TÍTULO: COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO ENSINO DE QUÍMICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS - EJA
AUTORES: SILVA, A.M. (UECE) ; ALVES, G.S.S. (UECE)
RESUMO: O objetivo deste trabalho é discutir as competências e habilidades do ensino de química na educação de jovens e adultos. Destacam-se opiniões e pensamentos de alguns autores sobre as leis que regem a formação docente na educação de jovens e adultos, além de um panorama geral sobre os parâmetros curriculares nacionais. Foram vistas observações na formação da docência, em que a química foi descoberta nos rituais dos atores sociais da aprendizagem, revelando impactos do estudo dessa disciplina na vida / trabalho de jovens e adultos. As competências e habilidades no ensino de química na educação de jovens e adultos foi analisada a partir de depoimentos de alunos e professores.
PALAVRAS CHAVES: química, eja
INTRODUÇÃO: O mundo contemporâneo passa por uma revolução tecnológica a qual exige um novo perfil de trabalhador. Este deve ser versátil, capaz de compreender o processo do trabalho como um todo, capaz de forma criativa tomar decisões adequadas e saber resolver problemas em equipe. Portanto, promover a educação fundamental de jovens e adultos que não tiveram oportunidade de cumpri-la no tempo adequado é importante para responder aos imperativos de hoje. O interesse de investigar o ensino de Química no contexto da Educação de Jovens e Adultos (EJA) ao nível de conclusão do ensino médio se deve a uma série de vivências e observações registradas durante o exercício de educador. No presente estudo tenta-se verificar a aplicabilidade do conjunto de competências e habilidades propostas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o ensino de química, no sistema modular de suplência para jovens e adultos trabalhadores que não tiveram oportunidades de realizarem seus estudos dentro da oficialidade do sistema regular do ensino Fundamental e/ou Médio, além de, através da análise e interpretação das opiniões dos professores sobre como entendem e configuram propostas para implementação do ensino de química para a cidadania na Educação de Jovens e Adultos.
MATERIAL E MÉTODOS: Três investigações foram realizadas neste trabalho. A primeira caracterizou-se os momentos de ensino-aprendizagem em salas de aula da EJA tendo como base em depoimentos de seus atores sociais da aprendizagem (alunos e professores). Por sua vez, tal análise auxiliou também no planejamento das outras duas investigações. Neste sentido, elaborou-se questionários que foram aplicados a alunos e professores de cinco escolas públicas que se dedicam a Educação de Jovens e Adultos da zona periférica de Fortaleza e do município de Maracanaú-CE. As fontes de dados para investigar as competências e habilidades propostas pelos PCN constituíram-se em questionários e na realização de entrevistas. Ante a impossibilidade de se pesquisar junto a totalidade dos professores cearenses, optou-se por selecionar aqueles que dão aulas de Química em escolas públicas que se dedicam a EJA. Desta forma, as informações expressas pelos alunos e professores nas suas respostas aos questionários e nas entrevistas, respectivamente, puderam ser organizadas 6 (seis) temas relativos a: a) trajetórias dos atores sociais da educação de jovens e adultos; b) concepções e histórias de vida acerca do ritual do ensino de Química na EJA – sob a ótica dos professores e alunos do supletivo; c) concepções dos professores acerca das perspectivas positivas ou negativas da aplicação do conjunto de competências e habilidades sugeridas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais; d) concepção de currículo; e) objetivos do ensino de Química; f) seleção e organização dos conteúdos. Tal procedimento permitiu a identificação e análise das concepções de alunos e professores frente aos objetivos propostos desta pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A análise dos depoimentos permitiu-nos caracterizar três momentos de ensino-aprendizagem: momento da aula, momento do tirar dúvidas dos módulos e o momento da avaliação. O ensinamento da química na educação de jovens é marcado pela negação do uso de situações cotidianas o que nos leva a questionar o significado e o sentido de vida e, conseqüentemente, o papel da escola e da formação do educador, sendo constatado por 80 % dos professores. Dentre os casos analisados, verifica-se que 70 % dos alunos sabem o valor do conhecimento químico e se fossem bem orientados poderiam ajudá-los em suas tarefas rotineiras que definem os seus respectivos espaços profissionais. Constata-se que a totalidade dos alunos entrevistados apresentou dificuldades em aprender os conteúdos dos módulos, visto que não tinham tempo para estudá-los devido a carga horária de trabalho. A maioria dos alunos entrevistados em geral começam a trabalhar muito cedo para ajudar a renda familiar e também foi constatado que a média do tempo de serviço prestado varia de 2 a 4 anos de trabalho. Estes alunos trabalham em média de 8 a 12 horas/diária, não tendo tempo suficiente para o estudo dos conteúdos propostos nos módulos. A LDB 9394/96, de certa forma contribui para que essa situação do aluno-trabalhador possa continuar. Observou-se também, que 80% dos alunos entrevistados apontaram que os módulos não tinham nenhuma relação com o seu cotidiano, dificultando assim o seu aprendizado. Ao indagar-se a sobre possibilidades da EJA dentro da perspectiva de competências e habilidades 100% afirmaram que há grandes possibilidades de sucesso porque verificam alguns princípios norteadores. Afirmam que o laboratório ajudaria na compreensão de muitos conteúdos da disciplina, facilitando o aprendizado em Química.
CONCLUSÕES: Podemos concluir que devemos: 1)repensar urgentemente na formação dos licenciados em química para o enfrentamento da docência na modalidade EJA; 2)despertar para o reconhecimento do valor atribuído por jovens e adultos sobre essa modalidade de estudo; 3)repensar os módulos tornando mais atraentes aos alunos através de uma contextualização do seu cotidiano e a interdisciplinaridade com as demais áreas do conhecimento; 4) repensar os currículo dessa modalidade de ensino; 5) suprir materiais que levem a melhoria da cultura química do educando.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL . Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988.
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