TÍTULO: COMO OS ALUNOS CONCEBEM O COMPORTAMENTO DAS PARTÍCULAS NOS ESTADOS DE AGREGAÇÃO DA MATÉRIA
AUTORES: GOMES, G.A. (UVA) ; FARIAS, S.S. (UVA)
RESUMO: Este trabalho apresenta concepções alternativas de alunos do primeiro ano para o comportamento das partículas nos estados físicos da matéria. Os discentes responderam questionário, no qual pedia-se representações da água nos três estados da matéria utilizando o símbolo “O” para a molécula de água. Também foi solicitado comentário sobre o movimento das partículas em cada estado. Verificam-se concepções relacionadas ao arranjo das partículas em cada estado com maior freqüência. Para o movimento das partículas, observa-se predominância da idéia de que só existe movimento nos estados gasoso e líquido. Foram sugeridos métodos de coleta de concepções juntamente com a aplicação de conteúdos da História da Química ou com uso de ferramentas computacionais para mudança conceitual nos alunos.
PALAVRAS CHAVES: concepções alternativas; alunos; partículas
INTRODUÇÃO: Pesquisas na área da Didática das Ciências têm revelado que os estudantes trazem as salas de aula um conjunto de idéias, sobre fenômenos naturais, distantes do conhecimento científico trabalhado pelo professor no processo de ensino-aprendizagem. Essas idéias são conhecidas como concepções alternativas e sua permanência na mente dos alunos pode tornar um obstáculo à aprendizagem significativa.
Dentre as causas mais importantes que relaciona-se com a origem das concepções alternativas, temos: o fato do discente se basear em sua experiência física e a influência da cultura e linguagem cotidiana (FURIÓ; FURIÓ, 2000). A primeira causa está relacionada à utilização da percepção sensorial para analisar e explicar o fenômeno ou objeto, tal procedimento não é eficiente para a aprendizagem de conteúdos abstratos de química, como, por exemplo, Estados de Agregação da Matéria. Tal conteúdo deve ser trabalhado em sala de aula de tal maneira que o discente compreenda o modelo corpuscular da matéria e a relação entre os mundos macroscópico e submicroscópico, e que utilizem estes conhecimentos para explicar diversos fenômenos. A ausência destas competências no estudante pode comprometer a aprendizagem de outros tópicos (Cinética Química, Equilíbrio Químico, etc), os quais necessitam, para a compreensão dos seus fenômenos a nível macroscópicos, de modelos científicos do mundo submicroscópico.
Este trabalho pretende apresentar as concepções alternativas de alunos em relação ao comportamento das partículas nos estados de agregação da matéria e recomendar sugestões para promover a evolução conceitual.
MATERIAL E MÉTODOS: A pesquisa foi realizada em uma escola estadual localizada em Sobral-Ce. A investigação envolveu 16 alunos de uma turma do primeiro ano do turno da tarde, com idades entre 14 e 16 anos. Antes da realização da pesquisa a professora de Química já havia ministrado o conteúdo de Estados de Agregação da Matéria a essa turma.
O grupo de estudantes foi convidado a responder um questionário com duas perguntas que abordava o já citado conteúdo. A primeira pergunta pedia aos alunos representações da água nos estados sólido, líquido e gasoso, utilizando o símbolo “O” para a molécula de água. A segunda solicitava aos discentes um comentário sobre o movimento das partículas da água em cada estado. Através das respostas das questões procurou-se detectar as representações que os estudantes fazem para o comportamento das partículas nos estados de agregação da matéria. Os dados obtidos foram organizados em tabelas e analisados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Através da análise das respostas obtidas das questões aplicadas aos 16 discentes verificou-se que todos possuem erros conceituais, mesmo após terem visto em sala de aula o conteúdo Estados Físicos da Matéria, tal fato revela que as concepções alternativas são resistentes a mudanças (SILVA et al, 2005). Também constatou-se discentes que apresentaram mais de uma concepção para o comportamento das partículas.
Nas representações do comportamento das partículas revelados nos desenhos dos alunos, pôde-se observar que todos manifestaram algum tipo de inadequação conceitual. A maior parte dos discentes (56,3%) expressou concepções relacionadas ao arranjo das partículas nos estados físicos da materia. Detectou-se, ainda, modelos substancialistas, tal fato foi verificado em desenhos produzidos por estudantes nos quais as partículas da água, no estado sólido, foram representadas por quadrados. Os discentes (18,8%) basearam-se na imagem cotidiana da água no estado sólido (cubos de gelo) para representar as partículas no forma de quadrados, assim atribuíram características do mundo macroscópico às partículas (mundo submicroscópico) (MORTIMER, 1995). Também foi constatada esta concepção quando os alunos (6,3%) representaram um aumento de volume das partículas, presentes no estado gasoso, apoiando-se na percepção do fenômeno de expansão dos gases.
Na análise das explicações sobre o movimento randômico das partículas escritas pelos discentes, observou-se que 50% da turma possue, a concepção de que só existe movimento nos estados gasoso e líquido, ou seja, no sólido as partículas ficam estáticas. Novamente tem-se uma concepção substancialista baseada na aparência estática dos materiais sólidos.
CONCLUSÕES: Os resultados mostram que os alunos não conseguem articular, adequadamente, os mundos macroscópico e submicroscópico para explicar o fenômeno que lhes foi apresentado. Recomenda-se ao docente a utilização de metodologias para obtenção das concepções nos alunos, estas idéias por sua vez devem ser confrontadas com modelos de matéria, desenvolvidas por filósofos e cientistas ao longo da história, os quais foram superados por um modelo mais simples e racional. Aulas com recursos computacionais podem ser trabalhadas mostrando as relações entre as propriedades macro e microscópicas da matéria.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FURIÓ, C.; FURIÓ, C. Dificuldades conceptuales y epistemológicas en el aprendizaje de los processos químicos. Educacion Química. 11(3), 300-308, julho, 2000.
MORTIMER, E.F. Concepções atomistas dos estudantes. Química Nova na Escola, 1, 23-26, maio, 1995.
SILVA, S.M. da ; MARQUES, P.L. ; EICHLER, M.L. ; SALGADO, T.D.M.; DEL PINO, J.C. Concepções Alternativas de Calouros de Química para os Estados de Agregação da Matéria, a Solubilidade e a Expansão Térmica do Ar.. In: V Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências., 2005, Bauru - SP. Atas V ENPEC., 2005.