Realizado em Tereseina/PI, de 11 a 13 de Setembro de 2019.
ISBN 978-85-85905-26-2
TÍTULO: ADSORVENTES PARA REMOÇÃO DE EFLUENTES: PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA BASEADA EM PATENTES
AUTORES: Carneiro, M. (UFPI) ; Silva Filho, E. (UFPI)
RESUMO: Diferentes técnicas para remoção de efluentes têm sido empregadas, sendo a
adsorção um dos processos mais eficientes. Objetivou-se realizar uma
prospecção tecnológica sobre o uso de adsorventes na remoção de efluentes,
com busca de patentes na base de dados do Instituto Nacional de Propriedade
Industrial, a partir de 2000. O levantamento foi realizado em julho de 2019.
Evidenciou-se que a maioria das patentes foi depositada por universidades,
em especial nas Regiões Sudeste e Sul. No que concerne à classificação das
patentes, a maioria refere-se aos grupos C02F (31,4%), que envolve
tratamento de águas residuais ou esgotos. Conclui-se que o uso de
adsorventes para remoção de efluentes é uma área promissora devido ao número
de patentes encontradas.
PALAVRAS CHAVES: Adsorventes; Efluentes; Patentes
INTRODUÇÃO: Uma das consequências do crescimento das atividades industriais é a geração
de grandes quantidades de resíduos de diferentes compostos sintéticos. Nesse
cenário, a considerável contaminação por efluentes emerge como um problema
ambiental urgente e uma séria ameaça à fauna e flora, assim como ao ser
humano (ZHANG et al., 2018).
No contexto específico do Brasil, os efluentes são bastante utilizados nas
indústrias têxteis, sendo considerados de difícil remoção pela indústria
(MARTINS et al., 2011). Apesar do progresso obtido nos métodos de controle
da poluição em vários setores industriais, novas tecnologias precisam ser
desenvolvidas para o tratamento desse e de outros resíduos (PIZATO et al.,
2017).
Diferentes técnicas têm sido empregadas para remoção de efluentes, entre
elas a adsorção mostra-se um dos processos mais eficientes. Inúmeros
materiais também têm sido avaliados como adsorventes. Nesse contexto, os
adsorventes emergem como uma opção devido a sua capacidade de interagir com
substâncias dissolvidas sem se dissolverem (QUEIRÓS 2018).
Apesar de poucos estudos, tem-se comprovado que muitos dos efluentes causam
efeitos em nível bioquímico, com consequências significativas para os seres
humanos e o ecossistema (JUN et al., 2019). A crescente eliminação dos
efluentes emergentes no meio ambiente e os riscos à saúde pública justificam
o desenvolvimento da pesquisa em tela, uma vez que se faz necessário
determinar as tecnologias já existentes que podem ser empregadas no controle
ambiental de contaminantes.
Dessa forma a pesquisa teve como objetivo realizar uma prospecção
tecnológica sobre o uso de adsorventes na remoção de efluentes, com busca de
patentes na base de dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial –
INPI.
MATERIAL E MÉTODOS: Esta pesquisa foi realizada tendo como base os pedidos de patente
depositados no banco de dados do Instituto Nacional de Propriedade
Industrial do Brasil (INPI), publicados e/ou depositados durante o período
de 2000 a 2019. Para realização da busca, as palavras-chave utilizadas
foram: Adsorventes e efluentes, que foram pesquisadas de forma isolada ou
combinada, e a pesquisa foi realizada nos títulos das patentes.
A coleta de dados ocorreu em Julho de 2019. Para análise, foram realizadas
leituras dos resumos das patentes e, quando necessário, a leitura na
íntegra. E, a fim de caracterizar o avanço tecnológico dessas patentes
considerando país e região de depósito, depositante e Classificação
Internacional de Patentes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Identificou-se 619 patentes relacionadas a adsorventes, 894 a efluentes, e
37 para a combinação dos termos adsorventes e efluentes. Somente 35 patentes
foram incluídas, visto que um dos depósitos ocorreu em 1994 e outro não
envolvia adsorventes.
Evidenciou-se que países estrangeiros solicitaram depósitos de patentes no
INPI: Estados Unidos, Portugal e França apresentaram uma patente cada. O
Brasil foi o país que deteve o maior número de solicitações, totalizando 32
patentes. No entanto, constatou-se que existe diferença considerável na
distribuição dos depósitos por regiões do país. As regiões Sudeste (14) e
Sul (13) apresentaram o maior quantitativo, ao passo que a região Nordeste
apresentou apenas cinco registros e as regiões Norte e Centro-oeste não
exibiram depósitos.
Essa discrepância também foi referida no estudo de Mueller e Perucchi (2014)
que identificou uma concentração de produção de depósitos na Região Sudeste,
dados que revelam acentuadas disparidades na capacidade de produzir patentes
entre os estados brasileiros, o que reflete a desigualdade que há em vários
aspectos regionais.
Quanto aos depositantes, destacaram-se Universidades (21), seguidas de
Empresas (10) e Pessoas Físicas (04). Ratificou-se, pois, maior envolvimento
das universidades públicas com o sistema de propriedade intelectual, com
crescimento significativo nas últimas décadas (OLIVEIRA; VELHO, 2009).
Ao consultar a Classificação Internacional de Patentes (CIP) verificou-se
que a maioria (11) refere-se ao grupo C02F, que envolve tratamento de águas
residuais ou esgotos. Notou-se que o interesse dos pesquisadores direciona-
se à busca de adsorventes potencialmente inovadores e de baixo custo
benéficos tanto para o gerenciamento de resíduos como para tratamento de
águas (WANG; LI; POON, 2019).
CONCLUSÕES: Verificou-se que a maioria das patentes envolvendo adsorção em efluentes foi
realizada por universidades. As Regiões Sudeste e Sul apresentaram o maior
quantitativo de patentes, o que demonstra a necessidade de maiores
investimentos nas demais regiões quanto à produção tecnológica. O maior número
de patentes depositadas em relação à classificação internacional relacionou-se
ao tratamento de água ou esgotos. Através dos resultados apresentados, pode-se
afirmar que o uso de adsorventes em efluentes é uma área promissora em
decorrência do expressivo número de patentes encontradas.
AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao Instituto Federal do Piauí – IFPI e à Universidade
Federal do Piauí – UFPI.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: JUN, L. Y. et al. An Overview of Immobilized Enzyme Technologies for Dye, Phaenolic Removal from Wastewater. Accepted Manuscript, v. 7, ed. 2, 2019.
MARTINS, L. M. et al. Aplicação de Fenton, foto-Fenton e UV/H. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 16, n. 3, p. 261-270, 2011.
MUELLER, S. P. M.; PERUCCHI, V. Universidades e a produção de patentes: tópicos de interesse para o estudioso da informação tecnológica. Perspectivas em Ciência da Informação, v.19, n.2, p.15-36, 2014.
OLIVEIRA, R. M.; VELHO, L. M. L. S. Patentes acadêmicas no Brasil: uma análise sobre as universidades públicas paulistas e seus inventores. Parc. Estrat. v. 14, n. 29, p. 173-200. Brasilia-DF. 2009.
PIZATO, E. et al. Caracterização de efluente têxtil e avaliação da capacidade de remoção de cor utilizando o fungo Lasiodiplodia theobromae MMPI. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 22, n. 5, 2017.
QUEIRÓZ, M. V. A. Uso de hidrogéis compósitos à base de acrilamida, acrilato e bentonita para remoção do corante catiônico azul de metileno. 2018. Dissertação (Mestrado em Química) – Programa de Pós-Graduação em Química, Universidade Federal do Ceará.
ZHANG, Y. et al. MoxPy Nanoparticles Supported on Mesh Structural Carbon from Biomass for Rapid Selective Dyes Adsorption. Talanta, 2018.
WANG, Q.; LI, J-S.; POON, C. S. Using incinerated sewage sludge ash as a high-performance adsorbent for lead removal from aqueous solutions: Performances and mechanisms. Chemosphere, 226, 587-596, 2019.