TÍTULO: A QUESTÃO DA ÁGUA:EXPERIÊNCIA EXTRA-CLASSE COM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

AUTORES: VIANA, E. F. (EMMF) ; MADUREIRA, R. L. (EMMF)

RESUMO: O trabalho foi desenvolvido com alunos da Escola Municipal Monsenhor Fabrício localizada no bairro de Peixinhos que fica entre as cidades de Recife e Olinda, em visitas a Estação Espaço Ciência. No local os estudantes tiveram contato com o bioma mangue, utilização de tecnologia para obter água potável, uso de dessalinizadores, a molécula da água, além de teatro sobre a importância de se preservar a água. Nas intervenções didáticas participaram várias disciplinas. O objetivo do trabalho foi despertar nos estudantes o interesse para a pesquisa com tema relevante para a comunidade local, desenvolvendo no aluno a alfabetização cientifica e a capacidade de realizar ações de combate ao desperdício de água na escola, em casa e na comunidade.

PALAVRAS CHAVES: água, escola, meio-ambiente

INTRODUÇÃO: No ambiente urbano das médias e grandes cidades, a escola, é responsável pela educação do indivíduo e conseqüentemente da sociedade. Diversos trabalhos e textos têm sido produzidos com novas reflexões dentro do ensino de ciências e meio ambiente (Dib-Ferreira, 2001; Viana;Veríssimo,2007). Com o objetivo de encontrar novos caminhos nos processos de ensino/aprendizagem, procurando-se adaptar aos novos rumos da sociedade, o tema água muito privilegiado nos conteúdos de 5ª a 8ª série nos serviu como base para a partir da realidade que se observava dentro escola, com relação ao desperdício de água, realizarmos atividades extra-classe considerando que as ações resultantes pudessem intervir ou pelo menos modificar os costumes diários dos estudantes dentro da escola e fora dela. Superando inclusive, a artificialidade da escola, essa distância que existe entre a realidade e o que é ensinado dentro de suas paredes, aproximando-a o mais possível da realidade do aluno como sugere Bomtempo (1997).
Para tanto construímos uma abordagem interdisciplinar contemplando as disciplinas de ciências, geografia e matemática. Propondo discussão sobre a água que jorra nas torneiras frequentemente mal fechadas por esquecimento ou brincadeira é a mesma que é utilizada para abastecimento doméstico, nas indústrias, na agricultura, na geração de energia elétrica, na recreação, e outros usos, mas principalmente é fundamental para a vida dos seres vivos. Temos o privilégio de morar em um país com água em abundância, mas por pouco tempo se não soubermos usá-la de forma adequada. O exercício da cidadania inclui direito e deveres políticos, sociais e ambientais. Exerce-la significa participar de lutas por qualidade ambiental, moradia, alimentação, saúde, emprego, educação e cultura.


MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho foi realizado com alunos da 5ª e 6ª série da Escola Municipal Monsenhor Fabrício localizada no bairro de Peixinhos no Município de Olinda. Numa abordagem interdisciplinar com a orientação dos professores das disciplinas de Ciências, Geografia e Matemática e com o recurso da internet. O projeto contemplou três visitas externas ao Espaço Ciências, hoje considerado o maior museu de ciências ao ar livre. Os passeios foram realizados justamente na semana em que se comemora o dia mundial da água. No local os alunos tiveram contato com o bioma mangue, utilização de tecnologia para obter água potável, com uso de dessalinizadores, a água nas estações de tratamento, a molécula da água, produção energia através do uso da água. Além de participarem de teatro sobre a importância de se preservar a água.
As intervenções didáticas em sala de aula foram distribuídas de modo que contemplasse as disciplinas envolvidas. A professora de ciências utilizou o tem água para reforçar a idéia de que a água sem tratamento adequado pode servir como veículo de transmissão de doenças (Viana; Madureira, 2008). A professora de geografia abordou o tema lembrando que os estoques de água doce no planeta são pouquíssimos, por isso deve-se evitar os desperdícios e todas as conseqüências que pode provocar o lançamento de lixo nos rios e lagos em torno da comunidade. A professora de matemática enfatizou o quanto custa caro manter o precioso líquido jorrando pelas torneiras das casas, incentivando os alunos a calcularem o consumo diário de água por pessoa em suas casas obtendo o gasto mensal por domicílio. Com auxílio da internet foi encontrado o consumo por região do país, com a região nordeste sendo a mais castigada com a falta de água.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Após as visitas e as intervenções didáticas em sala de aula pode-se perceber que atividades diferenciadas, concebidas em projeto educativo que aborde os conhecimentos de maneira que o aluno atribua significado àquilo que aprende são mais eficientes no contexto da aprendizagem. De acordo com Litto (1999) e Hernández (1998), o mundo e a sociedade contemporânea estão passando por uma série de modificações estruturais que nos obrigam a reavaliar aquilo que estamos fazendo em educação, tentando alinhar este esforço à realidade que existe fora da instituição acadêmica.
Nossa idéia de atividades diferenciadas foi dar uma roupagem nova a antiga abordagem como a água no meio-ambiente. O efeito positivo foi verificado no momento do contato entre os monitores do espaço ciências e os alunos, quando os últimos bem mais interessados lançaram questionamentos sobre o mau uso da água pela população. Entretanto, é preciso lembrar que se as aulas são diferentes, é porque o que está sendo tratado exige uma estratégia diferenciada, não porque precisemos de novidades para encantar os alunos. As excursões, quando acontecem, são para atender a um propósito.
Durante as intervenções didáticas os alunos fizeram algumas associações percebendo uma estreita relação entre pobreza e falta água. As condições de saneamento básico também foram apontadas como sendo uma das principais causas do avanço e em muitos casos reincidência das doenças, principalmente da dengue.


CONCLUSÕES: Os alunos identificaram situações de risco como focos do mosquito em muitas casas, lixo acumulado e constataram que as doenças continuam avançando apesar dos esforços e das ações do programa da Secretaria de Saúde do Município de Olinda. Um conjunto de situações como baixa condição sócio-econômica, saneamento básico inexistentes, baixa escolaridade e falta de informação, compõem o quadro encontrado na população pesquisada e foram apontados como as possíveis causas da incidência das doenças. A atuação dos agentes mirins “peixinhos pela saúde” como foram chamados revelou-se bastante eficiente, sendo possível adotar medidas de conscientização e prevenção junto à população.

AGRADECIMENTOS: A Estação Espaço Ciencias,
A Secretaria de Educação de Pernambuco

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALBUQUERQUE, M. F. P. M. Urbanização, Favelas e Endemias: A Produção da Filariose no Recife, Brasil. Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, 9 (4): 487-497, out/dez, 1993.
ANDRADE J.; BRANDÃO A. P. Contribuição ao conhecimento da epidemiologia da leptospirose humana, com especial referência ao Grande Rio, Brasil, no período de 1970 a 1982. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 82:91-100, 1987.
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VIANA, E. F. SOS PEIXINHOS. In: XIII Ciência Jovem - Feira de Ciências, Recife. Espaço Ciência – PE, 2007.