11º Encontro Nacional de Tecnologia Química
Realizado em Tereseina/PI, de 11 a 13 de Setembro de 2019.
ISBN 978-85-85905-26-2

TÍTULO: CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE FARINHAS DE MILHO E ARROZ COMERCIALIZADAS EM TERESINA - PIAUÍ

AUTORES: Araújo, M.L.L.M. (UFPI) ; Silva, I.F. (UFPI) ; Oliveira, A.F. (UFPI) ; França, A.C.B. (UFPI) ; Dias, (UFPI) ; Santos, L.C.C. (UFPI) ; Nonato, C.M.S. (UFPI) ; Araújo, R.S.R.M. (UFPI)

RESUMO: A farinha é um pó desidratado rico em amido, utilizado na alimentação. O objetivo deste estudo foi analisar a composição centesimal de três marcas diferentes de farinhas de milho e arroz obtidas no comércio da cidade de Teresina. Determinou- se o teor de umidade, cinzas, proteínas, lipídios, carboidratos, valor energético total, IAA e ISA. A farinha de arroz contém entre 6% e 7% de proteínas, mas não forma glúten. É conhecida por sua fácil e rápida digestão no organismo, melhor que o amido de milho. Já a farinha de milho é processada a partir do milho seco que consiste basicamente de amido, é excelente fonte de vitamina A. As farinhas de arroz e de milho analisadas estavam em conformidade ao valor nutricional, com exceção apenas do teor de proteínas que estava abaixo do recomendado.

PALAVRAS CHAVES: Farinha de arroz; Farinha de milho; Composição Centesimal

INTRODUÇÃO: As farinhas são produtos comestíveis de uma ou mais espécies de cereais, leguminosas, frutas, sementes, tubérculos e rizomas por margem e/ou outros processos tecnológicos considerados seguros para produção de alimentos (BRASIL, 2005a). Elas apresentam uma grande aplicabilidade para a indústria de alimentos, principalmente em produtos de panificação, produtos dietéticos e alimentos infantis, por serem rica fonte de amido e sais minerais (CARVALHO, 1979). Nesse sentido, as farinhas de arroz vêm sendo utilizadas para atender necessidades especiais da indústria ou do consumidor (alimentos para bebês, produtos cárneos, formulação de panquecas e etc.). Devido às características peculiares, a farinha de arroz ceroso pode ser útil na produção de molhos congelados. Além disso, é excelente agente de separação de massas de biscoitos refrigerados pela baixa capacidade de absorção de umidade (DEOBALD, 1972). Ademais, a farinha de arroz pode ser incorporada como espessante em produtos doces ou salgados, de cor e aromas variados. Devido à baixa alergenicidade de suas proteínas, ela pode ser utilizada inclusive por pacientes celíacos, que apresentam intolerância ás proteínas do trigo, aveia, centeio e cevada (TORRES et al, 1999). Por sua vez, a farinha de milho é muito utilizada na culinária brasileira em várias formas e o seu sabor é muito bem aceito pelos consumidores. É um produto de baixo custo e amplamente disponível no mercado. É uma rica fonte de carboidrato, contendo ainda um teor de aproximadamente 10% de proteína (ALVIM, 2002). O presente trabalho teve por objetivo analisar a composição centesimal, o índice de absorção de água e o índice de solubilidade em água, de três marcas diferentes de farinhas de milho e arroz comercializadas em Teresina-PI.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram empregadas 6 diferentes marcas de farinhas, sendo 3 de farinha de milho flocada e 3 de farinha de arroz flocada, disponíveis comercialmente na cidade de Teresina. Foram avaliadas 3 marcas (A,B,C), todas em duplicatas. As farinhas trabalhadas foram inicialmente homogeneizadas e, posteriormente amostradas por quarteamento, com a obtenção de aproximadamente 100 g de amostra para as análises. A determinação de umidade foi feita pelo método gravimétrico de secagem em estufa a 105ºC (AOAC, 2005). As cinzas foram pré-carbonizadas com auxílio de um bico de Bunsen, e em seguida incineradas em forno Mufla a 550 ºC (AOAC, 2005). A determinação de lipídios foi feita pelo método de extração à quente com solvente hexano em aparelho extrator intermitente de gorduras, semelhante ao Soxhlet (AOAC, 2005). A determinação de proteínas foi feita pelo método de macro Kjedahl (AOAC, 2005) utilizou-se o fator de conversão do nitrogênio de proteínas 5,75. Os carboidratos foram obtidos por diferença dos demais constituintes (proteínas, lipídios, cinzas e umidade). (AOAC, 2005). Os valores calóricos das farinhas de milho e farinhas de arroz foram estimados utilizando-se os fatores de conversão: 4 kcal/g para proteínas, 4 kcal/g para carboidratos e 9 kcal/g para lipídios (WATT e MERRYL, 1963). As determinações do IAA e do ISA foram realizadas segundo a metodologia de OKEZIE e BELLO (1998).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na marca A observa-se que a farinha de arroz teve uma porcentagem maior de umidade que a farinha de milho, havendo diferença significativa. Já nas marcas B e C a farinha de arroz teve uma porcentagem menor de umidade que a farinha de milho também havendo diferença significativa. Ao comparar com as amostras analisadas de farinha de arroz e milho A, B e C, percebe-se que o teor de cinzas está maior em todas. Já na marca B a farinha de arroz teve uma porcentagem de lipídios equivalente com a farinha de milho, não havendo diferença significativa. Na marca A observa-se que a farinha de arroz teve uma porcentagem menor de proteínas que a farinha de milho, havendo diferença significativa nas duas marcas. Na marca B a farinha de arroz teve uma porcentagem de proteínas maior que a farinha de milho, não havendo diferença significativa. E já na marca C, por sua vez, a farinha de arroz também apresentou uma porcentagem de proteína maior que a farinha de milho, também com diferença significativa. Na marca C, por sua vez, a farinha de arroz também apresentou uma porcentagem de carboidratos maior que a farinha de milho, havendo diferença significativa. Nas amostras analisadas, observa-se que na marca A, o valor do VET obtido na farinha flocada de milho foi maior do que o obtido no arroz. Já na marca B e na marca C não houve diferença significativa entre a farinha de arroz e a farinha de milho (Tabela 1). Observa-se que os resultados do IAA das farinhas de arroz (Tabela 2) apresentaram diferenças significativas, apesar de pequenas, em relação às farinhas de milho (Tabela 3) das três marcas. O IAA da farinha de arroz da marca C apresentou valor médio de 2,58% enquanto que na farinha de milho apresentou 3,36%, o maior resultado obtido para as diferentes marcas.

TABELA 1 ARROZ E MILHO

Composição centesimal e Valor Energético Total (VET) de três marcas de flocos de farinha de arroz e milho, Teresina-Pi, 2018.

TABELA 2 E 3

Índice de Absorção em Água (IAA) e Índice de Solubilidade em Água (ISA) entre as marcas no flocão de arroz e milho

CONCLUSÕES: Concluiu-se que a para análise das diferentes amostras de farinha de arroz, a amostra A obteve o maior teor de umidade e cinzas, a amostra B obteve o maior teor de lipídios, proteínas e VET, e a C apresentou o maior teor de carboidratos. Em relação a análise das farinhas de milho, notou-se que a amostra A apresentou os maiores teores de cinzas, proteínas, carboidratos e VET, e a C apresentou um maior teor de umidade e de lipídios. Na análise do IAA, na farinha de arroz, a amostra A apresentou um maior valor.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALVIM, I.; SGARBIERI, V.; CHANG, Y. Desenvolvimento de farinhas mistas extrusadas à base de farinha de milho, derivados de levedura e caseína. Ciências e Tecnologia dos Alimentos,2002.

ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official Methods of Analysis of the Association of Official Analytical Chemists. 18ª ed., v.2. Arlington: A.O.A.C. 2005.
BRASIL, Resolução – RDC n° 263 de 22 de setembro de 2005ª. Regulamento técnico para produtos de cereais, amidos, farinhas e farelos. Diário Oficial da república Federativa do Brasil, Seção1, p. 238-9, 2005.
DEOBALD, H. Rice flours. In: HOUSTON, D.F. (Ed.). Rice: chemistry and technology. Saint Paul: American Association of Cereal Chemistry (AACC), p. 264-269. 1972
OKEZIE, B.; BELLO, A. Physicochemical and functional properties of winged bean flour and isolate compared with soy isolate. Journal of Food Science, Chicago, v.53, ed. 2, p. 450-454. 1988.

SANTANA, G.; OLIVEIRA FILHO, J.; EGEA, M. Características tecnológicas de farinhas vegetais comerciais. Revista de Agricultura Neotropical, v. 4, n. 2, p. 88-95, 2017.
SILVA, P. et al. Caracterização de farinhas de tapioca produzidas no estado do Pará. Revista Ciência Rural, v. 43, n. 1, p. 185-191, 2013..
Tabela brasileira de composição de alimentos - TACO. 4. ed. revisada e ampliada, UNICAMP/NEPA, p. 161, 2011. Disponível em: <http://www.unicamp.br/nepa/taco/tabela. php?ativo=tabela>. Acesso em: 19 jun. 2019.

WATT, B.; MERRILL, A. Composition of Foods: raw, processed, prepared. Washington DC: Consumer and Food Economics Research, (Agriculture Handbook, 8). 1963.