11º Encontro Nacional de Tecnologia Química
Realizado em Tereseina/PI, de 11 a 13 de Setembro de 2019.
ISBN 978-85-85905-26-2

TÍTULO: BIOPROSPECÇÃO FITOQUÍMICA DOS EXTRATOS ETANÓLICO E HEXÂNICO DA Moringa oleifera Lam.

AUTORES: Bezerra, M.S.S. (UESPI) ; Filho, A.L.M.M. (UESPI) ; Uchôa, V.T. (UESPI) ; Sousa, H.G. (UESPI)

RESUMO: As plantas medicinais são usadas pelo homem desde o começo da sua existência, seja para alimentação, tratar ou prevenir doenças. A presença de alguns fitocompostos nas plantas tem ajudado a combates diversos problemas associados à presença de radicais livres no organismo humano, bem como, tratar processos inflamatórios. Um desses vegetais é a Moringa oleifera Lam. que apresentou em suas folhas os grupos: flavonoides, taninos, terpenoides e esteroides. Grupos com atividades antioxidante e anti-inflamatórias, objetos de interesse desse trabalho o qual realizou a bioprospecção fitoquímica dos extratos hexânicos e etanólicos das folhas da moringa cultivada em Teresina PI, com o objetivo de identificar os grupos fitoquímicos presentes nessa planta que apresentem as atividades acima citadas.

PALAVRAS CHAVES: Bioprospecção Fitoquímica; Moringa oleifera Lam.; Atividades Biológicas

INTRODUÇÃO: Desde sua existência, a humanidade vem buscando meios de prevenir e tratar problemas de saúde. Alguns estudos têm mostrado que uma dieta rica em vegetais e frutas pode reduzir o risco de doenças associadas com a presença de radicais livres no corpo humano, como hipertensão, envelhecimento precoce, aterosclerose, câncer, inflamação, entre outros (SANTOS et al, p.1, 2012). Isso porque os vegetais apresentam uma composição rica em fitocompostos que atuam em diversos problemas de saúde (NASCIMENTO et al, p.2, 2017), Um desses vegetais utilizado é a Moringa oleífera Lam. Essa planta apresenta uma infinidade de aplicações desde alimentares a medicinais (MIHRA et al, p.151-160, 2011). Originaria do norte da Índia, apresenta crescimento rápido e fácil adaptabilidade em diversas regiões. Muitos pesquisadores vêm estudando as folha dela devido à sua composição fitoquímica. Esses estudos mostram que ela apresenta compostos da classe dos flavonoides, taninos, esteroides, terpenoides, alcaloides, saponinas, fenóis, glicosídeos, antocianinas, entre outros (AL JUHAIMI et al, p. 1749, 2017; VATS e GUPTA, p.246, 2017), aos quais são atribuídas as atividades: antioxidante, anti-aterosclerótica, anticâncer, antimicrobiana, antibacteriana, anti-inflamatória, anti-diabética, hepatoprotetor, hipoglicêmico, hipocoleterolêmico, entre outras (MIHRA et al, p.160, 2011; PINA et al, p. 1077, 2018; ZIANI et al, p. 239, 2019, VATS e GUPTA, p. 246, 2017;). Este estudo buscou identificar os grupos fitoquímicos presentes nas folhas da Moringa oleífera Lam. cultivada na cidade de Teresina – PI, por meio da bioprospecção fitoquímica de suas folhas, que justifiquem seu uso para o tratamento de diversas doenças associadas a presença de radicais livres no organismo, bem como a processos inflamatórios.

MATERIAL E MÉTODOS: Coleta: As folhas da M. oleífera foram coletadas de plantas adultas do Núcleo de Plantas Medicinais da UFPI, em Teresina PI, nas primeiras horas da manhã em julho de 2018. Preparo dos Extratos: As folhas foram lavadas, secas à temperatura ambiente, depois, colocadas em estufa a 100 ºC para total secagem. Ato continuo, moídas e separadas para preparo dos extratos em Etanol P.A e Hexano P.A. No extrato etanólico utilizou-se parte das folhas pulverizadas, resultando em 2L de solução, maceradas por 07 dias, depois, rota-evaporou-se o solvente, surgindo um extrato verde-escuro, o qual foi liofilizado, restando 25,57g de extrato etanólico bruto. O extrato hexânico foi preparado à base de folhas secas em 1,5L de solvente. Após 07 dias de maceração o solvente foi rota-evaporado e acondicionado em capela, obtendo- se uma concentração verde-escuro, com aspecto graxoso totalizando 3,64g de extrato hexânico. Triagem Fitoquímica conforme Matos (1997): A bioprospecção fitoquímica foi realizada de acordo com Matos (1997), e os resultados obtidos baseiam-se nas reações qualitativas de precipitação e coloração, além das propriedades físico-químicas dos constituintes que compõem a planta. Realizou-se testes para Taninos, Flavonoides - (teste de Shinoda), Esteroides e Triterpenoides - reação de Lieberman- Burchard, Saponinas e Alcaloides.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: As técnicas descritas por Matos (1979),foram aplicadas para detectar a presença de alguns grupos de compostos como: taninos, fenóis, alcaloides, triterpenoides, flavonoides, saponinas e esteroides. Dentre estes, quatro estão contidos, evidentemente, na planta estudada e os resultados dos testes então descritos na Tabela 1. Depreende-se do estudo que, as atividades antioxidantes e anti-inflamatórias relatadas em outras pesquisas afirmam a presença associada desses metabólitos em suas estruturas. Os quatro grupos de compostos encontrados possuem atividade anti-inflamatória e dois deles, antioxidantes (LEONE et al, p.12797, 2015). A presença dos flavonoides pode reduzir o estresse oxidativo das células evitando problemas cardiovasculares, diabetes e outras doenças relacionadas à presença de radicais livres (MIHRA et al, p.152, 2017). A presença de alcaloides e saponinas é negativa nas reações, o que não implica na ausência total desses compostos, mas, talvez, em traços pouco significativos (PINA et al, p.1081, 2018). Já os demais poder ser vistos na Tabela 1. Os fitocompostos são encontrados em quantidades variáveis nas plantas medicinais, conforme cada espécie, essas quantidades, presença ou ausência, pode estar relacionada a fatores ambientais e bióticos que poderá, afetar a eficácia da ação das plantas nos organismos vivos (PINA et al, p.1085, 2018). Sabe-se que o número de fitoconstituintes encontrados na espécie M. oleifera é bem superior ao buscado nesse trabalho. No entanto, a bioprospecção fitoquímica dos extratos de suas folhas foi realizada com objetivo de verificar quais grupos químicos estariam presentes nas folhas dessa planta cultivada em Teresina PI e quais seriam responsáveis pelas atividades antioxidante e anti-inflamatória apresentada por ela.

Fig. 1: Cromatograma do extrato etanólico das folhas da Moringa oleife

Observação: Extrato hexânico, primeiro na ordem, etanólico, o segundo.

CONCLUSÕES: Os extratos hexânico e etanólico das folhas da M. oleífera coletada em Teresina-PI, apresentam alguns metabólitos secundários identificados em outros estudos com as folhas da moringa de diferentes regiões. Em nosso estudo foi possível confirmar a presença de taninos condensados, flavonoides, esteroides livres e triterpenoides pentacíclicos livres. No entanto, percebe-se a ausência ou traços pouco significativos para fenóis, taninos hidrolisáveis, saponinas e alcaloides, o que tornaria a composição dos extratos analisados, parcialmente diferentes dos outros estudados.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AL JUHAIMI, F.; GRAFOOR, K.; AHMED, I. A. M.; BABIKER, E. E. Comparative Study of Mineral and Oxidative Status of Sonchus oleraceus, Moringa oleífera and Moringa peregrina Leaves, Food Measure – Springer, 11, p. 1745-1751, 2017.
LEONE, A.; SPADA, A.; BATTEZZATI, A.; SCHIRALDI, A.; ARISTIL, J.; BERTOLI, S. Cultivation, Genetic, Ethnopharmacology, Phytochemistry and Pharmacology of Moringa oleifera Leaves: An Overview. International Journal of Molecular Sciences, 16, p. 12791-12835, 2015. doi:10.3390/ijms160612791
MATOS, F. J. A. Introdução à Fitoquímica Experimental. 2 ed. Fortaleza: Edições UFC, 1997.
MISHRA, G.; SINGH, P.; VERNA, R.; KUMAR, S.; SRIVASTAV, S. JHA, K. K.; KHOSA, R. L. Traditional Uses, Phytochemistry and Pharmacological Properties of Moringa oleífera Plant: An Overview. Scholars Research Library. 3(2): 141-164, 2011.
NASCIMENTO, K. de O. do; REIS, I. P.; AUGUSTA, I. M. Total Phenolic and Antioxidant Capacity of Flower, Leafs and Seed of Moringa oleifera. International Journal of Food and Nutrition Research – IJFNR, 1:1, 2017.
PINA, J. C.;OLIVEIRA, A. K. M. DE.; MATIAS, R.; SILVA, F. DA. Influence of Diferente Substrates on the Production of Phytoconstituents of Moringa oleífera Lam. Grown in Full Sun, 2018, Ciência Florestal, Santa Maria, v. 28, n.3, p. 1076-1087, 2018.
SANTOS, A. F. S.; ARGOLO, A. C. C.; PAIVA, P. M. G.; COELHO, L. C. B. B.. Antioxidant Activity of Moringa oleifera Tissue Extracts. Phytotherapy Research, 2012. DOI: 10.1002/ptr.4591.
VATS, S.; GUPTA, T. Evaluation of Bioactive Compounds and Antioxidante Potential of Hydroethanolic Extract of Moringa oleífera Lam. From Rajasthan, India. Physiology and Molecular Biology of Plants – Springer. 23(1), p. 239-248, 2017.
ZIANE,B. E. C.; RACHED, W.; BACHARI, K.; ALVES, M. J.; CALHELHA, R. C.; BARROS, L.; FERREIRA, I. C. F. R. Detailed Chemical Composition and Functional Properties of Ammodaucus leucotrichus Cross. & Dur. And Moringa oleífera Lamarck. Journal of Functional Foods, 53 (2019), p. 237-247, 2019.