ELETRODOS DE FELTRO DE CARBONO ELETRODEPOSITADOS COM AZUL DA PRÚSSIA PARA A DETERMINAÇÃO DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO
AUTORES: Nantes, K. (UFVJM) ; Santos, T. (UFVJM) ; Afonso, A. (UFVJM)
RESUMO: Neste trabalho foi relatado a modificação simples, de baixo-custo e eficaz de eletrodos de feltro de carbono (FC) eletrodepositados com azul da prússia (AP) para a determinação de peróxido de hidrogênio (H2O2). O comportamento eletroquímico foi analisado por voltametria cíclica em uma célula tradicional de três eletrodos. Os resultados indicaram que o eletrodo de FC modificado com AP obteve uma boa resposta eletroativa para a determinação de H2O2.
PALAVRAS CHAVES: Azul da Prússia; Feltro de Carbono; Peróxido de Hidrogênio
INTRODUÇÃO: O Peróxido de hidrogênio (H2O2), exerce papéis importantes em processos fisiológicos, como sinalização celular. Porém, em níveis elevados, pode ser prejudicial para a saúde, acarretando danos celulares, doenças cardiovasculares e até câncer (MEIER J. et al., 2019). Para melhor compreensão em relação ao seu papel dentro dos sistemas biológicos, torna-se de extrema importância o desenvolvimento de sensores capazes de determiná-lo e quantificá- lo. O Feltro de carbono (FC) é um material carbonáceo que possui alta porosidade, preço baixo, boa área de superfície de contato e flexibilidade. Porém, o material possui baixa reversibilidade e seletividade. Através da modificação da superfície do FC é possível melhorar a transferência de elétrons, possibilitando sua utilização como eletrodo. A eletrodeposição de metais é uma das formas que se mostra eficaz (LE; BECHELANY; CRETIN, 2017). O Azul da Prússia (AP) é um hexacianoferrato que possui características e propriedades eletroquímicas relevantes para um material de modificação, já que sua estrutura possibilita uma melhor transferência dos íons. Porém, o material possui baixa estabilidade química e baixa estabilidade em pH neutro atrapalhando seu uso em sensores biológicos (KATIC et al. 2019). Segundo Scholz et al. (2001), há uma forte interação entre o azul da Prússia coloidal e os íons hexacianoferrato dissolvidos com a superfície da goethita (α- FeOOH). A ferroxita (δ-FeOOH) é outro óxido de ferro e hidróxido de óxido que possui propriedades de superfície análogas às da goethita (LIMA, 2019). Este estudo teve como objetivo, desenvolver um sensor eletroquímico para determinação de H2O2 com eletrodos de FC modificados com AP.
MATERIAL E MÉTODOS: A síntese do δ-FeOOH, foi realizada seguindo o procedimento relatado por MEIRA et al., (2020). Um potenciostato/Galvanostato Autolab modelo PGSTAT128N e uma célula convencional de três eletrodos foram utilizados nos estudos, com o eletrodo de platina (Pt) como contra-eletrodo, o Ag/AgCl (KCl saturado) como eletrodo de referência e FC como eletrodo de trabalho. Os FC's utilizados foram cortados para apresentarem 1 x 2 cm², sendo que apenas 1cm² era submerso em solução. A eletrodeposição do AP foi realizada através de voltametria cíclica utilizando como solução modificadora uma mistura de K3Fe(CN)6 e δ- FeOOH 5 mM em KCl 0,5 M pH 2, faixa de varredura de 0 a 0,5 V com velocidade de 20 mV/s e 100 ciclos voltamétricos. As determinações foram realizadas utilizando uma solução estoque de H2O2 1M e Tampão fosfato 0,2 M pH 7,0. Foram adicionados volumes referentes as concentrações de 10, 50, 100, 500 uM de H2O2.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A Figura 1 mostra o aumento gradativo de corrente do pico característico do hexacianoferrato durante a eletrodeposição, ao longo dos ciclos, elucidando a formação do AP. Com o avanço do processo, foi observado que os picos se tornaram maiores, apontando a formação de materiais com características eletroativas sobre a superfície do feltro de carbono como eletrodo. A sensibilidade do eletrodo FC/AP ao H2O2 é evidente a partir dos voltamogramas cíclicos apresentados na Figura 2, registada numa solução tampão fosfato de pH 7 antes e depois da adição de 10, 50, 100 e 500 μM de H2O2. Como é possível verificar no gráfico, a presença de H2O2 causa um aumento da intensidade da corrente relacionada a redução do H2O2. O uso do valor de pH neutro pode fornecer uma variedade de aplicações potenciais para a determinação do H2O2, especialmente em baixas concentrações, sendo uma característica importante para o funcionamento de sensores e biossensores (HUSMANN; NOSSOL; ZARBIN, 2014).
Voltamograma da eletrodeposição de AP em FC
100 ciclos voltamétricos na solução modificadora de K3Fe(CN)6 e δ-FeOOH 5 mM pH 2, faixa de varredura de 0 a 0,5 V e velocidade de 20 mV/s.
Determinação de Peróxido de Hidrogênio no eletrodo de FC modificado co
Voltamogramas dos testes com os eletrodos de FC/AP para a determinação de Peróxido de Hidrogênio com as concentrações de 10, 50, 100, 500 uM.
CONCLUSÕES: A partir dos resultados, é possível identificar que o eletrodo de FC foi modificado com sucesso por meio da eletrodeposição de AP, onde o comportamento eletroquímico foi analisado por voltametria cíclica. Além disso, o eletrodo de FC eletrodepositado com AP detectou H2O2 em solução tampão pH 7 nas concentrações de 10, 50, 100 e 500 μM.
AGRADECIMENTOS: Agradecemos a UFVJM, CAPES e CNPq.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: DE MEIRA, F. H.; RESENDE, S. F.; MONTEIRO, D. S.; PEREIRA, M. C. et al. A Non‐enzymatic Ag/δ‐FeOOH Sensor for Hydrogen Peroxide Determination using Disposable Carbon‐based Electrochemical Cells. Electroanalysis, 32, n. 10, p. 2231-2236, 2020.
HUSMANN, Samantha; NOSSOL, Edson; ZARBIN, Aldo José Gorgatti. Carbon nanotube/Prussian blue paste electrodes: Characterization and study of key parameters for application as sensors for determination of low concentration of hydrogen peroxide. Sensors and Actuators B, 192 (2014) 782– 790.
LE, T. X. H.; BECHELANY, M.; CRETIN, M. Carbon felt based-electrodes for energy and environmental applications: A review. Carbon, v. 122, p. 564-591 2017.
LIMA, A. L. D. Catalisadores baseados em óxidos e oxihidróxidos de Fe modificados com Nb: obtenção de azoxibenzeno via oxidação de anilina em fase líquida. Dissertação, PPGQuim, UFOP, Ouro Preto, MG, 2019.
KATIC, V. et al. 3D Printed Graphene Electrodes Modified with Prussian Blue:
Emerging Electrochemical Sensing Platform for Peroxide Detection. ACS Applied Materials & Interfaces, 2019, 11, 35068−35078.
MEIER, J. et al. Hydrogen Peroxide Sensors for Biomedical Applications. Chemosensors, 7(4), 64, 2019.
SCHOLZ, F. et al. The Interaction of Prussian Blue and Dissolved Hexacyanoferrate Ions with Goethite (a-FeOOH) Studied to Assess the Chemical Stability and Physical Mobility of Prussian Blue in Soils. Ecotoxicology and Environmental Safety, 49, 245-254, 2001.