TÍTULO: Relatos de Sala de Aula: Uma breve visão das publicações da revista Química Nova na Escola no período de 2000 – 2007

AUTORES: CHAVES, T. F. (UECE FAFIDAM) ; TEIXEIRA SÁ, D. M. A. (UECE FAFIDAM)

RESUMO: Neste trabalho foi feita uma análise dos artigos publicados na seção Relatos de Sala de Aula da Revista Química Nova na Escola. Foram avaliadas as publicações dessa seção como ferramentas adicionais no processo de ensino-aprendizagem tendo como foco a interdisciplinaridade e a relação aluno/vivência cotidiana. Pôde-se observar que a maioria dos artigos já aborda os conteúdos dos pontos de vista interdisciplinares e cotidianos, os assuntos foram diretamente relacionados com as disciplinas de Biologia, Geografia e Matemática além de temas como: meio ambiente, saúde, DSTs, entre outros. Assim, os artigos da seção Relatos de Sala de Aula, além de compartilhar experiências bem sucedidas, fornecem também apoio de conteúdo didático e curricular para professores do ensino fundamental e médio.

PALAVRAS CHAVES: artigos; qnesc; interdisciplinaridade

INTRODUÇÃO: Fazenda 2002 Afirma que os professores não foram preparados nas Universidades para trabalhar interdisciplinarmente, devido as suas formações terem ocorrido sobre o paradigma cartesiano, portanto sentem-se inseguros frente a nova tarefa de integrar as disciplinas. O tema interdisciplinaridade vem se popularizando nas discussões e nos projetos realizados por professores das escolas brasileiras, contudo, apoiado em práticas intuitivas, sem o aporte teórico necessário. (Augusto e Caldeira, 2005). É sabido, pelas pesquisas realizadas no campo do Ensino de Química, que à aproximação com real facilita o processo de ensino-aprendizagem, isso se dá principalmente quando os conteúdos ensinados podem ser inseridos no convívio cotidiano do aluno (Guedes et. al. 2007). Os PCNs, em seu texto, fala das tendências pedagógicas mais atuais de ensino que apontam para a valorização da vivência dos estudantes como critério para escolha de temas de trabalho e desenvolvimento de atividades (Brasil, 1998). Entretanto, buscar situações significativas na vivência dos estudantes, tematizá-las, integrando vários eixos e temas transversais, não tem sido uma prática simples para diversos professores. Diante dessa necessidade, e considerando a recente produção científica no Ensino de Química em nosso país, proveniente tanto dos encontros realizados nessa área como nas publicações em periódicos, julgamos pertinente a realização de um trabalho de caráter bibliográfico a seu respeito. Assim o presente trabalho tem como objetivo avaliar a seção Relatos de Sala de Aula, da revista Química Nova na Escola, quanto à titulação dos autores, sua lotação nas instituições de ensino, conteúdos abordados nos artigos e a sua possível utilização como ferramenta na preparação das aulas de química no Ensino Básico.

MATERIAL E MÉTODOS: A seção Relatos de Sala de Aula (Revista Química Nova na Escola - QNEsc) foi escolhida por ser um espaço dentro da revista dirigido à socialização de experiências desenvolvidas no ensino de química, em que se busca valorizar as vivências de sala de aula e intensificar as reflexões sobre os currículos praticados nas escolas, como forma de melhorá-los. Foram obtidos todos os artigos disponíveis da seção Relatos de Sala de Aula no site da revista Química Nova na Escola, publicados entre 2000 e 2007, período esse onde foi focalizado o estudo. De cada artigo analisado foram retirados: o número de autores, sua maior titulação, instituição de ensino a qual pertence e o estado de origem. Analisou-se também os conteúdos de química abordados em cada artigo e se traziam relações interdisciplinares e/ou com o cotidiano, e qual o nível de ensino proposto pelo artigo. Depois da coleta dos dados, estes foram analisados e a partir daí feito os tratamentos analíticos e gráficos dos resultados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram analisados 27 artigos distribuídos em 16 números da revista. A distribuição da qualificação dos autores está descrita na Figura 1. Mais da metade dos artigos (55.55%) possuem pelo menos um dos autores ligados a instituições de ensino fundamental e/ou médio, o que mostra o comprometimento desses profissionais com a melhora do ensino de química em suas escolas. Quanto à distribuição dos artigos em regiões geográficas observa-se uma maior participação da região sudeste nas publicações (Figura 2). Não foram observadas publicações relativas a nenhum estado da região norte do país. Os conteúdos abordados pelos autores foram os mais diversos sendo que os relacionados à Química Orgânica tiveram uma atenção especial. Dos artigos estudados, 37.04% abordavam assuntos envolvendo funções orgânicas, hidrocarbonetos, isomeria óptica, ligações carbônicas, cadeias carbônicas, gorduras e ácidos graxos. Nesses artigos é possível observar claramente a intenção dos autores em relacionar os conteúdos com materiais do cotidiano e também com temas interdisciplinares, como por exemplo, polímeros, plásticos e reciclagem, ou petróleo, seus derivados e hidrocarbonetos. Outros assuntos abordados foram: forças intermoleculares, funções inorgânicas, cálculos estequiométricos, pH e história da química. Das disciplinas presentes no ensino médio as mais envolvidas nestes artigos são Biologia, Geografia e Matemática, ao lado disso somam-se conteúdos relacionados a temas transversais como: meio ambiente, saúde, DSTs, evolução tecnológica entre outros. Em apenas 18.52% dos artigos os autores não deixam explícitos temas interdisciplinares e cotidianos. Observa-se uma preferência pela pesquisa relacionada ao ensino médio, visto que 77.78% dos artigos tratam de experiências nesse nível de ensino.





CONCLUSÕES: Os pesquisadores autores desta seção apresentam-se bastante qualificados com titulações predominando entre mestre e doutores. Mais da metade das publicações da seção da revista são de grupos de estudo da região sudeste. A maior parte dos artigos tem como foco a interdisciplinaridade e mostra-se como uma alternativa para professores da educação básica utilizá-los em suas aulas, seja reproduzindo os trabalhos bem sucedidos ou servindo como norte para a adaptação ao seu contexto escolar.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AUGUSTO, G. S.; CALDEIRA, A. M. T. A. Interdisciplinaridade no ensino de ciências da natureza: dificuldades de professores de educação básica, da rede pública brasileira, para a implementação dessas práticas. Enseñanza de lãs ciências, número extra, 2005.

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: ciênicas naturais. Brasília: MEC/SEF, 1998.

FAZENDA, I. C. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. 10 ed. Campinas: Papirus.

FRANCISCO, Cristiane Andretta; A produção do conhecimento sobre o ensino de química no Brasil: um olhar a partir das Reuniões Anuais da Sociedade Brasileira de Química. São Carlos, Universidade Federal de São Carlos, 2006. 132p (Dissertação de Mestrado).

GUEDES, J. M. et al. Utilização de cosméticos para a elaboração de uma metodologia alternativa no ensino da química. Disponível em: www.annq.org/congresso2007/trabalhos_apresentados/T26.pdf. Visitado em 26 de maio de 2008

Revista Química Nova na Escola. http://qnesc.sbq.org.br/, visitado em 19 de março de 2008.