TÍTULO: O Ensino de Química no Nível Médio Sob a Perspectiva dos Estudantes
AUTORES: NASCIMENTO, A.P. (CEFET-PETROL) ; BARBOSA, A.A. (CEFET-PETROL) ; TRINDADE, A.M.G. (CEFET-PETROL) ; FREIRE, D.B.Q. (CEFET-PETROL) ; ALVES, E.C. (CEFET-PETROL) ; NETO, E.A.L. (CEFET-PETROL) ; LIMA JUNIOR, G.V. (CEFET-PETROL) ; ANJOS, I.S. (CEFET-PETROL) ; VENCESLAU, J.G. (CEFET-PETROL) ; MONTE, N.F.F. (CEFET-PETROL) ; BRAZ, S.R. (CEFET-PETROL) ; SILVA, V.H.A. (CEFET-PETROL) ; ANJOS, V.H.A. (CEFET-PETROL) ; BRITO, V.B.M. (CEFET-PETROL) ; RAMOS, J.C. (CEFET-PETROL) ; MONTEIRO, M.A. (UNESP-BAURU)
RESUMO: Na sociedade atual várias são as defesas contemplando uma educação científica que possibilite os cidadãos desenvolverem capacidade crítica em relação à ciência e tecnologia.Sugestões foram feitas por pesquisadores para o contexto educacional formal,como a aproximação dos estudantes das questões do contexto imediato dos mesmos.Neste trabalho,avaliamos as aulas de Química na ótica dos estudantes,e em que medida estão em sintonia com as pesquisas.Avaliamos as respostas de vinte e um estudantes do segundo ano do nível médio em relação às questões relacionadas com o contexto das aulas de química utilizando a análise de conteúdos.Concluímos que as aulas,ainda,centram-se nos conteúdos com pouca contribuição científica crítica, fazendo-nos refletir sobre a formação dos professores.
PALAVRAS CHAVES: ensino de química, análise de conteúdo, educação científica crítica.
INTRODUÇÃO: A afirmativa de que a sociedade contemporânea é uma sociedade com um vasto uso da tecnologia é uma afirmativa que parece não incorporar nenhuma justificativa, tamanhas são as evidências. Aqui partimos dessa pressuposição. Bazin, (1998) menciona que uma sociedade poderá ser tecnologizada, mesmo sem a tecnologia fazer parte da cultura das pessoas. Conforme o autor, as pessoas poderão utilizar-se dos mais diversos produtos da tecnologia, sem que para isso tenham compreendam o funcionamento dos mesmos.Ainda segundo Bazin (1998), esta postura de ”desconhecimento” em relação à tecnologia, é bastante diferente do que ocorre com a religião, o esporte, a música, e outras manifestações culturais. Assim, dificultam que o conhecimento científico e tecnológico faça parte da cultura pessoal.Vários pesquisadores têm pontuado uma ampla defesa em torno da necessidade dos cidadãos serem educados tecno-cientificamente. A necessidade de propiciar a construção de uma cultura científica pelos cidadãos tem colocado desafios bastante amplos ao contexto educacional. Esta necessidade, muitas vezes reflete-se em diretrizes contidas em políticas públicas.Em relação ao ensino de Química no Nível Médio da educação básica, tem sido bastante enfatizada a abordagem dos conteúdos vinculados com o cotidiano dos estudantes, com o intuito de propiciar aos mesmos um ambiente favorável à curiosidade científica.No ensino dos conteúdos da Química incorporam-se uma grande quantidade de informações.Associando conteúdos e procedimentos inadequados, o resultado é que a aprendizagem dos estudantes torna-se bastante comprometida, além de não despertar o interesse científico dos mesmos. Pretendemos analisar e refletir, a partir da ótica do aluno, se o ensino de química é coerente com estas pesquisas.
MATERIAL E MÉTODOS: Para responder as questões da pesquisa, trabalhamos com vinte e um estudantes do segundo ano do Nível Médio da educação básica, que freqüentam uma escola pública na cidade de Petrolina-PE. Visando preservar a identidade dos mesmos, foram nomeados por ordem alfabética dos seus nomes como estudantes E1, E2, E3,..., E2. Como instrumento de pesquisa, utilizamos um questionário com cinco perguntas,que deveriam ser respondidas livremente pelos mesmos. O questionário também foi respondido por estudantes do primeiro ano do Nível Médio. Tendo em vista que o questionário foi respondido no início do mês de março, avaliamos que a visão que estes poderiam ter do ensino dos conteúdos de Química poderia ser incipiente. Logo, desprezamos os mesmos da nossa investigação.Os questionários chegaram aos estudantes do Nível Médio durante suas aulas de Química, que estavam sendo trabalhadas por estudantes da licenciatura em Química, que cursam a disciplina Metodologia para o Ensino de Química no Centro Federal de Educação Tecnológica de Petrolina (CEFET-Petrolina).
Para sistematização e análise dos dados contidos no questionário, nos pautamos na análise de conteúdo (BARDIN, 1997). Esta opção foi feita porque, após a leitura de todas as respostas referentes a cada questão, percebemos que as mesmas atendiam as especificidades para categorização das respostas.A análise de conteúdo nos possibilitou organizar os dados em categorias:
•Conteúdos e motivos de maior interesse dos estudantes (Categoria I);
•Conteúdos não contemplados nas aulas da química porém mencionados pelos estudantes como importantes (Categoria II);
•Sugestões para as abordagens dos conteúdos não trabalhados em sala de aula (Categoria III);
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Categoria I
Seis estudantes que,por motivos distintos,mencionaram que os conteúdos da Química não haviam despertado nenhum interesse nos mesmos.A falta de interesse foi justificada porque não desejam atuar em áreas envolvendo a química, mas apenas ser aprovado no vestibular (E4); os assuntos serem desconhecidos (E5); pela ausência de aulas práticas (E8); nenhuma justificativa (E16) e pela dificuldade de compreensão dos próprios conteúdos (E17 e E14).Além da ausência de compreensão dos conteúdos mencionada por dois estudantes, chama-nos a atenção a justificativa do estudante E4, tendo em vista que os propósitos da educação científica na educação básica, independem da futura atuação profissional do estudante.Também chamamos a atenção para a menção do estudante E8, o qual justifica o seu desinteresse pelas aulas de Química devido a ausência de aulas práticas. Assim, a ênfase do seu interesse parece-nos vinculadas aos procedimentos. O ponto de vista do estudante E8 assemelha-se ao do estudante E18, que menciona que, apesar de não explicitar os conteúdos que mais lhe despertaram interesse, menciona que são aqueles com os quais se realizam experiências.
Categoria II
Apesar de alguns estudantes terem pontos de vista distintos em relação aos conteúdos que deveriam ser trabalhados, apenas o estudante E1 faz menção relações com o cotidiano. Novamente, percebe-se uma dissonância entre as sugestões dos pesquisadores em ensino de ciências.
Categoria III
A quantidade de estudantes que não responderam ao questionamento (09) e de estudantes que deram ênfase aos procedimentos de abordagem dos conteúdos (06),ao invés de apresentarem conteúdos que poderiam ter despertado-lhes o interesse,parece mostrar o acesso restrito às informações acerca da cultura científica destes estudantes.
CONCLUSÕES: Concluímos que as mencionadas aulas, ainda, centram-se na apresentação dos conteúdos pelos professores, requerendo a memorização de conteúdos pelos estudantes. Algo bastante distante da tão requerida educação científica crítica requerida por Fourez (1997) e em sintonia com os pontos de vista de Chassot (1990) e Bazin (1998), para os quais as aulas de Química pouco ou nada estão contribuindo para uma educação científica crítica,e que uma sociedade tecnologizada não significa que a tecnologia faça parte da cultura das pessoas. E nos impõe uma reflexão sobre a formação dos professores.
AGRADECIMENTOS: Aos estudantes do ensino médio que foram entrevistados, e aos alunos da disciplina metodologia para o ensino de química, que executaram a pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1997.
BAZIN, M. Ciência na nossa cultura? Uma práxis de educação em ciências e matemática: oficinas participativas. Revista Educar: ed. Da UFPR, Curitiba, n. 14, 1998, p. 27-38.
CHASSOT, A. I. A educação no ensino da Química. Ijuí: INIJUÍ, 1990.
FOUREZ, G. et al. Alfabetización Científica y Tecnológica: Acerca de Las Finalidades De La Enseñanza de Las Ciencias. Buenos Aires: Colihues S.R.L., 1997.
LOPES, A. R. C. Conhecimento Escolar em Química : Processo de Mediação Didática da Ciência. Química Nova, v.20, n.5, 1997, p.563-568.
SILVA, R. M. G. Contextualizando aprendizagens em química na formação escolar. Química Nova na Escola. SBQ, N° 18, p. 26-30, nov. 2003.
SANTOS, W. L. P.; SCHNETZLER, R. P. Educação em Química: Compromisso Com a Cidadania. Ijuí: Unijuí, 2003.