11º Encontro Nacional de Tecnologia Química
Realizado em Tereseina/PI, de 11 a 13 de Setembro de 2019.
ISBN 978-85-85905-26-2

TÍTULO: DETERMINAÇÃO DE FORMOL EM COSMÉTICOS UTILIZADOS EM SALÕES DE BELEZA NA CIDADE DE VIANA-MA

AUTORES: Silva, R.S. (UEMA) ; Sousa, J.D.M. (UEMA) ; Lourenço, M.S.N. (UEMA)

RESUMO: A utilização de formol causa danos ao cabelo, a médio prazo sendo também tóxico e cancerígeno, apesar de tudo isso ele ainda é usado demasiadamente em produtos capilares. Este trabalho teve o intuito de determinar quantitativamente o uso de formol em cosméticos utilizados em salões de beleza na cidade de Viana – MA. O método analítico utilizado foi proposto pela AOAC Internacional e validado por Scarabelot e Michels (2008). Todos os resultados obtidos estão acima do estabelecido pela ANVISA que é 0,2% quando usado como conservante. Desta maneira, as pessoas com intenção de alisar seus cabelos devem procurar informar-se antes sobre os produtos utilizados no salão. Por sua vez, os salões de beleza devem procurar outras técnicas envolvendo produtos menos agressivos.

PALAVRAS CHAVES: Formol; Análise; Cosméticos

INTRODUÇÃO: Insatisfações com o próprio visual leva as pessoas a quererem modificar seus corpos, tudo isso para seguir os padrões de beleza impostos pela sociedade. Isso faz com que muitos homens e mulheres procurem descolorir, pintar e alisar seus cabelos. A escova progressiva, possuindo formol como ingrediente principal é o método mais conhecido. Seu efeito dura de um a quatro meses. Além disso, tem um preço mais acessível no mercado e é fácil de usar. Apesar dos riscos e proibições há uma variedade de produtos vendidos para salões de beleza que contém formaldeído em sua composição. (LORENZINI, 2012). Sendo esta considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma substância cancerígena, e pelo câncer se tratar de uma questão de saúde pública, estudos que auxiliem no esclarecimento do assunto em questão podem ser muito benéficos. Com o intuito de proibir o uso indiscriminado do formaldeído em alisantes capilares foi necessária a emissão da resolução, RDC n° 36/09 que proíbe a venda de formol (formaldeído a 37%) em drogarias, farmácias e supermercados de todo o Brasil e que fixa limites máximos de 0,2% e 5% quando usado, respectivamente, como conservante e endurecedor de unhas. (Resolução RDC Nº 15, de 26 de março de 2013). Apesar deste assunto já ter sido muito citado na mídia, ainda há muitas pessoas que não tem o conhecimento desse problema. É importante ressaltar que os próprios proprietários de salões as vezes não têm conhecimento dessa adição e não sabem distinguir se os produtos contêm ou não formol. Dessa forma, mostra-se necessário avaliar a concentração de formaldeído presente em produtos alisantes capilares nos salões de beleza.

MATERIAL E MÉTODOS: Seguindo como base o trabalho realizado por Galão (GALÃO, 2014), o método empregado para analisar formol em amostras cosméticas foi proposto pela AOAC Internacional e validado por Scarabelot e Michels (2008). Baseia-se num procedimento de titulação usando reagente azul de bromotimol (SOLOMONS, 1983 apud GALÃO, 2014). Seis amostras diferentes de produtos de alisamento foram doadas por seis diferentes salões de beleza localizados na cidade de Viana – Maranhão. Para as análises foram preparadas as seguintes soluções: 1 mol L-1 de hidróxido de sódio (NaOH), 0,5 mol L-1 ácido sulfúrico (H2SO4) e peróxido de hidrogênio a 3% (H2O2). Todas as soluções foram padronizadas previamente às análises. Uma alíquota de 1,5 g de cada amostra foi dissolvida em 25 ml da solução de H2O2 e adicionou-se 25 mL de solução de NaOH. Nesta reação, o H2O2 funciona como catalisador. A mistura foi aquecida em banho de água por 5 min e agitada ocasionalmente. Depois de arrefecer, três gotas de azul de bromotimol foram adicionados à solução. No frasco, formol (formaldeído), convertido em ácido fórmico, reage com o NaOH, deixando um excesso de base, que foi então titulado com H2SO4. Todos os testes foram realizados em triplicata.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Todas as amostras foram doadas por salões de beleza no mês de julho de 2019 nas embalagens originais ou o conteúdo foi depositado em frascos plásticos e mantido em refrigeração até o momento da análise. A análise desenvolvida utilizou a metodologia volumétrica indireta e as reações envolvidas no processo estão apresentadas abaixo: Na equação 1, o metanal (formol), reage com o hidróxido de sódio formando ácido fórmico e metanol. 1. HCOH + NaOH → HCOOH + CH3OH Na equação 2 o ácido fórmico reage com mais hidróxido de sódio formando assim o formatato de sódio. 2. HCOOH +NaOH → HCOONa + H2O Enfim, na equação 3 o ácido sulfúrico reage com o hidróxido de sódio em excesso e há a formação do sal sulfato de sódio. 3. 2 NaOH + H2SO4 → Na2SO4 + H2O Nessa reação, a estequiometria é de 2:1, sendo assim, necessita-se de 2 mols de ácido para neutralizar 1 mol de base. Os volumes gastos de H2SO2 nas titulações foram anotados e em seguida calculou-se os volumes médios, os desvios padrão e a concentração de formol em cada amostra analisada. Os resultados obtidos indicam concentrações de formol muito elevadas. Vale ressaltar que na amostra 6 (Tabela 1), a embalagem possuía além do alisante, um shampoo anexado que é usado juntamente com o alisante. Considerou-se a forma de aplicação desse produto nos cabelos, para a realização da análise do teor de formol, isto é, durante a realização da análise os dois produtos (alisante e shampoo) foram misturados. Ainda assim, a amostra 6 obteve o maior resultado obtido para o teor percentual de formol. A tabela abaixo mostra os resultados obtidos para a concentração de formol em teor percentual e o desvio padrão para cada amostra.

Tabela 1 – Amostras, teor percentual e desvio padrão para cada amostr



CONCLUSÕES: Com os resultados das análises e comparando esses valores obtidos com o que era permitido (0,2%), antes da proibição total em 2009 pela ANVISA, concluiu- se que as concentrações de formol nos produtos de alisamento estão muito elevadas. Visto que o formol é tóxico e causa sérios danos à saúde, sua comercialização está totalmente proibida, mas o produto ainda é vendido. As pessoas com intenção de alisar seus cabelos devem procurar informar-se antes sobre os produtos utilizados no salão. Por sua vez, os salões de beleza devem procurar outras técnicas envolvendo produtos menos agressivos.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Resolução da
Diretoria Colegiada RDC n. 36, de 17 de junho de 2009. Dispõe sobre a proibida a exposição, a venda e a entrega ao consumo de formol ou de formaldeído (solução a 37%) em drogaria, farmácia, supermercado, armazém e empório, loja de conveniência e drugstore. Brasília, 2009.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Resolução da
Diretoria Colegiada RDC n. 15, de 26 de março de 2013. Aprova o regulamento técnico "lista de substâncias de uso cosmético: acetato de chumbo, pirogalol, formaldeído e paraformaldeído" e dá outras providências. Brasília, 2013.

GALÃO, O. F.; SILVA, G. L; PRETE, M. C. Determination of formol in samples of hair-straightening products. Semina: Exact and Technological Sciences, v. 34, n. 2, p. 167-170, 2014.

LORENZINI, S. Efeitos adversos da exposição ao formaldeído em cabeleireiros. [Tese]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pós-Graduação em Ciências Pneumológicas; 2012. 77 p.