Realizado em Tereseina/PI, de 11 a 13 de Setembro de 2019.
ISBN 978-85-85905-26-2
TÍTULO: DETERMINAÇÃO DE ESTRUTURAS ANÁLOGAS DO ANTIBIÓTICO FLORFENICOL EM CARNE DE PEIXE UTILIZANDO EXTRAÇÃO EM FASE SÓLIDA MOLECULARMENTE IMPRESSA (MISPE)
AUTORES: Silva, L.G.P. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO) ; Fernandes, R.M.T. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO)
RESUMO: Intensificaram-se por todo o mundo os sistemas de aquicultura onde muitos
desses cultivos de pescados caracterizam-se por um elevado número de espécies
num determinado volume. Para gestão dos pescados e controle de possíveis
doenças nesses espaços aquáticos são intensamente utilizados os
antimicrobianos florfenicol e seus análogos (cloranfenicol e tianfenicol), que
aplicados por via oral através de rações, apresentam vantagens na atividade
contra bactérias. Para determinar esses antimicrobianos presentes em carne de
peixe evitando contaminação por parte do consumo, procuram-se métodos
analíticos mais precisos, isso pode ser conseguido através dos Polímeros de
Impressão Molecular (MIP´s) junto à técnica de Extração em Fase Sólida (SPE).
PALAVRAS CHAVES: Antimicrobianos; Polímeros ; Impressão Molecular
INTRODUÇÃO: Os antimicrobianos são antibióticos administrados para gestão e saúde do
animal. Percebe-se que devido ao importante papel na aquicultura, cresceu o
uso desses medicamentos na sociedade (CABELLO, 2006; SARMAH et al, 2006).
Estes medicamentos são administrados através de rações podendo resultar na
inserção de antimicrobianos no ambiente pela lixiviação da ração não
consumida, por partículas não absorvidas no estrume ou resíduos de animais
aquáticos (ROBINSON et al, 2007) resultando possivelmente em efeitos
ecológicos adversos. Outro problema derivado dos medicamentos na aquicultura
industrial é a presença de antimicrobianos residuais em produtos
comercializados de peixes e crustáceos. O florfenicol é um desses
antimicrobianos e possui análogos (cloranfenicol e tianfenicol).
Para a determinação dessas substâncias presentes em carne de peixe procuram-
se métodos analíticos mais eficientes, permitindo um ganho de seletividade e
sendo de grande interesse; isto pode ser conseguido através de materiais
conhecidos como Polímeros de Impressão Molecular (MIP, do inglês,
Molecularly Imprinted Polymers) junto à técnica de Extração em Fase Sólida
(SPE) mais seletivas. Este processo recebe o nome de MISPE e essa técnica
consiste em aperfeiçoar as condições de condicionamento e carregamento do
cartucho de SPE empacotado com o MIP; otimizar o solvente utilizado na
lavagem do cartucho, posteriormente eluir a molécula de interesse dos sítios
seletivos presentes no MIP. As vantagens dos MIP´s em relação aos materiais
biológicos incluem facilidade de síntese, baixo custo dos reagentes,
estabilidade por longos períodos, resistência a condições drásticas e
capacidade de reutilização do material após a limpeza (TARLEY et al., 2005;
MAHONY et al., 2005).
MATERIAL E MÉTODOS: O processo geral de síntese de um MIP consistiu na escolha da molécula de
cloranfenicol utilizada como molécula molde (MM), para que ocorresse uma
interação com as moléculas de
monômeros funcionais (MF) por meio de ligações covalentes ou não covalentes.
Adicionou-se um reagente de ligação cruzada etileno glicol dimetacrilato
(EDGMA), que forma uma matriz
polimérica rígida. A reação foi iniciada após a adição de um iniciador
radicalar, o 2,2 azo-bis-iso-butironitrila
(AIBN). Após a polimerização, a molécula molde foi removida da matriz
polimérica
por dissolução ou evaporação (quando são analitos voláteis), revelando
sítios
de ligação (cavidades) que são complementares ao tamanho e forma do
analito, as
quais são capazes de reter seletivamente a molécula molde e/ou substâncias
com
estrutura semelhante a ele presente numa amostra complexa, como uma solução
preparada da carne de peixe. A capacidade
seletiva do polímero foi avaliada em relação a um material não seletivo
chamado de NIP, este serve com método de comprovação de análise e foi
sintetizado da mesma forma que o MIP,
porém
sem a presença da molécula molde, consequentemente, sem sítios
específicos de
ligação. A caracterização química dos polímeros foi feita por microanálise
elementar, infravermelho com transformada de Fourier e ressonância magnética
nuclear. Já as morfológicas foram obtidas através de microscopia de
varredura eletrônica, porosimetria de sorção de nitrogênio e porosimetria de
intrusão de mercúrio.
Todas as condições otimizadas foram ser aplicadas igualmente tanto no
MIP quanto para o
NIP, verificando-se o potencial de seletividade dos polímeros, em adsorver a
substância
florfenicol e seus antimicrobianos quimicamente modificados (cloranfenicol e
tianfenicol).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Como pode ser observado na Tabela 1, não houve grandes diferenças nas
quantidades de cloranfenicol adsorvida pelos diferentes polímeros: MIP-1,
MIP-
2, MIP-3 e MIP-4. Também não houve grande diferença ao mudarmos o solvente
de
reconhecimento.
Desta forma, foi escolhido o polímero sintetizado utilizando
tetrahidrofurano
como solvente porogênico (MIP-3). Em seguida, a adsorção do cloranfenicol
nos
polímeros MIP-3 e NIP-3 foram verificadas variando-se a concentração das
soluções do analito, preparadas em acetonitrila, meio escolhido para o
reconhecimento molecular. As isotermas de adsorção obtidas são mostradas na
Figura 1.
Observando-se as isotermas mostradas na Figura 1, pode-se verificar que
ambas
ainda não atingiram a região de saturação.
Os polímeros impressos tendem a possuir áreas superficiais maiores do que os
polímeros de controle. Porém, como ambos polímeros apresentaram volume de
poro
semelhante, pode-se afirmar que essa maior área superficial se dá pelo fato
do
polímero impresso apresentar um menor diâmetro de poro. Sugerindo assim que
a
molécula molde apresenta uma certa influência no crescimento da partícula
durante a polimerização.
A adsorção do cloranfenicol (figura 1) nos polímeros impresso e não impresso
mostrou-se de
forma similar, não apresentando até o último ponto estudado, uma nítida
preferência da molécula molde pelo polímero impresso. Necessitando que estes
estudos sejam continuados.
Figura 1
Isotermas de adsorção do cloranfenicol pelos
polímeros MIP-3 e NIP-3.
Tabela 1
Quantidade de cloranfenicol (mmol L-1) adsorvida
nos polímeros MIP-1, MIP-2, MIP-3 e MIP-4, usando
como solventes de reconhecimento ACN, DCM e MeOH.
CONCLUSÕES: O polímero não impresso apresentou sítios de ligação considerados não
específicos, que permitiram a adsorção do cloranfenicol. Os polímeros impresso
(lavado, ou seja, sem a molécula molde) e não impresso apresentaram as mesmas
características espectrais (espectroscopia no infravermelho e ressonância
nuclear
magnética no estado sólido).
Os polímeros MIP-3 e NIP-3 foram capazes de sorver a molécula de cloranfenicol
contida em meios com polaridades diversas.
Este método é viável para a determinação e
separação da molécula de florfenicol e seus análogos, mas pode ainda passar
por melhorias.
AGRADECIMENTOS: À Universidade Estadual do Maranhão em parceria com a UNICAMP e Universidade
Federal do Tocantins. À Professora Raquel Fernandes. Ao programa
PIBIC/UEMA.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CABELLO, F.C.; Heavy use of prophylactic antibiotics in aquaculture: a growing problem for human and animal health and for the environment, Environmental Microbiology, 2006, 8, 1137-1144.
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