Realizado em Tereseina/PI, de 11 a 13 de Setembro de 2019.
ISBN 978-85-85905-26-2
TÍTULO: Avaliação da atividade cicatrizante de extratos etanólicos das folhas e cascas de Ximenia americana L. no reparo tecidual de feridas em camundongos
AUTORES: Carneiro, R.S. (UESPI) ; Canuto, M.R. (UESPI) ; Carvalho, G.F.S. (UESPI) ; Sousa, H.G. (UESPI) ; Ferreira, D.C.L. (UESPI) ; Santos, R.S. (UESPI) ; Filho, A.L.M.M. (UESPI) ; Uchôa, V.T. (UESPI)
RESUMO: A Ximenia americana L. é utilizada na medicina popular como anti-
inflamatório e cicatrizante. Nesta pesquisa, a atividade cicatrizante dos
extratos etanólicos das cascas e folhas de X. americana foi avaliada no
processo de reparo tecidual de lesões cutâneas em camundongos, que foram
divididos em 4 grupos (CN, CP, EC e EF). Os resultados de regressão indicam
que aos 7 dias o grupo EF apresentou o maior valor de redução atingindo 70%.
A avaliação da resistência cutânea indica que os grupos EC e EF atingiram
maiores valores de força máxima de tração nos três períodos de tratamento.
Os achados macroscópicos e os dados de resistência indicam que os extratos
das cascas e folhas de X. americana contribuíram positivamente no processo
de cicatrização de feridas.
PALAVRAS CHAVES: Ximenia americana L.; Cicatrização; Camundongos
INTRODUÇÃO: A cicatrização de feridas de segunda intenção é vista como um processo
dinâmico composto por fases que se sobrepõem entre si, como a homeostasia,
inflamação, fibroplasia e remodelação. Para além das drogas disponíveis no
grande arsenal terapêutico do país, no Brasil, várias alternativas vêm sendo
incluídas no tratamento de feridas, como por exemplo, plantas medicinais e
fitoterápicos (GARROS et al, 2006).
A utilização de plantas com atividades medicinais é um hábito forte e
cultural na população brasileira. Dentre as plantas utilizadas, destaca-se a
Ximenia americana L., conhecida popularmente como ameixa do mato. É um
arbusto espinhoso, pertencente à família Olacaceae, comum em climas
tropicais sendo encontrada na América e África. No Brasil a sua ocorrência
se dá majoritariamente no nordeste do país (BRASILEIRO et al, 2008).
A X. americana vem sendo utilizada na medicina popular como anti-
inflamatória, analgésica, reguladora de perturbações gástricas e
cicatrizante (SOUZA et al, 2014). Essa última atividade vem sendo alvo de
pesquisas científicas e sua explicação está atrelada à presença de taninos
na composição química da planta.
MATERIAL E MÉTODOS: Material vegetal e preparação dos extratos
Esta pesquisa foi realizada no Núcleo Interinstitucional de Estudos e
Geração de Novas Tecnologias - GERATEC e Núcleo de Pesquisa em Biotecnologia
e Biodiversidade – NPBio da Universidade Estadual do Piauí (UESPI). As
folhas e cascas do caule da planta foram coletadas na cidade de Domingos
Mourão- PI. O material coletado foi seco à temperatura ambiente até
desidratação total e pulverizados. Os pós foram extraídos em etanol 95% e os
extratos etanólicos brutos foram obtidos por concentração em evaporador
rotativo à baixa pressão. Para utilização no tratamento dos animais, os
extratos foram incorporados em gel de carbopol na concentração de 5%.
Animais
Foram utilizados 40 camundongos Mus musculus. O protocolo de pesquisa foi
aprovado sob Nº 0202/2018 pela Comissão de Ética no Uso de Animais -
CEUA/UESPI. Os animais foram divididos em 4 grupos: Controle negativo (CN),
Controle Positivo-Sulfato de neomicina (CP), Extrato Casca (EC) e Extrato
Folha (EF). Cinco animais de cada grupo foram submetidos a uma lesão cutânea
circular, induzida cirurgicamente de forma padronizada e obedecendo ao
protocolo estabelecido pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal
(COBEA). Os demais animais foram submetidos a uma lesão longitudinal na
região dorsal que foi posteriormente suturada. Os animais foram tratados por
7, 14 e 21 dias. O processo cicatricial foi avaliado de forma macroscópica,
através da medição da redução da área da ferida. Foi avaliada também a
resistência tensiométrica cicatricial com a ajuda de uma máquina universal
de ensaio mecânico acoplada a um dinamômetro. Os dados foram tratados
estatisticamente através dos testes ANOVA e Tukey, utilizando o nível de
significância p <0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A redução da área de uma lesão é acompanhada pelo movimento centrípeto das
bordas até a reformulação da completude tecidual (JUNQUEIRA & CARNEIRO,
2013). A figura 1 trás os resultados macroscópicos de regressão dos grupos
experimentais nos períodos de 7, 14 e 21 dias de tratamento.
O extrato etanólico da folha de X. americana contribuiu positivamente na
regressão cicatricial dos animais quando avaliado o período de 7 dias,
apresentando valores superiores aos grupos controles. Quando observados os
períodos de 14 e 21 dias, os animais tratados com os
extratos da casca e folha da planta mostraram valores de regressão
inferiores aos grupos controles. Esse fato pode ser explicado pela presença
de taninos. Esses metabólitos secundários, encontrados em estudos
fitoquímicos da espécie, possuem a capacidade de fazer ligações complexas
com proteínas (HASLAM, 1996). A formação de uma cicatriz espessa nos grupos
tratados com a planta pode ter interferido na análise macroscópica,
justificando os maiores valores nas áreas lesadas.
A atividade cicatrizante da X. americana foi avaliada ainda pela análise da
resistência tensiométrica. Os dados estão listados na Figura 2.
Uma substância utilizada na cicatrização deve contribuir com o reparo
tecidual através do aumento da resistência cutânea daquele local (NASCIMENTO
et al, 2015). Os grupos tratados com os extratos das cascas e folhas de X.
americana apresentaram valores maiores e significativos quando comparados
aos grupos controles nos três períodos de tratamento, indicando que a planta
contribui positivamente no fortalecimento cutâneo dos animais.
Figura 1:
Percentual de regressão dos grupos experimentais
tratados por 7, 14 e 21 dias.
Figura 2:
Força máxima de tração dos corpos de prova de
animais tratados por 7, 14 e 21 dias.
CONCLUSÕES: Através das análises macroscópicas e de resistência tensiométrica, observou-se
que os extratos etanólicos das cascas e folhas de X. americana contribuíram de
forma positiva no processo de cicatrização cutânea em camundongos através da
redução da área cicatricial, restabelecimento da completude tecidual e
aumento na força máxima de tração.
AGRADECIMENTOS: À UESPI e CAPES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASILEIRO, M. T.; EGITO, A. A.; LIMA, J. R.; RANDAU, K. P.; PEREIRA, G. C.; NETO, P. J. R. Ximenia americana L.: botânica, química e farmacologia no interesse da tecnologia farmacêutica. Revista Brasileira de Farmácia, nº 89, 164-167, 2008.
GARROS, I. C.; CAMPOS, A. C. L.; TÂMBARA, E M.; TENÓRIO, S.B.; TORRES, O. J. M.; AGULHAM, M. A.; ARAÚJO, A. C. F.; SANTIS-ISOLAN, P. M. B.; OLIVEIRA, R. M.; ARRUDA, E. C. M. Extrato de Passiflora edulis na cicatrização de feridas cutâneas abertas em ratos: estudo morfológico e histológico. Acta Cirúrgica Brasileira. nº 21, 55-65, 2006.
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