TÍTULO: Equilibrio quimico: modelos de ensino encontrados nos livros didáticos do ensino médio, um estudo de caso.

AUTORES: SOUSA, L.S. (UESPI) ; OLIVEIRA, L.F. (UESPI) ; SOUZA, L.S. (UESPI) ; SOUSA, A. K. L. (UESPI)

RESUMO: Os livros didáticos de química desempenham um importante papel no ensino. Eles devem ser capazes de auxiliar os estudantes na compreensão de conceitos científicos abstratos. Modelos de ensino são desenvolvidos e usados, freqüentemente, por livros didáticos através de desenhos, analogia, esquemas etc.Torna-se importante analisar se os modelos de ensino cumprem com o papel que lhes foi dado. A analise de três livros, de grande utilização nacional, teve enfoque no conteúdo de equilíbrio químico, onde o estudo de caso ,realizado em duas turmas de uma escola publica, revelou que a maioria dos estudantes não assimilam corretamente os modelos usados nos livros, e que estes muitas vezes acabam ajudando na formação de concepções alternativas sobre o equilíbrio químico.


PALAVRAS CHAVES: equilíbrio químico, livro didático, modelos de ensino

INTRODUÇÃO: O sistema educacional, na maioria das escolas publicas, é repleto de distorções e está longe de cumprir com suas obrigações com a sociedade. O livro didático de química é o principal instrumento didático em que professores e alunos encontram apoio,e acaba exercendo um certo domínio no processo de ensino-aprendizagem. O livro didático deve ser capaz de promover a compreensão dos fenômenos químicos fundamentados em conceitos, idéias e processos abstratos, como os do equilíbrio químico, que segundo MACHADO e ARAGÃO(1996),possui grande dificuldade de assimilação por parte dos alunos devido sua natureza abstrata. Os alunos acabam criando concepções alternativas, como cita MENDONÇA et al(2005): igual Vs constante, equilíbrio estático, equilíbrio como um pendulo, visão compartimentada do equilíbrio etc.
Segundo GILBERT e BAULTER(1995), Os modelos de ensino são uma forma de linguagem utilizada pelos livros didáticos na tentativa de facilitar a compreensão de conceitos abstratos, sendo elaborados a partir de desenhos, analogias, gráficos, esquemas e outra linguagem mais conveniente.O tema escolhido foi equilíbrio químico, devido o mesmo ter grande riqueza e potencial de ensino, possibilitando o desenvolvimento de conceitos químicos, uma vez que se relaciona com muitos outros temas, tais como reações químicas, reversibilidade das reações, cinética química e termodinâmica.
Considerando a importância dos modelos de ensino e o fato de a maioria dos professores utilizarem livros didáticos no ensino de química, pretendeu-se neste trabalho, analisar os modelos de ensino de equilíbrio químico dos livros didáticos destinados ao ensino médio, analisando, em um estudo de caso, sua relevância para o entendimento do conteúdo por parte dos alunos.

MATERIAL E MÉTODOS: A escolha dos livros analisados se deu pelo critério de disponibilidade para análise e também por serem livros de grande utilização nacional. Foram analisados três livros:
-Completamente Química, Marta Reis (editora FTD, 2001)
-Química na abordagem do cotidiano, de Francisco Miragaia Peruzzo(Tito) e Eduardo Leite Canto (editora Moderna, 2006)
-Química, de Ricardo Feltre (editora Moderna, 2004)
A primeira etapa desta pesquisa consistiu em uma leitura completa dos capítulos referentes a equilíbrio químico e identificação de todos os modelos de ensino presentes nos livros. Os modelos então foram agrupados segundo seu tipo(desenhos, analogias, gráficos e esquemas) e segundo sua função(explicar aspectos dinâmicos, aspectos moleculares do equilíbrio, deslocamento, constante de equilíbrio, etc).
O estudo de caso se realizou em duas turmas de 20 alunos da Unidade Escolar Gabriel Ferreira, localizada na cidade de Teresina(Pi), e visou a aplicação de um questionário contendo 6 questões discursivas, onde em cada questão, havia um modelo de ensino retirado dos livros, os modelos de ensino eram necessários para interpretação e resolução das questões. Foram usados 2 modelos de ensino de cada livro no questionário, a escolha dos modelos, se deu por sua importância na elucidação de aspectos importantes do equilíbrio químico como: dinamicidade, visão atômico-molecular do equilíbrio e o deslocamento do equilíbrio. Antes da aplicação dos questionários, foi passado aos alunos todo o conteúdo de equilíbrio químico, utilizando apenas os recursos disponíveis na maioria das escolas publicas: exposição oral e o quadro de acrílico.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: O gráfico 1, mostra que Apenas 17,5% e 20% dos alunos responderam as questões 2 e 3 respectivamente. Os modelos de ensino encontrados nessas questões apresentavam “bolas” coloridas que representam moléculas. A baixa quantidade de acertos revela que muitos alunos têm dificuldade de passar de um nível fenomenológico (macroscópico) para o nível atômico-molecular e que modelos não ajudaram muito em um primeiro momento. As questões 4 e 5 que possuíam modelos de ensino que continham variações de cores com o andamento da reação, foram as que tiveram o maior numero acertos, evidenciando a importância da utilização de cores no entendimento de aspectos do equilíbrio químico. O aluno parece, pelo menos nesse estudo, mais apto a perceber mudanças macroscópicas, o que de certa forma, prejudica o entendimento geral do estado de EQ. Mais da metade dos alunos conseguiram escrever argumentos convincentes na questão 1, onde continha um modelo do tipo analogia, mostrando que modelos desse tipo são importantes para visualização do aspecto dinâmico do equilíbrio químico. No entanto, foram encontradas poucas analogias desse tipo nos livros analisados.
Durante a correção dos questionários foram encontradas todas as concepções alternativas que o aluno tem sobre o EQ: equilíbrio estático, visão compartimentalizada de reagentes e produtos e dificuldade em diferenciar o que igual do que é constante, visão, pendular do equilíbrio. O gráfico 2 mostra que grande parte dos alunos entendem que reagentes e produtos estejam em recipientes separados, um dos fatores para isso, é a associação errônea do equilíbrio químico com a equação química que a representa.





CONCLUSÕES: Uma grande parcela dos modelos encontrados nos livros analisados servem apenas para ilustrar ou exemplificar sistemas em equilíbrio químico,ou seja, o conhecimento e dado como pronto, não proporcionando uma explicação para o conceito de equilibrio químico . A analise dos questionários revelou que muitos alunos têm dificuldade em interpretar os modelos de ensino, principalmente quando estes estão no nível atômico-molecular, e que muitas vezes, ao invés de ajudar no entendimento do conteúdo,os modelos acabam ajudando na criação de concepções alternativas.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: GILBERTO, J. K e BOULTER, G. J. Stretching models too far. Disponivel em www.aera.net. Acessado em 16/10/2007.
MACHADO, A. H e ARAGÃO, R. M. R. Como os estudantes concebem o estado de equilíbrio químico. Química Nova na Escola, São Paulo. n°. 4, 1996.
MENDONÇA, P. C. C; JUSTI, R. S; FERREIRA, P. F. M. Analogias usadas no ensino de equilíbrio químico: compreensão dos alunos e papel na aprendizagem. Enseñenza de las Ciências. Numero extra, VII congresso, Universidade Federal de Minas Gerais, 1995.