulgação e o número de vagas disponibilizadas são insuficientes. O baixo incentivo dado pelas escolas também foi citado. Poucas sugestões foram deixadas, onde destacamos a maior aproximação da Universidade com a escola.
AGRADECIMENTOS: Agradecemos a todos os docentes que participaram desta pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: SOBRINHO, J. A. C. M., A formação continuada de professores: modelos clássicos e contemporâneo Linguagens, Educação e Sociedade. Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPI, no 15, jul/dez, 2006.